Para
aprender, qualquer hora e qualquer local são perfeitos. Isso mesmo. E os
inesperados momentos de aprendizagem podem acontecer nos locais menos
prováveis, mesmo numa simples ida ao médico.
Isso aconteceu hoje comigo.
Hoje de manhã fui ao Centro de Saúde
de Aveiro. E, caído num daqueles momentos aborrecidos (em que todos nós, por
vezes, nos encontramos, rodeados por quem não conhecemos, desesperados por
ouvir o nosso nome ser pronunciado nas colunas de som, para nos retirar
rapidamente daquela situação desconfortável),
fui buscar uma revista (da empresa de aviação Portugália), que se encontrava abandonada numa mesa, a um
canto da sala. E fui desfolhando a revista. E, inesperadamente, deixei de estar
naquela sala e viajei até ao Oriente, mais propriamente até à cidade japonesa
de Osaka. É que naquelas páginas apresentava-se uma entrevista a uma cidadã nipónica, de nome Hideko Tsukida, que, imagine-se, cantava o fado, o nosso fado
bem português.
Em 1987 encontrou um disco da Amália
Rodrigues e apaixonou-se pelo fado. E a partir daí, cantar com alma portuguesa o
fado foi o seu grande projecto de vida. Veio para Portugal tirar um curso
intensivo de português, conheceu muito dos nossos intérpretes, poetas e
guitarristas, incluindo a Amália, e com a alma cheia de ardor lusitano
regressou a Osaka, onde começou a difundir o fado.
Bem, eu fiquei parvo a olhar para a
revista. Mas o que descobri a seguir fez-me sorrir, pois que naquele pequeno período de tempo que
levei a ler o artigo, fiz uma viagem no tempo, já que aquela revista era de Maio
de 1994.
Logo a seguir o meu nome soou nas
colunas e tive de me despedir da minha amiga máquina do tempo.
Chegado a casa fui pesquisar. Hoje
em dia Osaka tem uma vintena de casas de fado, à imagem das casas de fado do
Bairro Alto. E a Hideko Tsukida já tem uma seguidora: Kumiko Tsumori.
Mas que agradável lição o Centro de
Saúde de Aveiro hoje me proporcionou!
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