sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

UM PUNHAL COMPROMETEDOR


...Pois tivesse falado p’rós montes, p’rós pinheiros. Talvez alguma alma danada o oivisse e espalhasse a notícia pelo povaréu. Agora vir aqui com este paleio. Ele há cada uma – dizia o meu pai, furioso.
- Deixe estar o homem, meu pai. Coitado, já bem basta o que viu.
- E tu acaso sabes se o que ele diz é verdade?
- Yo no minto, sêor. Yo no ir dizer uma coisa destas se no ser verdade! – e nesse momento o inglês levou a mão direita ao interior do casaco, de onde tirou um punhal e colocou-o em cima da mesa. Era uma bela arma, com um punho em madrepérola. O punho era ainda feito de uma madeira muito polida, que se ligava à lâmina. E nessa base de madeira havia sido gravada a fogo a palavra «corga».
- O doctor há-de dizer se yo ter money p’ra ter uma faca destas; e o my name não é esse que aí está. Thank you doctor por ter oivido o que yo tinha p’ra dizer. Cá me vou e mais leve com minha conscença.
         E o inglês foi-se embora, internando-se no negrume da noite, deixando aquele punhal assassino em cima da mesa...(em continuação, ex. XXX)

in Alma de Liberal

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