Hoje, ao
regressar a casa, deparei-me com a seguinte frase escrita numa parede: «a
paixão pela liberdade é mais forte que todas as prisões».
Vim pelo
caminho a pensar no seu significado. Uma frase tão forte, que antes do 25 de
Abril seria uma frase furiosamente proibida, cujo teor na realidade deu direito
a um lugar a muitos anti-fascistas, em muitas prisões, com especial incidência
no Forte de Peniche e no Tarrafal, em Cabo Verde.
Nessa época,
em que a liberdade era um valor absolutamente valioso, a nossa sociedade
oprimida, explorada, a morrer na guerra, analfabeta e torturada, sabia, no
entanto, ser muito mais humana se comparada com a de hoje. Nessa época os
portugueses, sem deputados livres, sem partidos políticos, sem uma Assembléia
da República democraticamente eleita, conheciam o seu semelhante e sabiam o
significado da solidariedade.
Hoje em dia
aquela frase está completamente banalizada. Hoje já ninguém está apaixonado
pela liberdade. E esse é um dos grandes males da nossa sociedade.
Convencemo-nos de que a liberdade que hoje respiramos é um bem absolutamente
adquirido. Mas, com o nível de fraqueza moral de que uma grande maioria da
nossa classe política padece, nada é seguro. É que o conceito da falta de
liberdade alterou-se. Hoje em dia não é necessariamente obrigatório que, para
que a falta de liberdade se manifeste, tenha de existir uma prisão.
Deram-nos a
liberdade, mas nunca ninguém nos ensinou a viver nela e com ela!
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