segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

VOCES CARMELI OU VOZES DO CARMO, UMA RECORDAÇÃO PARA A VIDA


Já alguma vos aconteceu sentirem um vazio, um espaço no mundo ocupado por vós que deixou de existir, saberem que algo pelo qual nutriam simpatia terminou? Pois foi isso que me aconteceu ontem ao tomar conhecimento que o grupo Vozes do Carmo, ontem, terminou.
            Não fui um assíduo interveniente na sua história. Mas as poucas vezes em que tive a oportunidade de dar o meu contributo em actuações, fi-lo com toda a entrega, e senti-me muito feliz, porque o ambiente nos ensaios tinha algo de especial, a Igreja do Carmo em Aveiro.
            Muito embora o grupo tenha sido fundado em 1990 pelo Frei Rui, uma excelente pessoa, com o nome de Vocces Carmeli, só em 1998 os comecei a acompanhar. Em 2000 vencemos o festival diocesano da canção, em Recardães, perante uma plateia de 1500 pessoas, o que continua a ser para mim um grande momento.
            Ainda como Vocces Carmeli participei no espectáculo do 15º aniversário, em 2005.
            Regressaria em 2013 até 2015, indo então encontrar o mesmo grupo, mas com outro nome: Vozes do Carmo. Foram três anos de actuações intensas e muito bem conseguidas, recordando com especial sabor a inesperada ovação em pé, que recebemos da plateia do Teatro Aveirense, na actuação da noite de 25 de Outubro de 2014, culminando a minha prestação no grupo, curiosamente, talvez por artes do destino, com a minha participação no espectáculo da comemoração do seu 25º aniversário, também no Teatro Aveirense.
            Mais um grupo de Aveiro de que fiz parte e que terminou.
            Por quanto de vós trouxe no peito, obrigado Vocces Carmeli/Vozes do Carmo!

domingo, 20 de janeiro de 2019

NOTAS AMADORAS DE UMA HISTÓRIA QUE TAMBÉM É MINHA- 1185- MORRE D. AFONSO HENRIQUES- VIVA D. SANCHO I


Após D. Afonso Henriques se ter visto reconhecido como rei, pelo papa Alexandre III, em 1179, curiosamente, como que enraivecidos por esse facto, os mouros endureceram a sua acção na Península Ibérica, inclusivamente em território já português que havia já sido conquistado pelo fundador da nacionalidade, D. Afonso Henriques, atacando, entre 1179 e 1181 as praças de Abrantes, Coruche, Évora e Lisboa, sendo sempre rechaçados. Por outro lado os Almóadas avançaram até à linha do Tejo, territórios ainda mal consolidados por parte do domínio português. O Emir de Marrocos, Yusuf I, atravessou o estreito de Gibraltar com as suas tropas, em Maio de 1184, vindo apoiar no ataque às linhas fronteiriças do Tejo, chegando a cercar Santarém, que, no entanto, não caiu nas mãos dos invasores. À frente das tropas portuguesas encontrava-se agora o infante D. Sancho, dada a idade avançada do seu pai D. Afonso Henriques.
            O fundador da nacionalidade, D. Afonso Henriques, faleceria no ano seguinte, a 6 de Dezembro de 1185, sucedendo-lhe no trono o seu filho, o infante D. Sancho, como D. Sancho I, tendo sido aclamado rei três dias depois em Coimbra.
            D. Afonso Henriques foi sepultado na Igreja de Santa Cruz, em Coimbra, na altura capital do reino, onde ainda se encontram os seus restos mortais, lugar de culto para todo o português. Pelo menos para os portugueses que sentem orgulho na sua história!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

TEMPO DAS FORCAS SE RIREM DE SATISFAÇÃO


...O meu pai e eu, perante aquela revelação, abrimos os olhos de espanto.
- Diz vossemecê que quem matou os dois infelizes foi o filho do Conde de Cértima, o senhor Pedro Corga? – perguntei eu.
- That’s right – respondeu o inglês.
- Vossemecê não tem as aduelas bem apertadas, home – dizia o meu pai, quase escandalizado – atão o filho do senhor conde, um militar, ia-se lá pôr agora a matar gente do povo, gente que serve o pai dele?!
- Mas foi ele e nobody else. Depois foi ao ribeiro, lavou a espada e a faca. Mas quando estava a lavar a faca, ela caiu das mãos dele, pois yo oivi um metal a cair nas pedras. Ele fartou-se de a procurar, mas no a encontrou. Deu uns pontapés nas pedras, foi-se embora furioso e voltou a entrar na little church. Yo estava pregado ao chão, quase no respirava. E algum tempo after saiu com a farda toda vestida, foi buscar o cavalo que tinha atrás da little church e foi-se embora. Yo inda esperar um bocado sem me mexer. Quando senti que tudo estava em silence, levantei-me. A luz inda alumiava um pouco. Fui ver os dois corpos, o do Lúcio e da Adélia. Era blood por todo o lado. Fugi dali very quiqkly.
         Eu fixava o inglês, que por seu turno enchia mais um copo de vinho. Eu estava abismado e perplexo. E disse:
- Mas porque razão me veio vossemecê contar isso, a mim, que sou médico? Porque não foi ter com o regedor?
- Com justiça no gosto de falar. Lembro de coisas passadas. Tive medo de me meter em troubles. Alembrei-me então do doctor, que é boa pessoa. Yo ter de contar isto a someone.
- E agora? O que quer vossemecê fazer? – perguntei eu.
- O que há-de ele querer?! Cala-se muito bem calado. O regedor que descubra o matador, que é esse o seu ofício – interveio o meu pai – e vossemecê, Zé Corno, ou lá como se chama, não se meta em trabalhos acusando da matança o filho do conde ou ainda vai parar ao patíbulo. Olhe no que lhe eu digo! E mais a mais os tempos que correm em que as forcas se riem de sastifação. Os pequenos não podem botar da boca p’ra fora coisas desse tamanho, que achincalham a nobreza. Olhe no que lhe eu digo. Eu não oivi nada, nem tu Joaquim.
- Eu sei, meu pai. Isto é muito grave. E ainda por cima sem provas. Somente existe o testemunho deste homem – dizia eu.
- Mas quais provas? Nem com provas, nem sem provas. Tu ficas calado. Oiça cá – dizia o meu pai dirigindo-se ao inglês – p’ra que veio vossemecê desinquietar quem estava sossegado?
- Se yo no fala, rebento – exclamou o Jack Horn...(em continuação, ex. XXIX)

in Alma de Liberal