Teria eu os meus doze anos de idade quando, numa velha
revista das Selecções do Reader’s Digest, tomei conhecimento do enorme drama que foi o
naufrágio do transatlântico Titanic, na sua viagem inaugural, no Atlântico
Norte, na madrugada de 15 de Abril de 1912. Nessa noite, de águas geladas e
calmas como um lago, morreram 1497 pessoas, de entre os 2200 passageiros e
tripulantes. Foi um artigo que me impressionou de tal forma, que se tornou num
fascínio.
Foi com imenso entusiasmo que segui as notícias, em 1985, que
davam conta de que o navio tinha sido encontrado a 3800 metros de profundidade.
Vi tudo o que, naquela época, foi possível ver.
Depois, em 1997, foi com grande emoção que vi o filme
Titanic, do realizador James Cameron, realizado no ano anterior, com interpretações
excepcionais de, entre outros, Kate Winslate e Leonardo Di Caprio. Imagens de
momentos da tragédia que sempre supus terem, por trás, um tremendo trabalho de
pesquisa. Um filme que, na minha opinião, se deve ter aproximado muito da
realidade. Quase 4 horas de imagens de romance, suspense e horror.
Pelo centenário do naufrágio, em 2012, fui surpreendido pelo
aparecimento de um livro sobre o tema, que logo adquiri: «E A BANDA CONTINUOU A
TOCAR», da autoria de Christopher Ward, neto de Jock Hume, um dos violinistas
da banda do Titanic, composta por oito elementos. Os oito sucumbiram. E através
deste livro fiquei a saber muitos pormenores que até ali me eram completamente
desconhecidos. Além de ser descrita um pouco da vida do avô do autor, fiquei a saber
que das vítimas mortais apenas 306 corpos foram recuperados pelo navio lança
cabos submarinos Mackay-Bennett, sendo o corpo do violinista Jock Hume um
desses corpos, que foi sepultado no cemitério de Fairview Lawn, em Halifax, na
Nova Escócia, no Canadá. Foi o redescobrir a história do Titanic.
E tive o impulso para toda esta descrição porque hoje, à
tarde, tropecei num documentário em que o realizador do filme Titanic, James
Cameron, fez uma descrição exaustiva das pesquisas e experiências de física que
executou, para que as suas imagens tivessem um máximo possível de
credibilidade. No documentário ainda entrevistou alguns familiares das vítimas
mortais do naufrágio, que felicitaram o realizador pelo seu extraordinário
trabalho.
Para enriquecer todo o seu imaginário de realizador, que dessa
forma pudesse transmitir maior veracidade a muitas das imagens do filme, James
Cameron desceu às profundezas do Atlântico Norte 33 vezes, para no silêncio da
tragédia, junto ao Titanic, se impregnar do sentimento que os olhos dos 1100
náufragos, ali depositados, lhe transmitiram.
Parece-me que vou rever o filme…mais uma vez!
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