...Barreto Raposo era um experimentado e astuto comerciante de gado. No Bombarral, de onde era oriundo, tinha a alcunha de «o fivelas», porque usava dois cintos- um para prender as calças e outro para trazer pendente da cintura um impressionante facalhão, envolto numa protecção de cabedal. Batendo ao de leve com os dedos da mão direita na faca atemorizadora, dizia muitas vezes- «é para o que der e vier». Homem de constituição física a levar em conta, o «fivelas» não era pessoa que se desse a escrúpulos. O oportunismo era o seu grande trunfo. Aproveitando-se muitas vezes da má sorte alheia ou da falta de argúcia do seu oponente no negócio, o Barreto Raposo foi elaborando a sua fortuna. Era agora um homem mais temido do que respeitado. O seu poder económico, aliado à sua reputação, tornaram-no um homem influente na região do Bombarral. Mas a sua avidez por mais riqueza e poder, foi-se tornando numa obsessão. E nessa perspectiva, começou a pensar em alargar o seu raio de acção.
Por duas ou três vezes que se cruzara com um tal Chambão em feiras de gado. Nessas alturas, tivera a oportunidade de verificar que o tal capataz de Alfeizerão apresentava reses de excepcional qualidade. Por isso tivera curiosidade em conhecer melhor o capataz e a herdade de que era responsável. Começou a fazer perguntas aqui e ali, e obteve respostas que o satisfizeram. O tal Chambão, embora fosse «um osso duro de roer», pelo menos assim o haviam caracterizado, já era homem avançadote na idade. Mas o facto de estar à frente de uma herdade, como aquela que lhe descreveram, era deveras promissor, mais a mais tendo por proprietário um fidalgote que mal barba tinha na cara. Por isso Barreto raposo resolveu-se a empreender a cavalo a viagem de cerca de doze léguas, entre o Bombarral e Alfeizerão...
in Quando Um Anjo Peca
Março/1998
Por duas ou três vezes que se cruzara com um tal Chambão em feiras de gado. Nessas alturas, tivera a oportunidade de verificar que o tal capataz de Alfeizerão apresentava reses de excepcional qualidade. Por isso tivera curiosidade em conhecer melhor o capataz e a herdade de que era responsável. Começou a fazer perguntas aqui e ali, e obteve respostas que o satisfizeram. O tal Chambão, embora fosse «um osso duro de roer», pelo menos assim o haviam caracterizado, já era homem avançadote na idade. Mas o facto de estar à frente de uma herdade, como aquela que lhe descreveram, era deveras promissor, mais a mais tendo por proprietário um fidalgote que mal barba tinha na cara. Por isso Barreto raposo resolveu-se a empreender a cavalo a viagem de cerca de doze léguas, entre o Bombarral e Alfeizerão...
in Quando Um Anjo Peca
Março/1998
6 comentários:
Que boa surpresa foi recordar esse trecho de "Quando um Anjo Peca"
E o resto da triologia, é para quando?
Para breve, minha muito querida amiga. Aliás, as folhas que servirão de suporte ao manuscrito já as tenho, em forma de um belo e velho livro, que uma muito antiga, muitissimo querida e companheira da minha vida, teve a mui preciosa boa vontade de me oferecer, em analogia ao que já tinha feito, aquando do nascimento de Quando Um Anjo Peca.
É uma grande amiga, uma leitora assídua essa minha amiga, Clara Gomes!!
Eu também li essa bela obra, dum escritor que tenho a honra de chamar amigo! Fico (ficamos, não é Clara?) à espera do "resto" da trilogia...
amigo pm, o autor de Quando Um Anjo Peca, deixa aqui prometido que logo que termine o 5º romance em que, actualmente, está a trabalhar, irá meter mãos à obra, no sentido de dar vida aos descendentes dos que, tão apaixonadamente, construiram o universo de Quando Um Anjo Peca.
O Autor agradece a receptividade.
Um abraço.
Este Poeta é uma caixinha de surpresas...
caro António
todos temos os nossos segredos. Este meu, aqui até agora escondido, merece que eu o revele, porque foi ele que, bem cá no fundo, determinou o surgimento deste blogue.
Briosas saudações
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