As redes sociais estão a abarrotar com, eu diria, milhões de
publicações, sobre o facto de nos termos sagrado campeões europeus de futebol.
E têm razão para o fazer. Eu, no alto dos meus sessenta anos, há quase seis
décadas que persigo esse sonho, em todos os jogos que vejo da selecção.
Confesso, já fui um seguidor do futebol muito mais assíduo do
que sou hoje, pois que me é difícil conceber que num país, com tantas
dificuldades como o nosso tem passado, no mundo do futebol se pratiquem
ordenados daquela monta. São ordenados que pertencem a um mundo que eu não sei
qual é, mas de certeza que não é o meu. Mas, quando o futebol é uma questão de
selecção, esqueço-me desse pequeno pormenor, e abraço o percurso da selecção
com alma…alma de português.
E foi por isso que segui a estadia da nossa Selecção em
Marcoussis. E foi por isso que ouvi, com ouvidos de ouvir, tantas e tantas
pequenas entrevistas feitas aos nossos emigrantes em França. E
sensibilizei-me…por vezes quase às lágrimas. E apercebi-me da revolta contida
que existe no peito de muitos portugueses a trabalharem em França, pela forma
como se sentem tratados, e da alegria, o sabor a pequena vingança, com que
ontem deverão ter chegado aos seus empregos franceses, e dizer aos seus colegas
franceses: «ei cambada, aqui está a chegar o nojento, que é campeão da Europa».
E principalmente constatar o quanto de maravilhoso sentimento
patriota existe em corações de jovens, jovens franceses, que por serem filhos
de portugueses amam Portugal de uma forma absolutamente arrebatadora. Meninos
de doze ou treze anos, vestidos da cabeça aos pés com as cores nacionais
portuguesas, a apoiarem a Selecção Portuguesa, relegando para segundo plano a
selecção gaulesa, porque, mais forte do que a sua ainda pequena vivência no
meio que os viu nascer- a França, é o sentimento pela terra lusa que os seus
pais lhes souberam incutir na alma, fruto do seu eterno amor ao povo enorme a
que, orgulhosamente, pertencem- o povo português.
Aos nossos enormes jogadores, que souberam ser muitíssimo
melhores do que a maioria da nossa medíocre classe política, ficamos a dever o
facto de termos conseguido trepar um degrau no conceito internacional. Se é
pelo futebol e não pela política que podemos recuperar algum do prestígio
internacional perdido, que assim seja. Urgente é fazê-lo, porque nunca tinha
visto uma selecção, um povo, ser apelidado de nojento, apenas e só porque tem
capacidade para ir mais além. É demonstrativo de quanto azedume e má vontade
contra nós existe por essa Europa fora.
Obrigado selecção. Viva Portugal!
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