Na minha infância, Natal que se prezasse tinha de ter o
ritual de se ir, ao pinhal, apanhar musgo para o presépio. As primeiras
alegrias desta época fabulosa, começavam com a humidade gelada do musgo a
espalhar-se pelos dedos, e as narinas a impregnarem-se com aquele odor frio e
intenso da relva do musgo humedecida pelo orvalho.
Depois, em casa, era a alegria infantil de ver o presépio
tomar forma, com os seus actores a tomarem os seus respectivos lugares no
território de musgo.
Venerava o Menino Jesus, o S. José e a Virgem Maria, a vaca,
o burro, e todos os pastores e pastoras, acompanhados dos seus rebanhos, que se
chegavam à gruta de papelão amarrotado, a adorarem o Menino, tal como eu fazia.
Mas depois alguém abriu a porta do Natal ao Pai Natal, e pela
porta aberta o Menino Jesus foi-se embora e o presépio foi murchando. Hoje em
dia, dos presépios nas nossas casas existem umas tristes amostras, remetidas
para planos inferiores pelas exuberantes árvores de natal.
Mas o Natal continua a ser intenso.
A todos os que têm a simpatia de visitar este futrica e o seu
Mondego, votos de um Natal muito feliz, feito essencialmente de afectos.
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