segunda-feira, 10 de agosto de 2015

FERRO VELHO, MEU TESOURO

Um ferro velho, por norma, é um objecto obsoleto, que há muito deixámos de utilizar, e que só por respeito a nós próprios muitas vezes inutilmente guardamos.
Pois eu tenho um ferro velho do qual guardo enorme estima, porque o considero quase um tesouro…um tesouro útil. Comprei-o em 2001, ainda em escudos, na expectativa de que se viesse a revelar algo de bom. Afinal revelou-se algo de muito bom! Mas cerca de um ano depois de o ter adquirido emprestei-o a uma pessoa amiga. E no meu cérebro deu-se uma daquelas brancas que por vezes nos atropela. Um belo dia, de repente, deu-me ganas de pegar no meu valioso ferro velho. Corri tudo…para chegar à triste conclusão de que não o tinha em casa. Só o poderia ter emprestado…mas a quem?
Os anos foram correndo e de vez em quando eu pensava, com nostalgia, no meu ferro velho. Até que decidi ir à procura de um outro ferro velho igual, e comprá-lo, acção que deveria estar para breve.
Não foi preciso. Neste fim-de-semana, eu e a minha mulher fomos jantar a casa de uma pessoa amiga, que no início do jantar me disse que tinha uma coisa para me devolver, porque na sua casa, em França, tinha andado a fazer umas arrumações e de repente deparou-se com uma coisa que eu, há muitos anos, lhe havia emprestado: exactamente! O meu ferro velho. Fiquei exultante de alegria.
Não, este ferro velho não é um utensílio metálico, ou de plástico ou mesmo louça. É um livro, cujo título em português é- «Ferro Velho». Um excelente romance, da autoria do britânico Anthony Burgess,  falecido em 1993. Uma excelente viagem aos bastidores da Segunda Guerra Mundial, tropeçando pelo caminho na questão da independência do País de Gales, ou na que opõe Israel à Palestina, com a cultura russa pelo meio, tudo na óptica dos que amam a lenda do dono da espada Excalibur- a lenda do Rei Artur, tendo por base de tudo isto um sobrevivente do naufrágio do Titanic.

Já tenho leitura para as férias!

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