domingo, 20 de dezembro de 2020

ESTE NATAL TÃO DIFERENTE DAS NOSSAS VIDAS


 

Neste ano tão difícil e tão diferente das nossas vidas, unindo o mundo inteiro na luta contra um mesmo inimigo, desejo que a humanidade consiga, sempre na sua incomensurável capacidade de ultrapassar dificuldades, fazer com que este natal, dentro das anormalidades, venha a ser, acima de tudo, um natal feito de saúde, paz e amor. Para aquela humanidade mais chegada a mim, os meus amigos, vocês, votos para que o bacalhau, o polvo, o perú, o bolo rei e as velhoses vos encontrem com muita saúde e muita alegria, com um sorriso largo do pai natal.

Um grande abraço.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

EÇA DE QUEIRÓS NO PANTEÃO NACIONAL. FINALMENTE!


 

Até que enfim. Hoje foi anunciado na televisão, por um governante, que os restos mortais do Eça de Queirós irão ser transladados para o Panteão Nacional. Tinha de ser num governo PS. Aleluia!

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

AO FINAL DA TARDE SAUDAÇÕES DA BRIOSA, A MINHA ACADÉMICA



 

Como sou uma pessoa do mais comum e vulgar que existe, sem grandes artifícios, muito distante de situações rebuscadas e cheias de artificialidades, coisas simples podem muito bem sensibilizar-me. E sensibilizam! Por essa razão, nestas páginas escritas às janelas da minha vida, já aqui o disse uma vez, não se encontrarão recordações de gente famosa nem de situações ligadas ao Olimpo, já que o meu mundo decorreu e continua a decorrer sempre no seio de gente gloriosa, sim, mas uma glória ganha a vencer as bravas batalhas da vida. No seio do povo!

No final daquele dia 14 de Dezembro de 1990, depois de ter terminado o meu turno de serviço, tive uma imensa alegria. Ao entrar no agora meu carro, o velhinho Peugeot 304 GN-85-39, de que já aqui falei algumas vezes, que tinha deixado estacionado junto à Estação dos Correios, na Praça Marquês de Pombal, reparei que no chão do carro se encontrava um postal com a imagem de um estudante de capa e batina, portanto um estudante de Coimbra, já que tudo o resto são imitações, tal como os desfiles estudantis. Em Coimbra diz-se que «a Queima é em Coimbra, o resto são fitas.  

Intrigado, voltei o postal ao contrário, e nele estava escrita uma dedicatória que dizia que ao dono daquele carro davam saudações coimbrãs e académicas. E porquê? Deixara o vidro do carro ligeiramente aberto, e de certeza que um grupo de estudantes de Coimbra passou por ali, como andam por Aveiro muitos, felizmente, e ao ver a flâmula da Académica no carro, um bonito emblema, decidiram deixar-me aquele enorme abraço, devidamente assinado com três nomes: Eduardo Rebelo, João Martins e Luís Miguel Santos. Mas que maravilha. Fui para casa com vontade de chorar. A minha querida Coimbra bateu-me em cheio no peito naquele momento.

Hoje, passados que são vinte e sete anos sobre aquele dia e aquela hora de final de tarde, aos estudantes que escreveram e assinaram aquelas belas palavras, hoje em dia por certo doutores a viverem e a trabalharem num qualquer recanto deste nosso querido país, daqui envio o meu forte abraço e o meu reconhecimento por aquele momento muito feliz que me fizeram viver, quando, ao passar por um Peugeot 304 branco, estacionado junto aos Correios em Aveiro, deixaram escrita uma memória para todo o sempre, que se mantém guardada, num muito simbólico postal. Obrigado caros doutores!

in Prosas Pelas Janelas da Vida

livro III

 

 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

NA ALTA DE COIMBRA


 

Fui às minhas mais profundas raízes, a Alta de Coimbra, onde nasci. Percorrendo os lugares ternos da minha juventude, a Rua de Sub-Ripas e as escadas do Quebra-Costas, onde os encantos despontam de cada pedra da velha calçada que há muito por ali não me via, sou guiado por acordes de guitarra, que me fazem estremecer o coração, e me enchem os olhos de água. Era o fado de Coimbra que por mim chamava!

sábado, 25 de julho de 2020

XXXI JANELA SOBRE O MEU PAÍS- NO JARDIM DA SEREIA, MEMÓRIAS COIMBRÃS


Coimbra tem locais que são verdadeiras fontes de tradição. Infelizmente para mim existem dois que muito pouco posso falar sobre eles, porque nunca se proporcionou na minha vida que os frequentasse com regularidade, porque não existiu razão para que o fizesse. Falo do enorme «Penedo da Saudade», onde a paixão explode, onde se cantam antigos amores de estudantes, e do Choupal, essa floresta mágica, banhada pelo Mondego, perdição de tricanas, estudantes e futricas.
E depois havia, e continua a haver, o Jardim da Sereia.
O Jardim da Sereia, localizado logo acima da imprescindível Praça da República, situa-se logo abaixo da enorme escadaria pela qual se chegava ao Liceu D. João III, hoje José Falcão. A escadaria actualmente é a mesma, o liceu também, somente com a diferença de que agora assumiu a designação de «escola secundária». Coisa estranha!
E porque o Jardim da Sereia fica muito perto do liceu, foram muitas e muitas as vezes que para lá me dirigi, depois das aulas, eu e muitos dos meus colegas. E não íamos para o jardim com o intuito de passear. É que no Jardim da Sereia existia um campo pelado de futebol, para onde íamos dar uns toques na bola, quando o mesmo campo se encontrava disponível- o Campo de Santa Cruz. Era neste campo que os juvenis da Académica treinavam. E foi neste campo que eu cheguei a envergar o belo equipamento negro da Académica, com o maravilhoso emblema da Briosa ao peito. Tentei a minha sorte como juvenil da Académica. Mas faltava-me envergadura física, para mais tendo o treinador considerado que eu tinha características de médio, um lugar muito exigente fisicamente. A explosão física que se operou no meu organismo ainda não tinha chegado. Por isso, nessa altura eu media 1.56 m de altura, um três reis de gente. Como poderia eu impor-me como médio, sendo o futebol uma modalidade de contacto? O meu pai ainda me chegou a ir ver num treino, estávamos em 1972. Ter envergado o equipamento da Briosa é para mim um momento de extrema importância simbólica, pois enverguei a cidade de Coimbra, vesti a minha essência.
O Jardim da Sereia e o Campo de Santa Cruz são, para mim, dois pontos fortes da minha vivência coimbrã.
in Prosas Pelas Janelas da Vida
livro I


domingo, 28 de junho de 2020

SÚBDITO DE MARSAHPTO


...Para minha estupefacção a entrevista decorreu num apartamento de um prédio normal. Quando esperamos por um escritório numa empresa, ao darmo-nos com um cenário doméstico, fica-se com um pé atrás. E tinha razão. Mas segui. Esperava-me um apartamento mergulhado em penumbra, com um enorme corredor, onde, a meio, numa parede se encontrava pendurado um quadro muito bem iluminado (era a única iluminação existente no corredor) que representava uma batalha, com soldados a cavalo, de capacete na cabeça, e outros com turbantes, em pleno deserto. Ao centro via-se um rei a ser trespassado por uma lança. Fez-me lembrar a batalha de Alcácer-Quibir. Mas que mau gosto, pensei. No entanto tudo fazia parte da estratégia.
         Aguardei uns minutos sentado numa cadeira colocada em frente ao quadro, até que fui chamado.
Aguardavam-me dois personagens: o que me fez a entrevista, e um tipo com ar sinistro sentado a seu lado, que nunca proferiu qualquer palavra, de tez bastante escura que apenas me observava.
O teor da entrevista centrou-se sobre o que Portugal representava para mim, e depois a tentativa (bem sucedida) de desmontar tudo o que de bom eu dissera sobre o meu país. Eu comecei a sentir-me leve e um pouco tonto, e já não tinha tanta certeza de me sentir bem com a minha Portugalidade.
Disse-me que o emprego para o qual eu me candidatava era muito bom, que iria ganhar quatro ou cinco vezes mais do que o que ganhava como alugador de carros…caso fosse aceite. E só pelo trabalho de ter ido à entrevista pôs-me nas mãos uma nota de cem euros.
Escusado será dizer que achei tudo aquilo muito estranho, mas como a oferta era muitíssimo apelativa (muito embora eu ainda não soubesse o que ia fazer), e aquela nota de cem euros dava-me garantias de coisas boas, ansiava imenso que me voltassem a ligar.
E ligaram! Foi desta forma que eu entrei para a organização denominada «O Protectorado». Aquele tipo sinistro que estava sentado ao lado do entrevistador era um «mentalizador», uma entre muitas armas secretas daquela organização, que tinham o poder mental de nos entrarem na mente e nos induzir no que quisessem. E o que eles queriam era fazer com que os portugueses deixassem de o ser, e passassem a ser o que eles queriam que os portugueses fossem: apenas súbditos do Protectorado, súbditos de Marsahpto, o verdadeiro nome da organização, oriunda de todo o Norte de África...(em continuação, ex. III)
in SOMBRAS DA ETERNIDADE e trovas troykianas

quarta-feira, 10 de junho de 2020

NO DIA DE PORTUGAL UM ABRAÇO A TI, MEU QUERIDO PORTUGUÊS, EM LONDRES


No mesmo ano em que Portugal perdeu a sua independência (dando-se início à dinastia filipina), faleceu Luís Vaz de Camões, a 10 de Junho de 1580. É, pois, ao lembrar a memória do nosso maior poeta que comemoramos a alma lusitana.
A data de 10 de Junho foi escolhida como o dia ideal para se cantar Portugal e os portugueses. É pois neste Dez de Junho que eu, como orgulhoso português que sou, envio um enorme abraço a todos os portugueses como eu, com o peito cheio de amor patriótico por vós, realçando todos os meus concidadãos que, espalhados pelos cinco continentes, em cada canto deste nosso planeta dão a conhecer a alma lusitana, labutando com o coração a latejar de saudade, ansiando pelo próximo momento em que voltarão a pisar solo português.
VIVA PORTUGAL!

sábado, 6 de junho de 2020

A CORAGEM DOS PESCADORES DOS LUGRES QUE OS LEVOU À DISTANTE E GÉLIDA TERRA NOVA


...Não é por acaso que nós, portugueses, uma nação tão antiga, dona de um vasto império a nível global, não passamos hoje de um cantito ao fundo da Europa plantado. Nós, que nos Descobrimentos tornámos o mundo maior, onde temos em Portugal um símbolo que recorde ao mundo esse feito? A Torre de Belém e nada mais. E mesmo que o nosso país tivesse em cada capital de distrito um monumento que recordasse a coragem dos nossos marinheiros, que serviria isso se no íntimo da maioria dos portugueses Descobrimentos é coisa velha, sem interesse, coisa de que não vale a pena ter orgulho!? Os governos são os primeiros a dar esse triste exemplo. Quando a história de todo um povo, a esse mesmo povo nada mais provoca do que tédio, isso pode ser perigoso. Quando um governo tem a ousadia de eliminar um feriado, que há trezentos e setenta e três anos comemorava a Restauração da nossa Independência, no 1º de Dezembro, isso é demonstrativo da frágil ambição em apostar no nosso desenvolvimento, porque quem não reconhece o bom do seu passado, apenas saberá planear um futuro medíocre, pois nunca compreendeu a sua verdadeira essência.
         A coragem dos pescadores dos lugres que os levou a aventurarem-se pelos oceanos fora, em frágeis veleiros de quatro mastros, até à distante e gélida Terra Nova, no Canadá, em busca do bacalhau, esse fiél amigo que durante muitas e muitas gerações foi um verdadeiro tesouro nacional, foi herdada, directamente, dos bravos marinheiros, intrépidos navegadores, que a bordo de embarcações com a mesma capacidade de resistência dos lugres, pelos oceanos então desconhecidos, abatendo temerosos e perigosos adamastores em cada esquina do mundo, desbravaram o desconhecido e enriqueceram o conhecimento geográfico do planeta.
         Mas se até esses foram esquecidos, queria agora o meu pai que o português actual desse valor a essa faina maior que foi a pesca do bacalhau à linha.
         E sacudido pelas lágrimas inesperadas do meu pai, resolvi então (pedindo às musas que me guiem na forma de exprimir o meu pensamento), escrever umas linhas que falem desse tempo duro em que o meu pai era um jovem, onde obrigatoriamente se recorde um pouco dessa vida difícil e sem glória, que foi a pesca do bacalhau à linha, onde o meu pai, Carlos Feliciano da Benta, foi um entre milhares de protagonistas. (em continuação, ex. IV)


in Nas Arestas da Terra e do Mar

segunda-feira, 25 de maio de 2020

1640, UM LIVRO, A REABILITAÇÃO DE UM POVO, A NOSSA INDEPENDÊNCIA RECUPERADA


Acabei de ler o romance da nossa extraordinária escritora Deana Barroqueiro, intitulado 1640. Para quem esteja minimamente atento, é claro que o título imediatamente nos diz qual a temática do romance: pois claro, fala-nos sobre o nosso grandioso 1º de Dezembro de 1640.

            Concebido na base de quatro perspectivas, de outros tantos protagonistas, a autora apresenta-nos não só um Portugal revolucionário, a necessitar urgentemente de justiça social e política, mas também nos disseca um país e um reino pós-revolucionário, de cofres vazios, a lutar contra a nefasta influência da poderosa Espanha numa Europa que, em espectativa, tende em não acreditar na libertação de Portugal das amarras castelhanas.

            A autora viaja, profundamente, até ao Brasil e à floresta amazónica, apresentando-nos o perfil de bons e maus portugueses, os primeiros que trabalham por servir a coroa honesta, pacifica e honradamente, enquanto os segundos, apenas valendo-se da coroa para benefício próprio, através dos seus instintos maleficamente colonialistas exercem uma exploração assassina dos índios da amazónia. Nesta fase vamos encontrar o grande Padre António Vieira, na juventude, iniciando a sua acção como missionário entre os índios, exibindo já os seus dotes de pensador e oratória.

            Pela mão da autora viajamos também ao mundo escondido dos conventos, onde os costumes daquela época «depositaram» muitas senhoras sem qualquer aptidão de votos, fazendo surgir, pela sua argúcia e malícia, uma espécie diferente de homens: os «freiráticos», um termo que aprendi neste livro. Uma inesperada visão sobre a vida conventual do séc. XVII que a autora nos apresenta.

            Somos depois confrontados com a execrável acção da Holanda, que aproveitando-se da fraqueza política em que Portugal se encontrava, após o 1º de Dezembro, tudo tentou para nos subtrair o Brasil, tendo-se confrontado com a tenaz vontade e querer do homem lusitano.

            Neste romance surge-nos toda a enorme vida, desse grande homem, esse grande português que foi o Padre António Vieira. Caminhando pelas muitas páginas, vamos tomando conta do quanto António Vieira lutou pela justiça para com os índios do Brasil, o quanto lutou para contrariar a política holandesa, de toda a sua capacidade diplomática ao serviço de D. João IV, e por fim de nos revelar toda a perfídia e aberração da Santa Inquisição, o pavoroso Santo Ofício e os horrorosos Autos de Fé.

É uma viagem ao passado, aos anos que imediatamente se seguiram a um dos momentos mais altos e importantes da nossa história, que foi o 1º de Dezembro de 1640.

           

sábado, 16 de maio de 2020

RECORDANDO OS MÁRTIRES DA LIBERDADE DE AVEIRO





Comemora-se hoje em Aveiro o 192º aniversário sobre o dia 16 de Maio de 1828, dia em que o povo aveirense veio para as ruas gritar «vivas» a D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil) e à sua filha Infanta D. Maria, e «morras» a D. Miguel. Ficou conhecida como a revolta dos cabeças cortadas, que teve por cabecilha o ex-membro da Câmara de Deputados Joaquim José de Queirós, dissolvida por D. Miguel, em Março de 1828. Foi este movimento, apoiado pelo Batalhão de Caçadores Dez de Aveiro, o primeiro grito de revolta, em Portugal, contra o regime absolutista de D. Miguel e da mãe, a rainha Carlota Joaquina, que Portugal haveria de ver debelado apenas seis anos depois, em 1834, após a guerra civil que ensanguentou Portugal entre 1832 e 1834. Sete dos cabecilhas da revolta (nos quais não se encontrava Joaquim José de Queirós), foram presos e enforcados em 1829, na Praça Nova no Porto. As suas cabeças foram decepadas e enviadas para Aveiro, onde estiveram em exposição pelas ruas da então já cidade. Encontram-se sepultadas sob um monumento aos mártires da Liberdade, no cemitério central.

Joaquim José de Queirós, mais tarde Conselheiro Queirós, veio a ser avô paterno do nosso grande Eça de Queirós.

terça-feira, 5 de maio de 2020

DIA MUNDIAL DA LINGUA PORTUGUESA


5 de Maio de 2020

1º DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA

DIA PARA HOMENAGEAR OS HERÓIS PORTUGUESES DOS DESCOBRIMENTOS, QUE PELO MUNDO ESPALHARAM O PORTUGUÊS, ASSIM COMO AGRADECER A TODOS QUANTOS, POR INTERMÉDIO DO SEU TRABALHO, LANÇAM SEMENTES À TERRA QUE FARÃO NASCER AMOR E ORGULHO PELA NOSSA EXPRESSÃO FALADA E ESCRITA.



Ainda na área do português tive um outro professor a quem devo o gosto pela escrita. Nunca o poderia esquecer nestas minhas memórias. Trata-se do excelente professor Margarido, metodólogo, que além de ser um poço de conhecimentos linguísticos, sabia-os ensinar de forma completamente entusiástica. Dar os Lusíadas com o professor Margarido, foi como assistir a sessões de cinema. E isso porque, além do empolgamento que transmitia às palavras, também já tinha estado na maioria dos locais, no Oriente, que Luís de Camões descreve na sua obra imortal. Depois foi o Professor Margarido que me empurrou para o caminho da escrita. No 5º ano liceal decidiu o professor Margarido, metodólogo como era, de dar um único tema para todo o liceu, naquele 5º ano, para que fosse feita uma redacção. Essa redacção foi redigida por duas ou três centenas de alunos…e a minha foi a melhor. Isso criou em mim um orgulho enorme, e uma vontade louca de me pôr a escrever.

E daí nasceu o que eu posso considerar o meu primeiro livro- «O Primeiro Amor da Adolescência». Escrevi-o em três meses, com catorze anos. Foram três meses vividos com imenso entusiasmo, enquanto a trama se ia avolumando. Um pequeno livro, de 80 páginas, de onde saiu o protagonista- o Gonçalo- que durante todos estes anos me tem acompanhado para todo o lado, e que tem explicado pormenores da minha vida a muitas e muitas outras personagens que, entretanto, se lhe juntaram.

Obrigado Professor Margarido.

In Prosas Pelas Janelas da Vida

quinta-feira, 23 de abril de 2020

QUANDO NASCE UM LIVRO


Hoje, dia mundial do livro, fui fazer uma visita àqueles momentos deliciosamente solitários, onde mundos fantásticos emergem para o mundo de cada um de nós, para o nosso gáudio, trazendo consigo personagens de índoles boas e más, delícias de quem, com elas, comunga daqueles momentos. Momentos que dão origem aos nossos valiosíssimos livros.

            A quem nos revela mundos escondidos e extraordinários, os escritores, um grande abraço!

domingo, 19 de abril de 2020

AGRICULTURA EM PORTUGAL: O RECONHECIMENTO DO DESENCONTRO

Porque neste tempo de pandemia tomámos verdadeira consciência do quanto a agricultura é importante para todos nós, aqui começo a publicar crónicas de quem sabe da matéria, e que fez o favor de me dispensar os seus textos para aqui os publicar. Obrigado João!


«Nestas últimas semanas tem sido um sério desafio falar de algo que esta pandemia não tenha afectado de forma séria, ou que esta pandemia não nos faça reflectir sobre. Uma delas é certamente a agricultura. No meio das nossas séries de Netflix, os resultados do nosso clube, as viagens que fazemos para qualquer parte deste planeta, a agricultura é (e sempre será?) a filha pobre da nossa sociedade.

É tão básica, dada como adquirida e invisível como o ar que respiramos. E como em tudo na nossa vida, como em tudo na nossa mente, só a sua falta ou dificuldade ao seu acesso é que nos lembra que afinal ela não é nada básica, não é nada invisível e nem pouco mais ou menos é um dado adquirido. E ela não se importa com isso.

Não pede reconhecimento, não luta pelo reconhecimento da sua importância, não faz conferências de imprensa sobre as injustiças de que é alvo. E então mais ainda se torna invisível.

Não é fácil encontrar uma indústria que não sobe os seus preços quando a sua procura aumenta, e a sua oferta tem dificuldade em aumentar. E impossível mesmo é encontrar uma indústria onde esta pressão faz quebrar o produtor, em vez de o enriquecer. Quando sai um telemóvel topo de gama que tem as melhores funcionalidades do mercado, e que por alguma razão antropologicamente justificável faz aumentar o status quo de quem o adquire, o seu fabricante apenas produz uma quantidade limitada destes produtos, o seu valor dispara, o status quo que ele oferece dispara também e os seus clientes, salivando e com os seus olhos raiados de sangue, fazem acampamentos à porta dos revendedores para o adquirirem 30 segundos depois do seu lançamento, custe o que custar, mesmo que nos meses vindouros esses clientes não se alimentem devidamente. Já quando a procura de um produto agrícola aumenta (por causa de um qualquer açambarcamento assustador) ou a sua oferta diminui (por um período de seca prolongado, uma praga, um aumento pornográfico dos preços dos combustíveis), quem sofre as consequências é por norma o produtor. É ele que tem que encontrar soluções técnicas, atalhos financeiros, prescindir muitas vezes da totalidade da sua margem de lucro e tantas vezes não ter tempo para dormir, de modo a que os contratos com as grandes superfícies sejam cumpridos, os seus clientes tenham alimentos frescos nos seus frigoríficos e a sobrevivência da sua família seja garantida, ainda que sem evolução na sua qualidade de vida. Ora… lá se foi o aspecto supostamente “básico” pela janela fora. O negócio agrícola tem todos os riscos de qualquer outro negócio, mais todos os outros riscos: riscos económicos e financeiros, mas também riscos climatéricos, biológicos, genéticos, entre tantos outros.

E quando o produtor não tem capacidade de fazer frente ao problema que põe em risco o fornecimento dos seus produtos a todos nós, é aí que ela, a agricultura, deixa de ser dada como adquirida. Quanto mais debilitada é a agricultura numa região, país ou continente, mais frágil e incapaz de responder a situações de emergência ela se torna. Terei oportunidade de em próximas oportunidades ir mais a fundo nesta temática, mas vejamos a quantidade de pessoas que neste momento têm dificuldade em adquirir alimentos, por dificuldades de locomoção, por dificuldades financeiras, por impedimento devido a este estado de emergência, e a quantidade de produtores que pelas mesmas razões e por razões crónicas têm dificuldade em escoar os seus produtos. Simplesmente não faz sentido. E por regra, são os consumidores com menor capacidade financeira, e os produtores com menor capacidade financeira, que têm maiores dificuldades, o que nos diz que este é um problema do sistema, da forma como as relações comerciais estão estabelecidas.

Bem sei que estamos inseridos num paradigma de mercado único, mas como o nome indica, o mercado tem de ser único, e, portanto, todos terão de estar incluídos. Assim como se vão criando formas originais de ajudar as pessoas mais fragilizadas neste momento de tão grande dificuldade a nível do consumo de bens de primeira necessidade, também se deveriam criar, não subsídios, não injecções de capital, mas vectores prioritários de escoamento de produtos nacionais que estão, neste momento em que estás a ler esta crónica, a criar situações tão angustiantes para produtores com os seus armazéns, arcas frigoríficas ou estábulos cheios, como a angústia de tantos portugueses terem neste momento o frigorífico vazio.

Não é mais importante cumprir as directrizes europeias sobre o mercado de produtos agrícolas, do que é tratar todos os cidadãos portugueses como iguais, sejam eles consumidores, ou sejam eles produtores agrícolas, sendo a esmagadora maioria dos mesmos que passam sérias dificuldades, dos poucos agentes económicos do interior do país que fixa pessoas, que atrai pessoas, ainda que cada vez mais este interior esteja… do avesso.»

João Miguel Fareleira Simão Gomes

quarta-feira, 15 de abril de 2020

NA VIDA UM EFÉMERO MOMENTO COM O FERNANDO PESSA


A 15 de Abril de 1902 nasceu em Aveiro o excelente jornalista português Fernando Pessa, que nas suas reportagens popularizou a expressão: «e esta hein?»

            Na minha vida apenas uma vez o vi ao vivo e foi num desfile militar, em Mafra, numa manhã nublada de Maio de 1978, quando um batalhão da EPI formado em frente ao Convento aguardava pela chegada de individualidades. Eu encontrava-me à frente da fanfarra, mais ou menos na direcção do café D. João V, com o bombo pendurado nos meus ombros, e com a fanfarra, a banda, os estandartes e as companhias formadas à minha esquerda, quando de repente, por trás de mim, surgiu o jornalista Fernando Pessa, que vendo-nos numa posição descontraída, me veio perguntar se eu sabia se as individualidades ainda demorariam muito. Eu respondi-lhe que não sabia. Ele sorriu-me e agradeceu-me. E neste efémero momento da minha vida, e em particular da minha vida militar, guardei para sempre o encontro com um dos maiores jornalistas portugueses de todos os tempos, possuindo eu ao peito a nobre divisa AD UNUM.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

CRÓNICA DOS DIAS PARADOS


Ao iniciar-se este ano de 2020, no Ocidente, muito longe estava eu de imaginar que, logo a seguir, Ocidente e Oriente iriam ver cair as barreiras  geográficas e culturais, para todos no mesmo momento enfrentarem globalmente um mesmo inimigo. Essa realidade, que estava apenas a meio mês de distância, se ma tivessem colocado, teria pensado que essa mesma hipótese apenas existia na mente de um lunático, de um alienado, a não ser que o mundo viesse a ser alvo de um ataque alienígena.

            A natureza é uma colossal potência!

            Comecei este ano de 2020 a acompanhar atentamente as notícias que nos chegavam da Austrália, as quais já acompanhava pelos telejornais desde Setembro de 2019. No início deste ano o que de diferente nos chegou, além das imagens terríveis daqueles incêndios dantescos (fruto também das alterações climáticas), que consumiam as vastidões australianas, foi a notícia do número de mortos. Nas televisões a Austrália abria os telejornais.

            No dia 3 de Janeiro fui surpreendido com a notícia do ataque dos Estados Unidos ao Irão, em território iraquiano, um ataque cirúrgico, pois teve por alvo apenas a morte do general iraniano Qasem Soleimani, considerado um perigosíssimo terrorista pelos Estados Unidos, que então se encontrava em Bagdade, ataque que foi bem sucedido. Perante esta notícia fiquei bastante apreensivo, pois que pressentia que o Irão iria retaliar, e isso acontecendo, poderia dar origem a uma escalada grave de conflito. Aconteceu apenas um esboço disso já que não houve tempo para mais.

No dia 5 de Janeiro segui pela televisão, com imenso regozijo, os preparativos de partida do nosso Navio Escola Sagres numa viagem de circum-navegação, fazendo o mesmo trajecto que o nosso navegador Fernão de Magalhães fez há 500 anos, tendo por objectivo final encontrar-se na capital japonesa- Tóquio, aquando da realização dos jogos olímpicos deste ano, preparativos que tiveram por momento maior uma cerimónia presidida pelo nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que proferiu um discurso patrioticamente emocionado.

E enquanto estas questões de alto nível aconteciam, e captavam a minha atenção, outras de muito menor monta também tinham lugar nas notícias e também sensibilizavam o meu sentido crítico, como a daquela condutora de Viana do Castelo, que em 6 de Janeiro, após ter provocado um acidente de viação, acusou uma TAS de 3,5g/l no sangue, ou no dia 9 de Janeiro a notícia da morte na cadeia de alta segurança de Monsanto do marroquino do Estado Islâmico que, há dois anos, através da internet, num apartamento de um prédio localizado no Bairro do Liceu, onde resido, recrutava operacionais para o Estado Islâmico, tendo sido preso em Paris, ou ainda a notícia do dia 17 de Janeiro, em que se informava que uma mulher, durante uma sessão de poder parental, num tribunal de menores português, atacou a juíza ao murro e ao pontapé…até que  chegou aquela notícia, no dia 21 de Janeiro, em que se dizia que no mercado de uma cidade chinesa, Whuan, um vírus de gripe desconhecido, proveniente de morcegos, começara a infectar humanos, estando a provocar uma epidemia na cidade.

Pois, com toda a espécie de bicharada que comem por lá, pensei eu, é natural que aconteçam destas coisas. Como diria o falecido António Feio, só comem mosquedo. Mas a epidemia começou a crescer e eu comecei a perder a vontade de fazer humor com a questão.

Depois aconteceu naquele dia, em finais de Janeiro, que uma chinesa de Whuan veio a uma reunião de trabalho à Alemanha. E na reunião infectou dois homens, que se tornaram dos primeiros infectados do tal vírus da gripe da China, o coronavírus COVID 19, na Europa. E aí a epidemia alastrou-se para a Europa e rapidamente para todo o mundo, crescendo de epidemia para pandemia.

E as notícias da Austrália e da morte do general iraniano dissolveram-se no caldo do COVID 19, e o nosso Navio Escola Sagres interrompeu a sua viagem de circum-navegação e deu meia-volta, de regresso a Portugal, pois nenhum porto do mundo o receberia, por um lado, e por outro porque o Japão se viu na necessidade de adiar os jogos olímpicos para o próximo ano.

E o vírus começou a apertar o cerco, paralisando o mundo, semeando o medo… e matando, com forte incidência em Espanha e Itália, e nós fomos obrigados a confinarmo-nos nas nossas casas, observando, ao longe, pela televisão, o mundo parado e vazio, enquanto pelas nossas janelas observávamos nas nossas ruas o mesmíssimo cenário.

Os dias, entretanto, têm-se arrastado devagar, numa vivência doméstica, tendo por agitação apenas e só as imagens e notícias que as televisões nos têm oferecido.

Nestes dias parados tomei consciência de que as preocupações que mais me afectam, as relacionadas com a acção deste vírus, me põem ao mesmo nível daquele ser humano que eu julgava que vivia num outro planeta que não o meu, tal era a diferença de vida entre nós. Mas afinal cheguei à conclusão de que esses, imensamente ilustres e famosos, são tão humanos como eu, no fundo tão vulneráveis aos ataques da natureza como eu, partilhando comigo, neste preciso momento,  os mesmos receios. Por estes dias o mundo ficou bem mais pequeno.

Olhando pela minha janela, em que, muito calmamente, observo as deliciosas árvores da minha rua, agora mergulhada em silêncio, vejo e ouço as rolas e os melros poisados nos seus ramos, desfrutando do conforto e segurança que aquelas árvores lhes oferecem, e penso o excelente que seria a humanidade aproveitar esta forte e abrupta desaceleração da actividade quotidiana, para reflectir, ao ver a poluição mundial a cair a pique, e pensar em aproveitar essa «calçadeira» para ressurgir com uma nova filosofia de vida, de forma a ajudar o planeta a recuperar de todas as nefastas agressões ambientais, reaprendendo assim a apreciar o canto de rolas e melros nas árvores das nossas ruas, no fundo amando genuinamente a natureza, que por estes dias tem andado zangada connosco.




domingo, 5 de abril de 2020

O MISTICISMO DE PORTUGAL NESTA QUARENTENA


Neste período de quarentena a que todos estamos civicamente obrigados a viver, aproveitei para ler um livro que há muito estava nos meus horizontes. E em boa hora o fiz. E a todos os que saibam reconhecer na história do nosso pequeno país valor e coragem, aconselho a leitura deste livro, nesta altura de recolhimento. Aqui fica um pequeníssimo excerto do livro, intitulado: História Mística de Portugal, da autoria do historiador Pedro Silva.



«O facto de todos nos conhecerem como país de brandos costumes parece indiciar que, por mais estranho que pareça, este seja um local onde o Amor, enquanto sentimento verdadeiro, livre de fenómenos físicos e fraterno, reside em toda a sua amplitude.

Se mais fosse necessário, bastaria atentar em dois pormenores cruciais: em primeiro lugar, conseguimos, no seio da tristeza crónica que se apoderou da nossa alma, consubstanciada no mito do sebastianismo, ainda acreditar que, um dia, Portugal será a mítica nação, capaz de voltar à época áurea que foi seu apanágio nos séculos XV e XVI; em segundo lugar, pertence-nos, e é por nós devidamente acarinhada, a palavra Saudade, tipicamente representativa de um sentimento que não renegamos e que nos coloca como, de forma primícia, capazes de olhar para o nosso passado com carinho e orgulho.

Fomos a nação que, mais longe tendo chegado, mais perto se sentiu de todos aqueles que visitámos, viajando em caravelas visionárias que rasgaram os oceanos com a mesma impetuosidade com que, ainda hoje, os nossos literatos defendem o valor do nosso passado.

Felizmente, em Portugal, a Saudade existe. E, se nos é permitido declarar, temos a grata felicidade de poder, ainda hoje, percorrer os caminhos da História através da visualização dos nossos monumentos, parte integrante do que fomos e do que poderemos vir a ser, desde que inspirados pelo destino.»

In História Mística de Portugal, Pedro Silva

terça-feira, 17 de março de 2020

XXX JANELA SOBRE O MEU PAÍS: COVID 19, ECO NAS RUAS DESERTAS


Estive hoje num cenário que não me foi de todo desconhecido. Apenas houve uma particularidade: é que as imagens similares àquelas em que estive hoje inserido, me foram dadas a conhecer pela ficção, pelo cinema. Mas hoje, estas imagens que pisei com os meus passos, fizeram e continuam a fazer parte da minha, da nossa realidade.

Há já não sei quanto tempo vi um ou dois filmes que mostravam cidades desertas, estabelecimentos comerciais às moscas e a apreensão a desenhar-se nos semblantes das pessoas, pois que a humanidade estava a ser atacada pela ferocidade de uma pandemia viral.

Foi essa apreensão ficcional que hoje se me revelou na realidade. Ruas desertas onde o eco se propaga, espaço demasiado nos hipermercados, revelando o empenho colectivo nas medidas para evitar a disseminação de um inimigo comum, que  ninguém vê, mas que está a fazer colapsar o serviço nos hospitais, esse desconhecido vírus covid 19, que está a fazer do mundo uma imensa aldeia global, onde todos, por muito diferente que sejam as culturas e os hábitos, nos obriga a termos os mesmos comportamentos.

Porque de todo não me agrada esta apreensão e esta tensão, faço votos para que os nossos cientistas e profissionais de saúde bem depressa consigam ter a capacidade de controlar este vírus, que colocou a humanidade aos trambolhões, para que o mais depressa possível estas imagens regressem à ficção.

Óptima saúde para todos!


quinta-feira, 5 de março de 2020

UM MOMENTO NUM CAIS BACALHOEIRO


Há momentos na nossa vida, que por nos terem transmitido uma intensidade emocional inesperada, nos sacodem e nos obrigam a tomar uma atitude, uma qualquer, que de certa forma marque a diferença entre esses momentos especiais e todos os outros, os comuns momentos.

         Desses momentos tão fortes e especiais, houve um, que há dias vivi, que me fez tomar uma atitude que foi a de me sentar à minha secretária e escrever. E aqui estou!

         Chamo-me Maurício da Benta e tenho cinquenta e um anos de idade. De escritor não tenho nada, a não ser uma lapiseira vulgar e folhas de papel. Sou um pequeno comerciante, natural de Ílhavo. E porque nasci nessa terra de marinheiros, muito dificilmente a minha história familiar não estaria ligada à pesca do bacalhau. Sou de Ílhavo, mas a vida levou-me para outras paragens. Continuo junto ao mar, mas desloquei-me mais para sul. O meu pequeno negócio situa-se na bonita praia da Nazaré. E comigo vivem os meus pais. E porque sinto que o meu pai, especialmente, de quando em vez tem necessidade de estar em contacto com a sua região, foi que, por estes dias, num Domingo de Primavera, viemos em passeio à nossa querida região, a de Ílhavo, onde teve lugar esse momento arrebatador.

         Na região de Ílhavo a nossa família resume-se a dois primos afastados. Nunca fomos uma família grande. Por isso o desgaste do tempo depressa eliminou a memória da nossa existência aqui nesta terra. Dadas essas circunstâncias tivemos de almoçar num restaurante desta pequena cidade. Depois do almoço fomos dar uma volta pelos arredores e qualquer coisa me impeliu para o porto de pesca da Gafanha da Nazaré, localidade piscatória mesmo pegada a Ílhavo. Disse ao meu pai que íamos dar um passeio pelo porto de pesca. Imediatamente vi surgir no seu olhar uma luz que o iluminou. Não sei bem que encanto pode trazer à memória a recordação de horas tão amargas. Por certo apenas e só a recordação da força da juventude. Sim, o meu pai foi pescador do bacalhau nos bancos de pesca da Terra Nova, no Canadá. E só mesmo a força da juventude, que o fez superar as tremendas dificuldades da pesca do bacalhau à linha, lhe pode deixar saudades, nunca a brutal vida que levava. Mas a mente humana é profundamente complexa. E mesmo um filho nunca terá possibilidade de compreender alguns recônditos mentais do seu pai. É nesta lógica que me refugio, para encarar aquela luz de encanto que vi no olhar do meu pai, quando lhe disse que íamos dar uma volta pelo porto de pesca.

         Entrei no cais onde logo vislumbrámos dois arrastões da pesca do bacalhau. Mas, mais depressa do que eu, o meu pai apercebeu-se de que no final do cais, bem lá ao longe, estava ancorado um veleiro. E imediatamente me chamou a atenção para isso. Eu olhei e realmente vi quatro mastros, ao longe, a delinearem-se contra o azul da água e do céu. Era um barco que, por entre a imensa ferrugem que escorria em múltiplos fios pela amurada abaixo, se percebia que era branco. Um lugre!- dizia o meu pai como que enfeitiçado.

         Com o carro em andamento fomo-nos aproximando do navio. Quando chegámos junto a ele foi possível divisar o seu nome, escrito na popa- «Bispo do Mar». Parei o carro. O meu pai logo saiu. Atrás dele eu observava-o. Um corpo robusto outrora, como eu ainda dele me recordava, via-o agora com um andar um tanto ou quanto vacilante, a dirigir-se para o navio. Chegado ao pé dele colocou a mão direita em contacto com a velha estrutura, como que se apoiando no seu passado. Aproximei-me do meu pai e vi o que nunca tinha visto: grossas lágrimas corriam-lhe pelo rosto abaixo. Comovi-me e abracei o meu pai. Sim, chorava pela vida pobre e difícil que o país o obrigara a ter, para poder ter algum pão na mesa, já que nada mais tinha para lhe oferecer. Chorava por ver o símbolo dessa vida amargurada abandonado pela memória de todo um povo, a ser lentamente comido pela ferrugem, como algo que nada mais merece a não ser o desprezo…(em continuação, ex. III)

in Pelas Arestas da Terra e do Mar

domingo, 23 de fevereiro de 2020

CORAÇÃO DE UM COIMBRÃO


E com o avançar do verão chegou aquele tão temido dia- 14 de Agosto de 1974, dia em que, com o peito em sobressalto e os olhos marejados de lágrimas, me despedi de toda a Rua Luís de Camões.

As linhas que em Coimbra a minha vida haveria de compor estavam a terminar o seu ciclo. Escrever sobre a minha Coimbra é escrever sobre uma alma portuguesa, um ser-se português no mais romântico que tem a essência lusitana. Corra-se todo o território nacional, percorra-se todo o antigo Império Romano, e decerto que não se encontra nome mais belo do que este- AEMINIUM.

É um privilégio ter-se nascido conimbricense. Coimbra guarda valiosas memórias da história de Portugal.

Na Alta, na minha saudosa Alta, encontra-se a majestosa e muitas vezes secular Sé Velha, de estilo Românico. Nas suas pedras gastas pelo tempo segredei muitos dos meus ideais da juventude. Ainda na Alta, a meio caminho da Baixa, quantas foram as vezes em que passei sob o Arco de Almedina, a primitiva entrada de uma Coimbra ainda mourisca. Descendo a Visconde da Luz, eis-me na Praça 8 de Maio e ali, quantas vezes os meus olhos passearam pela muita antiga, imponente e sublime Igreja de Santa Cruz, onde repousam os restos mortais do fundador da nacionalidade, o nosso primeiro rei D. Afonso Henriques.

Já na Portagem, actualmente sem a passagem dos meus carinhosos eléctricos, que tanta nostalgia me traziam, atravessando a ponte, quantas vezes senti a mística que envolve o Mosteiro de Santa Clara a Velha, que o rio Mondego reclamou como sendo seu. E olhando aquele velho mosteiro submerso pelas águas do Mondego, me vinha à memória a Rainha Santa Isabel e o Milagre das Rosas; e ali bem perto, na Fonte dos Amores, era impossível esquecer o dramático romance de D. Pedro e D. Inês de Castro, Pedro e Inês, eternos amantes. Daquele mesmo local muitas vezes avistei a opulência da Torre da Universidade de Coimbra, fundada por D. Dinis em 1308.

Universidade de Coimbra, só ela é uma história. E quantas histórias não criou, que se disseminaram por este país fora e pelo mundo: o Hilário, o PadZé… e os meus muito queridos e particulares Bruno Rosa da Cunha e Luís Diogo Fareleira Simão Gomes. Histórias que orgulhosamente, todas elas, envergaram capa e batina, se passearam pelo choupal, namoraram tricanas, envolveram-se em disputas ferozes com fútricas, gritaram o A.F.R.A…. e arderam de paixão no Penedo da Saudade.

Da minha Académica, da Festa do Espírito Santo aos Olivais, da Queima das Fitas, de respirar Coimbra, eu tenho saudades.

Das trupes, do Fado Hilário e das Serenatas, eu tenho saudades.

«Coimbra tem mais encanto na hora da despedida». Ser de Coimbra é reter no coração a envolvência misteriosa de um ambiente único, onde o passado intervém no presente.

Só quem já passou por uma hora de despedida a Coimbra, pode efectivamente cantar o seu encanto. Eu posso fazê-lo, muito embora recuse a idéia de alguma vez me ter despedido de Coimbra. Nunca deixei de lá residir, mesmo estando ausente.

E assim este coimbrão, com a alma negra como negra é a capa de estudante, a meio daquele Agosto de 1974, seguindo o Bruno e a mãe, acompanhado pelas irmãs Léninha e Elsie, lá seguiu em direcção ao seu novo destino, à sua nova vida, para uma terra chamada Alfeizerão.

Como se lhe rasgou a alma ao atravessar a Ponte de Santa Clara, sobre o seu querido Mondego…
in Prosas Pelas Janelas da Vida
livro I


domingo, 16 de fevereiro de 2020

UM NOIVO PARA MARIA CLARA...COISAS SEM NEXO, DECERTO


Nos dias que se seguiram à visita do inglês Jack Horn a Malhal de Sula, andei pela região, exercendo a minha actividade clínica e ao mesmo tempo conversando com as pessoas sobre o que acontecera no Luso, nas terras do Conde de Cértima. Eu sabia que se algo corresse pela boca do povo, é porque alguma verdade havia no que corria. E de duas coisas eu fiquei ciente: não corriam boatos sobre o nome do assassino, embora tivesse ouvido muitas conjecturas, nenhuma que incluísse o nome de Pedro Corga, o que queria dizer que o inglês se mantinha calado, o que não facilitava nada a minha tarefa; e não corria que o regedor tivesse ainda movido uma palha, no propósito de tentar descobrir alguma pista que o levasse à identidade do assassino.

         O meu instinto não permitia que eu fosse a casa de D. Rodrigo Corga, mas ele era meu doente e eu tinha de continuar o meu trabalho.

         Lá fiz o meu domicílio.

         O Conde de Cértima recebeu-me sem grande entusiasmo. Depois de eu lhe ter aplicado uma nova porção do unguento contra o reumatismo, D. Rodrigo Corga disse-me:

- Senhor doutor, penso que por via deste meu mal não precisará o senhor de voltar cá a casa. Já me sinto bem. As suas mezinhas são boas. Resta-me fazer contas consigo e sempre que seja necessário lá o chamarei.

- Como Vossa Excelência entender. E desde já os meus agradecimentos pela confiança que Vossa Excelência demonstra pelos meus serviços.

- Está certo, está certo – disse o conde – espero que tão depressa não o tenha de chamar, até porque agora mal calharia já que estou próximo de arranjar casamento à minha filha. Finalmente! Já vai com trinta anos de idade.

- A senhora D. Maria Clara vai-se casar? – perguntei eu, com um sorriso que a mim próprio me pareceu muito desmaiado.

- Se Deus o permitir, será com o Visconde de Sá. É uma casa distinta de Aveiro.

- Folgo em saber essa notícia – voltei eu a falar, sentindo que as cordas vocais se me tolhiam.

         Depois o Conde de Cértima pagou o preço das minhas consultas. E quando me preparava para sair, perguntei-lhe:

- Excelência, notícias sobre o nome do matador, não há nenhuma?

- Não, senhor doutor. Que quer? Se o descobridor pouco sabe do seu ofício, pouco ou nada se descobre. E no fundo, aos mortos tanto se lhes dá que se descubra como não. Debaixo da terra ninguém os tira.

- Mas, Excelência, anda um criminoso a monte!

- Vá dizer isso ao regedor. Ainda aqui não pôs os pés e já lá vão não sei quantos dias.

- E como está o senhor Francisco Carvalho?

- Como há-de estar?! Lá lhe dei uns cruzados para tornar mais pequena a dor e o animar, que tanoeiro como ele não há outro por aqui.

         Achei o conde com muita falta de piedade, contrariamente ao que tinha presenciado no dia em que os mortos haviam sido encontrados. Suscitou-me aquela atitude algumas dúvidas, coisas sem nexo, decerto…(em continuação, ex. XXXII)
in Alma de Liberal

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

O CASO DA MOFINA MENDES


Poucos meses antes de se ter dado o 25 de Abril de 1974, a minha turma, no Liceu D. João III em Coimbra, viveu um episódio complicado, porventura o mais complicado de toda a minha vida estudantil. Eram então uma novidade as aulas de substituição, coisa mesmo muito recente. Aconteceu então que numa inesquecível aula de ginástica o professor não compareceu. Perante a ausência do mestre, e contrariamente ao que era habitual, fomos mandados para a sala de aula e aguardar pela vinda de um outro professor, que de alguma forma iria ocupar o espaço deixado vago pelo colega faltoso. E saiu-nos na rifa uma professora de história, muito nova. Acresce dizer que a nossa turma, daquele 5º ano, era formada por alguns alunos repetentes, como tal, já com uma idade mais avançada do que a maioria. A dita professora entrou, e talvez por ver que na turma existiam alunos espigadotes, assumiu uma postura prepotente. E começou a dar uma aula de história, que era a sua especialidade. Nós, que éramos uma turma barulhenta sim, mas respeitadora, como convinha naquele liceu, perante a prepotência da professora, principalmente porque era tão novinha, não aceitámos aquela postura, e começámos a entrar no campo do gozo, nas respostas às perguntas que ela nos ia fazendo sobre história. E ela, a pouco e pouco, foi perdendo o controle da turma. Até que chegou aquele momento. O 25, do fundo da turma, que tinha a alcunha de «Paizinho», porque era o mais velho, dezoito anos de idade, pediu à professora para mudar de lugar já que a chuva que caía estava a molhá-lo, pois que perto de si existia uma janela com um vidro partido. A professora negou-lhe a pretensão, com a justificação de que quando ele fosse para a tropa iria levar muita chuva em cima e não se iria queixar. Acontece que na turma existiam dois irmãos, os Póvoas, a quem tinha falecido recentemente um irmão no ultramar. Ao ouvir a justificação da professora, o Póvoas mais velho, deu um salto na carteira, levantou-se, e berrando, perguntou à professora o que é que ela percebia de tropa, para logo de seguida se virar para o Paizinho e lhe ordenar que mudasse de lugar, o que ele imediatamente fez. A partir desse momento a professora de história emudeceu, sentou-se atrás da secretária e aguardou que os cinquenta minutos se esgotassem, enquanto a turma se comportava de uma forma perfeitamente indisciplinada, aos gritos e enviando bolas de papel uns aos outros. Quando tocou para a saída a professora de história levantou-se e disse-nos, em tom de ameaça, que decerto nós supúnhamos o que é que ela iria fazer seguidamente. E fez! A queixa seguiu para o Conselho Directivo e daí para o Reitor. E o reitor levantou um processo disciplinar à turma. Todos nós fomos ouvidos, e incrivelmente, tivemos os nossos professores por nós. Mas mesmo assim a turma foi punida com oito dias de suspensão. Metade da turma seria punida numa semana e a outra metade na semana seguinte. E assim se fez. No entanto esta punição disciplinar não teve quaisquer repercussões nas nossas notas. Por essa época tínhamos acabado de dar, em português, Gil Vicente. E um dos seus autos falava de uma Mofina Mendes (a desgraçada). Pois foi com esse nome que baptizámos aquela estranha professora de história, que por ironia do destino dava história à turma ao lado da nossa. Por isso, depois de termos cumprido a punição, quando estávamos a aguardar a chegada do professor para uma aula, e víamos ao fundo do corredor surgir a professora de história da turma ao lado, o que a tinha descoberto gritava:

- Malta, vem lá a Mofina Mendes.

E todos nos íamos encostar à parede do corredor, entre a porta da nossa sala e a porta da sala da turma ao lado, em sentido (caso o nosso professor ainda não tivesse chegado). E essa rotina mantivemo-la até ao final do ano lectivo, que foi mais ou menos até ao 25 de Abril de 1974. Estava-me eu a despedir de Coimbra.
in Prosas Pelas Janelas da Vida
livro I

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

DILEMA ENTRE O RISCO E A VERDADE


Eu não podia acreditar no que aquele mensageiro de má nova dissera. Por momentos quedei-me a olhar para o local por onde aquela figura desaparecera.

- Ninguém liga ao que este Zé Corno diz – disse o meu pai, vendo-me tão calado.

- Vossemecê tinha razão.

- Eu? Em quê?

- Quando disse que naquelas mortes haviam vacas encoiradas. E muito mais encoiradas são elas do que se poderia pensar.

- Pois tu acreditaste no que o maluco disse?

- Meu pai, o que ele disse bate certo com a forma como os corpos estavam. O homem estava morto ao pé da porta da capela e a mulher estava mais à frente. E este punhal é uma prova importante.

- Esse punhal vai p’ró fogo já – disse o meu pai.

- Desculpe meu pai, mas isso eu não posso permitir – disse eu, agarrando no punhal.

- Tu queres-te pôr a perder, Joaquim?

- Não, meu pai, não quero. Mas neste reino ainda tem de haver decência moral. Vossemecê tem razão quando diz que os tempos não estão para festas. Eu tenho consciência disso; mas também sei que a vida humana é valiosa. Se assim se não pensasse não estaria o reino preocupado em fazer médicos. Eu não sou nobre, mas sou médico. E aos médicos é-lhes dado o direito de protestar quando vidas humanas são ceifadas. É esse direito que eu vou pôr em prática.

- E esse punhal? Que vais fazer dele?

- Este punhal é, provavelmente, uma prova daquele crime. Cabe ao regedor avaliar se ele é mesmo uma prova.

- Queres dizer que vais entregar esse punhal ao regedor?!

- Vou reflectir muito sobre isso. O meu pai sente perfeitamente que este crime não pode passar assim sem que nada se faça. O inglês contou-me o que viu porque se achou pequeno demais para chegar à justiça e denunciar um fidalgo. O meu pai sabe-o tão bem quanto eu.

- Pois sei. Eu não sou doido! Mas também sei que, embora os nobres andem à turra e à massa uns com os outros, isso não quer dizer que acatem de boa mente um plebeu a acusar um deles de ser matador. Não atires a tua profissão p’rá estrumeira por causa de quem morreu que a ti não te é nada.

- Meu pai, não vamos estar com mais delongas sobre isto. Eu compreendo o que sente. Esteja descansado que nem o meu nome será manchado, nem a minha profissão será atirada à estrumeira.

- Mas p’ró que havia de dar ao estupor do Zé Corno vir p’ra aqui com estas denúncias. Já é o bastante para me tirar o sono, é o que é- dizia o meu pai, afastando-se. 
O meu pai era um homem extraordinário. Genuinamente do povo, soube interpretar muito bem todos os regulamentos sociais do seu tempo. Tinha consciência de qual era o seu lugar nessa sociedade. Por isso foi um homem extremamente cauteloso. Sabia que embora o povo aspirasse o liberalismo, não fora o povo que criara esse novo conceito que prometia mais justiça social. O meu pai queria viver numa sociedade mais justa, mas não acreditava que fosse possível impor-se aos nobres o liberalismo, obrigando-os a perder regalias em favor da plebe. O meu pai estava pronto a dar a vida pelo liberalismo, desde que tivesse garantias de que o povo, realmente, iria receber benefícios por isso.

         E por não lhe ter dado ouvidos, eu quase vi a minha profissão a ser atirada para a estrumeira…(em continuação, ex. XXXI)
in Alma de Liberal

domingo, 19 de janeiro de 2020

NOTAS AMADORAS DE UMA HISTÓRIA QUE TAMBÉM É MINHA- 1195- SANTO ANTÓNIO DE LISBOA


Reinava D. Sancho I havia dez anos quando, num ambiente continuamente escaldante de recuperação de território perdido, por parte dos cristãos portucalenses, que em 1195 nasceu em Lisboa um menino a quem deram o nome de Fernando de Bulhões, que se veio a revelar um dos santos mais populares da igreja católica: Santo António.

            Filho de mercadores, cedo se começou a revelar como um jovem extremamente inteligente e aberto ao conhecimento. Tendo por vocação o amor ao culto a Cristo, entrou no Convento de S. Vicente de Fora em Lisboa, tendo, posteriormente, por força da sua premente necessidade em aprofundar os seus conhecimentos teológicos, dado entrada no Convento de Santa Cruz de Coimbra, conhecimentos esses que lhe iriam granjear enorme fama.

            Chegado o ano de 1220, com vinte e cinco anos de idade, Fernando de Bulhões tornou-se franciscano, tendo de seguida ido para a cidade italiana de Pádua. Revelando todo o seu potencial intelectual, veio a ser nomeado mestre em teologia por Bolonha.

            Fernando de Bulhões faleceu a 13 de Junho de 1231, com apenas 35 anos de idade, que bastaram para ganhar o direito à canonização, que aconteceu no ano seguinte, a 30 de Maio de 1232, através do Papa Gregório IX, passando então a ser conhecido como Santo António de Lisboa e de Pádua.

            Santo António é padroeiro de Lisboa, dos pobres, mulheres grávidas e casais, razão pela qual a Câmara Municipal de Lisboa resolveu, em homenagem a Santo António, criar o evento «noivas de Santo António», cuja primeira edição teve lugar em 1958, em que no dia anterior ao do aniversário da morte do santo, 13 de Junho, e feriado municipal em Lisboa, se realizam vários casamentos patrocinados pela edilidade lisboeta, em honra ao seu santo padroeiro, tradição que se mantém até hoje.

            O túmulo de Santo António encontra-se na cidade de Pádua- Itália.

            É Santo António de Lisboa quem, todos os anos, abre as festividades dos Santos Populares no mês de Junho, uma festividade tão cheia do que é português: caldo verde, broa, sardinha assada e cheiro a manjerico.

            Santo António, um grande santo que a reconquista cristã portuguesa ofereceu à cristandade actual, passados que são oito séculos.