sexta-feira, 30 de novembro de 2018

SEMENTES DE DÚVIDA EM MASSIFTONRÁ

S

...Propositadamente não mencionara o Sumo-Sacerdote estrangeiro, protegido de Amon-Rá, que andava fugido ao ódio do faraó. Esse era o ponto fraco do deus supremo. Que delicia iria ser, quando tivesse em seu poder esse estrangeiro.
No seio dos deuses reinava a estupefacção.
-         Mas o que é que se passa, que forças deixei eu de controlar?- perguntava Amon-Rá.
-         É natural que Seth pense sentir em ti fraqueza- disse o deus ancião Áton- com a liberdade de movimentos que ele vê no faraó...
-         Mas o faraó não é um humano qualquer. Nas mãos dele está o destino material do Egipto. É sensato desacreditá-lo aos olhos dos homens?
-         E será sensato os homens sentirem fraqueza em ti?- perguntou o deus chacal Anúbis.
-         O poder de Amon-Rá é de tal forma grande, que nunca corre o risco de cair em descrédito- disse o deus supremo- se não ataco o faraó directamente, posso fazê-lo rodeando-o, minando a sua influência, sem que disso o comum dos homens se aperceba, mas, ficando essa fraqueza bem perceptível ao faraó, de imediato compreenderá a minha mensagem. Mas não me preocupo com isso porque não sou louco. Tenho a perfeita noção de que uma sacerdotisa não vale a preocupação de um deus. Tenho de ser superior a isso tudo. Muito mais me preocupa a integridade física de Masahemba; e julgo que o faraó tem vontade de o sequestrar. Essa sim, essa é uma questão pessoal, à qual não permitirei ataques.
-         Seth não mencionou o nome de Masahemba, mas estou convencida de que sabe da sua existência e dos seus problemas- disse a deusa Ísis.
-         Ainda bem que me alertas para esse pormenor. O sifto encarregado de contactar Masahemba que parta imediatamente, e leve o meu Sumo-Sacerdote para a casa do abençoado artesão.
-         E em relação ao resto?- perguntou o deus ancião.
-         Ao resto? Que resto? A que te referes?- perguntou Amon-Rá.
-         Ao meio pelo qual foi possível a Seth introduzir-se em MassiftonRá- respondeu Áton.
-         É verdade, já me passava. O que seria de mim sem os vossos conselhos e observações?!- retorquiu Amon-Rá sorrindo...(em continuação, ex. XXXII)

in A Causa de MassiftonRá

terça-feira, 20 de novembro de 2018

XXV JANELA SOBRE O MEU PAÍS- MISTICISMO PORTUGUÊS


Iberos, Celtiberos, Romanos, Visigodos e Reconquista Cristã, um caldeirão de culturas e lendas que é a Península Ibérica e Portugal. Na profundidade de Trás-os-Montes, escondida por penhascos, se revela a existência de um Portugal místico.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

NO GIRO 4

...Sou de Viseu. Por isso durante muitos anos prestei serviço na cidade de Aveiro e foi assim que tive a oportunidade de conhecer a história e a vida do Serôdio.
Naquele seu primeiro Domingo de serviço em Aveiro, patrulhando o giro quatro, que era composto pelas ruas de S. Sebastião, Mário Sacramento e Avenida Araújo e Silva, refugiado em si próprio, escapando assim à solidão das ruas desertas, Serôdio teve a oportunidade de recordar os seus primeiros três anos de vida policial.
Fazia um balanço desastroso; o serviço que tinha de executar até que tinha aliciantes, levando em conta que se tratava do bem estar dos cidadãos. Mas sob as ordens de tais homens, e tendo como logística a miséria que se via, ele perdia todo o incentivo. Corria riscos, perdia noites, era mal remunerado e nem uma palavra simpática recebia em troca. Era este então o tal «espirito de missão»: dar muito e em troca quase nada receber! Como escape para tanta frustração deveria insurgir-se contra os seus colegas «do antigamente»? Era evidente que não. Isso seria um enorme disparate...(em continuação, ex. XXXIX)

in Filhos Pobres da Revolta

Março/2003