...Era tempo
de descontracção. No chuveiro improvisado, instalado no seu quarto rudimentar,
acabara o capitão Rebelo de tomar um revigorante banho. Da pequena janela do
seu quarto, praticamente um postigo, que dava para a parada, enquanto fumava um
cigarro ia observando com alegria os seus soldados, que meios fardados
organizavam a expedição de algumas centenas de metros até ao rio. Contemplava
os guerrilheiros negros. Bem vistas as coisas eram merecedores de pena. Sem
qualquer formação militar, deambulavam pela selva angolana, instigados por
valores independentistas. E efectivamente aquela terra era deles, não dos
europeus. Mas a política é que comandava o mundo, não a comiseração, não o
incomodativo sentimento de injustiça. Mas quem sente comiseração é gente. E
gente pensa. E muitos pensamentos juntos, se fluírem para o mesmo ponto, acabam
por ter força. E da força nascem as revoluções. E se em vez de uma cabeça,
forem várias cabeças, mentes de capitães como ele... alguém batia à porta do
quarto.
-
Entre- disse o capitão Rebelo, virando costas à
janela...(em continuação, pág. 92, ex. XXX)
in Visitados
Novembro/1999
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