...Então Seth retomou a forma de peixe, pressionou o
estômago conforme a indicação de Ptahknor, e imediatamente viu o seu corpo de
tiláquia ser contornado por uma luz azulada.
-
Agora és um perfeito sifto- disse o crocodilo Bhokurac.
-
Muito bem. Sendo assim estou pronto para avançar- afirmou
Seth.
-
Não te esqueças do nosso acordo.
-
Fica descansado, Ptahknor. Amon-Rá terá razões para
destituir o deus Sobek e dar-te esse cargo.
E o deus Seth, disfarçado em sifto, avançou na direcção
do mundo submerso dos deuses, o paradisíaco MassiftonRá.
Ptahknor, por momentos, ficou a ver aquele falso sifto a
avançar para um mundo que lhe estava interdito. Sabendo-se conivente com aquela
grave transgressão à vontade de Amon-Rá, o crocodilo Bhokurac preferiu não
continuar a ver a execução da sua gravíssima falta, pelo que decidiu voltar
costas ao avanço de Seth, saindo dali rapidamente, desaparecendo na escuridão
das águas do Nilo.
Entretanto Seth avançava. Eram já visíveis as paredes
aquáticas, iluminadas e translúcidas de MassiftonRá. Naquele ponto, apenas era
permitida a presença ao deus crocodilo Sobek e aos siftos. Aos restantes
crocodilos guardiães, Taaril e aos dois Bhokurac, era já zona interdita.
Seth nadava pelo meio de inúmeros siftos, que se deslocavam
de um lado para o outro. Sabia que se um sifto quisesse entrar em MassiftonRá,
teria de pedir permissão a Amon-Rá, através de mensagem telepática; e foi o que
Seth fez. Aguardou algum tempo pela resposta, que por fim acabou por chegar,
autorizando a sua entrada. Seth avançou e deliciou-se com as vibrações subtis
que atravessavam o seu corpo.
Bem no interior do mundo dos deuses lá foi encontrar a
sua mãe, o seu pai e os seus irmãos, entre todos os outros deuses. Sentiu uma
momentânea tristeza por não poder pertencer àquele mundo. Por isso mesmo aquela
tristeza deveria ser compensada com uma doce vingança...(em continuação, pág. 67, ex. XXVIII)
in A Causa de MassiftonRá
Novembro/2005
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