Durante
muitos anos a nossa literatura padeceu de uma enorme e grave enfermidade: os
autores não despendiam nenhum do seu talento, nem nenhuma da sua inspiração e
criatividade em temas que abordassem a nossa história. Eu lia episódios
históricos romanceados de outras culturas que não a nossa, e ficava espantado
com o facto de a nossa riquíssima história não despertar o engenho e arte nos
nossos escritores.
Depois
surgiu «O Memorial do Convento» do José Saramago.
Na minha
opinião foi o interruptor que ligou a energia da história á energia das
palavras. E cerca do ano 2000, portanto mesmo no final do séc. XX, para meu
regalo, os romances históricos nacionais começaram a surgir, em catadupa, e se
têm mantido. E coisas fascinantes, extraordinárias mesmo, tenho tido a
oportunidade de ler. E de entre grandes, enormes títulos, dou realce a dois: «A
Filha do Capitão», de José Rodrigues dos Santos, e «O Espião de D. João II», de
Deana Barroqueiro.
E falo
nisto, porque, há muito pouco tempo, foi estreado o filme «Linhas de
Wellington», que aborda a temática das Invasões Francesas. É claro que para se
escrever um bom livro, apenas é necessário a criatividade do seu autor. Para se
fazer um bom filme, é necessária a criatividade do realizador e o talento dos
actores, mas não chega. Se não houver verba, nada disso pode ser possível. Digo
isto porque gostaria muito que os nossos realizadores se virassem para a
história de Portugal. Acredito na capacidade deles e no talento de alguns dos
nossos actores e actrizes (alguns), pois que tema, são já são perto de nove
séculos dele.
Linhas de
Wellington aí está nas salas para ser apreciado. Eu ainda o não fui ver, mas
estou expectante.
Quem já o
viu foi uma amiga, e numa sala de cinema em Toulouse. Estranho ver um filme
sobre as invasões francesas a Portugal, em França.
Mas este é o poder da arte-
fazer mexer as consciências!
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