- O meu pai conhece o Francisco
Carvalho?
- Nunca ouvi tal nome.
- E o Ti Chico Aduelas?
- Esse sim. É talvez o melhor
tanoeiro aqui da região. Muitas das nossas pipas e tonéis fê-las ele.
- Os dois são a mesma pessoa. Pois
saiba que a falecida era filha dele.
O
meu pai fixou-me, em silêncio, benzendo-se. Depois disse:
- Pobre home. Mas pelo que me tem
chegado aos oividos o matador que se cuide, pois o tanoeiro, quando lhe calcam
os calos não é flor que se cheire. E outra coisa se não está à espera. Perder
assim um home uma filha, é obra.
E
só depois deste diálogo pude entrar em casa. Estava cansado, ansiava por um
pouco de sossego, mas ainda tive de responder ao meu pai sobre questões
relacionadas com a forma como o Conde de Cértima me havia recebido. Lá lhe
contei que o fidalgo percebera perfeitamente que eu era defensor do ideal liberal,
mas que tal não iria impedir que eu ali continuasse a ir, na qualidade de
médico, ao que o meu pai respondeu que isso não era razão para ter cuidados,
pois em que outra qualidade haveria eu de entrar naquela casa, senão na de
médico?!
E
deixou-me só...(em continuação, pág. 47, ex. XXV)
in Alma de Liberal
Junho/2009
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