...Com o
passar dos dias, Serôdio foi conhecendo melhor o ambiente que o rodeava. Se
fizesse um paralelismo com a E.P.I. de Mafra, poderia dizer que na E.F.G. de
Torres Novas tinha melhores instalações, a alimentação era de melhor qualidade,
servida num único e enorme refeitório. Mas continuava a existir o espírito
militarista, com a agravante de que os oficiais de Torres Novas, muito
distantes da formação técnica e cultural dos oficiais de Mafra, a Serôdio não
conseguiam transmitir fosse que mensagem fosse. Nele apenas residia a vazia
convicção de que os oficiais de Torres Novas (chefes de esquadra, segundos
comissários e comissários) eram uns analfabetos e pobres de espírito, que tendo
atrás de si um passado com uma existência amorfa e intelectualmente atrofiada,
não tinham a mente suficientemente desenvolvida para carregarem aos ombros o
peso de galões. Quando fardados se olhavam ao espelho e viam o reluzir dos
galões nos ombros, deveriam ficar deslumbrados com a sorte que a policia lhes
proporcionara. Mas o seu vínculo com a classe de oficiais ficava-se por aí,
porque de oficiais apenas tinham os galões, a cor ligeiramente diferente do
blusão e o ordenado. Interiormente continuavam a ser os brutos de espírito e
intelecto que toda a vida haviam sido...(em continuação, pág. 84, ex. XXXI)
in Filhos Pobres da Revolta
Março/2003
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