sexta-feira, 19 de agosto de 2016

DÓRIS NA TERRA NOVA, TRADIÇÃO PORTUGUESA DE HERÓIS

Ontem fiz uma deliciosa e simultaneamente reflexiva viagem no tempo. Mediante extraordinárias fotografias expostas, foi-me possível entrar no porto de abrigo de St. John’s, no Canadá, na Terra-Nova, sentir a calmaria do frio ambiente, ouvir o som da brisa que afagava os navios brancos, observar o descanso daqueles rostos cansados mas heróicos, que formavam as tripulações dos navios.
Sim, entrei no já longínquo e desgraçadamente desaparecido mundo da faina do bacalhau. Fui visitar o Museu Marítimo de Ílhavo, que bem merecia ser chamado de «Museu Nacional do Bacalhau», pois que tão forte é a tradição do bacalhau na cultura portuguesa.
Tive a oportunidade de conhecer, por dentro, a estrutura de um bacalhoeiro da Terra-Nova. E tive o ensejo de ver as fotografias de alguns: o Creoula, de Lisboa, o Vila do Conde, de Vila do Conde, o José Alberto, da Figueira da Foz, o Dom Denis, de Aveiro, o Rainha Santa, de Aveiro, o Santa Maria Manuela, de Aveiro. Ver o espaço exíguo que os homens tinham para descansar das longas horas de faina árdua, foi algo que muito me enriqueceu. Senti o quanto tenho sido beneficiado na vida. Grandes homens que edificaram uma cultura e tradição algumas vezes secular, que quase de forma criminosa foi abolida da nossa forma de vida.
O Museu Marítimo de Ílhavo, cidade de onde foram oriundos todos os capitães desses  lendários barcos pesqueiros, preserva a memória dessa cultura e desses intrépidos pescadores, que nos pequenos botes chamados «dóris», eram arreados dos bacalhoeiros, e sozinhos se distanciavam dos pequenos navios, nas perigosas águas da Terra-Nova, para irem lançar os anzóis e regressarem aos navios com os botes carregados de bacalhau.

Éramos uma nação de valentes!

Sem comentários: