Um ferro
velho, por norma, é um objecto obsoleto, que há muito deixámos de utilizar, e
que só por respeito a nós próprios muitas vezes inutilmente guardamos.
Pois eu
tenho um ferro velho do qual guardo enorme estima, porque o considero quase um
tesouro…um tesouro útil. Comprei-o em 2001, ainda em escudos, na expectativa de
que se viesse a revelar algo de bom. Afinal revelou-se algo de muito bom! Mas
cerca de um ano depois de o ter adquirido emprestei-o a uma pessoa amiga. E no
meu cérebro deu-se uma daquelas brancas que por vezes nos atropela. Um belo
dia, de repente, deu-me ganas de pegar no meu valioso ferro velho. Corri tudo…para
chegar à triste conclusão de que não o tinha em casa. Só o poderia ter
emprestado…mas a quem?
Os anos
foram correndo e de vez em quando eu pensava, com nostalgia, no meu ferro
velho. Até que decidi ir à procura de um outro ferro velho igual, e
comprá-lo, acção que deveria estar para breve.
Não foi
preciso. Neste fim-de-semana, eu e a minha mulher fomos jantar a casa de uma
pessoa amiga, que no início do jantar me disse que tinha uma coisa para me
devolver, porque na sua casa, em França, tinha andado a fazer umas arrumações e
de repente deparou-se com uma coisa que eu, há muitos anos, lhe havia
emprestado: exactamente! O meu ferro velho. Fiquei exultante de alegria.
Não, este
ferro velho não é um utensílio metálico, ou de plástico ou mesmo louça. É um
livro, cujo título em português é- «Ferro Velho». Um excelente romance, da
autoria do britânico Anthony Burgess,
falecido em 1993. Uma excelente viagem aos bastidores da Segunda Guerra
Mundial, tropeçando pelo caminho na questão da independência do País de Gales,
ou na que opõe Israel à Palestina, com a cultura russa pelo meio, tudo na
óptica dos que amam a lenda do dono da espada Excalibur- a lenda do Rei Artur,
tendo por base de tudo isto um sobrevivente do naufrágio do Titanic.
Já tenho
leitura para as férias!
Sem comentários:
Enviar um comentário