...Coisa estranha aquela, de um homem e
uma mulher que preparavam o casamento serem assassinados. Na minha preparação
para médico vira e mexera em muitos cadáveres, mas esses eram mortos sem nome,
sem história, apenas matéria podre na qual aprofundei os meus conhecimentos de
anatomia. Mas os mortos que naquele dia vira, haviam sido pessoas com uma
existência, com uma história de amor ceifada brutalmente. Foram os primeiros
defuntos com que me confrontei após me ter formado; e questionei o mundo e os
homens… e Deus. Que desígnios teria Deus para que permitisse que tais
barbaridades acontecessem?
A
visão daqueles defuntos, na minha mente se sobrepunha à recordação da imagem de
uma Maria Clara infeliz, suplicante. Nesse dia não pensei nela. Aquelas mortes
preenchiam todos os meus pensamentos. Dois noivos a quem alguém tirara a vida
junto a uma capela!! Tinha sido uma visão sórdida demais!... (em continuação, pág. 46, ex. XXIII)
in Alma de Liberal
Junho/2009
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