sexta-feira, 7 de março de 2014

ECLIPSE...DE VALORES E DECÊNCIA MORAL

Poderia publicar umas palavras sobre o que se passou ontem em frente á Assembleia da República, que prendeu o país á televisão- a manifestação das forças de segurança. Mas não o vou fazer, porque além de muito se ter dito e escrito hoje sobre isso, é mais que óbvio que alguma coisa não está bem na nossa sociedade, ou melhor, que quase tudo está mal. Quando um governo é forte a gerar austeridade para o povo, e a proporcionar uma política de facilitismo e abundância para os que detêm a riqueza e seus capangas, tudo o que é classe profissional vem para a rua. O problema é se a vinda para a rua algum dia degenera.
Bom, mas não é sobre a simbologia de subir degraus da Assembleia da República, que eu me quero expressar.
Aqui há uns anos, a região de Aveiro foi surpreendida, com a notícia macabra, de um jovem ter assassinado os próprios pais á facada, numa moradia em Ílhavo.
Há poucos dias, ao ouvir a Rádio Terranova, da Gafanha da Nazaré, fui surpreendido com a seguinte notícia: Há cerca de quinze dias, no Centro Comercial Glicínias, cá em Aveiro, estiveram um realizador e três actores, todos portugueses, a promoverem um filme que irá ser estreado brevemente- ECLIPSE. É estranho que a promoção de um filme aconteça na cidade de Aveiro. Mas tem uma explicação: o filme baseia-se em factos reais, e essa factualidade aconteceu em Ílhavo, quando um jovem, por amor á namorada, assassinou os pais na moradia em que residiam.
A realidade foi uma cena muito feia de ver! Foi praticada numa noite em que parece que aconteceu um eclipse da lua.
Pessoalmente não gostei mesmo nada da ideia. Mas fiquei deveras repugnado, quando ouvi uma pequena entrevista que o realizador do filme concedeu á Rádio Terranova, em que disse que se fosse de Aveiro teria muito interesse em ir ver o filme, para constatar até que ponto é que o realizador conseguiu transformar aquele acto horrível numa comédia deveras hilariante.

Apenas um comentário: Pobre sociedade esta. Na verdade, estes homens e mulheres, neste caso do cinema, que têm responsabilidades no acto cultural que transmitem a todo um povo, mais não conseguem do que dizer que são bem filhos do presente, que da sociedade eclipsou os valores morais.

2 comentários:

Gibson Azevedo disse...

Meu caro Jorge, será que este diretor de cinema pensou está encenando uma nova tragi-comédia grega? Não estaria ele fazendo uma gaiata apologia ao crime de morte, meio a laços familiares? Penso ser esta uma película ancorada em um péssimo tema. Até porque, o cinema portugues já nos brindou com produções bem mais interessantes.
Deixo contigo um forte abraço.

Poeta do Penedo disse...

Meu caro Gibson
cinema português da actualidade é coisa que eu não vejo, porque considero ser uma perda de tempo. Acredito que existam bons actores, que os temos, mas os enredos são de fugir. Vi um excerto de um filme português, baseado nas invasões francesas- mesmo com um actor de nomeada como é John Malkovitch, é de fugir. Na verdade os excelentes tempos do António Silva e Vasco Santana há muito que se foram. E quando se aproveita material horroroso como este, para fazer uma charada...por favor, o degredo para os argumentistas. Um grande abraço lusitano, desta terra lusa abrasada pela terrível austeridade, que nos empobrece o corpo e escurece a alma.