segunda-feira, 25 de maio de 2020

1640, UM LIVRO, A REABILITAÇÃO DE UM POVO, A NOSSA INDEPENDÊNCIA RECUPERADA


Acabei de ler o romance da nossa extraordinária escritora Deana Barroqueiro, intitulado 1640. Para quem esteja minimamente atento, é claro que o título imediatamente nos diz qual a temática do romance: pois claro, fala-nos sobre o nosso grandioso 1º de Dezembro de 1640.

            Concebido na base de quatro perspectivas, de outros tantos protagonistas, a autora apresenta-nos não só um Portugal revolucionário, a necessitar urgentemente de justiça social e política, mas também nos disseca um país e um reino pós-revolucionário, de cofres vazios, a lutar contra a nefasta influência da poderosa Espanha numa Europa que, em espectativa, tende em não acreditar na libertação de Portugal das amarras castelhanas.

            A autora viaja, profundamente, até ao Brasil e à floresta amazónica, apresentando-nos o perfil de bons e maus portugueses, os primeiros que trabalham por servir a coroa honesta, pacifica e honradamente, enquanto os segundos, apenas valendo-se da coroa para benefício próprio, através dos seus instintos maleficamente colonialistas exercem uma exploração assassina dos índios da amazónia. Nesta fase vamos encontrar o grande Padre António Vieira, na juventude, iniciando a sua acção como missionário entre os índios, exibindo já os seus dotes de pensador e oratória.

            Pela mão da autora viajamos também ao mundo escondido dos conventos, onde os costumes daquela época «depositaram» muitas senhoras sem qualquer aptidão de votos, fazendo surgir, pela sua argúcia e malícia, uma espécie diferente de homens: os «freiráticos», um termo que aprendi neste livro. Uma inesperada visão sobre a vida conventual do séc. XVII que a autora nos apresenta.

            Somos depois confrontados com a execrável acção da Holanda, que aproveitando-se da fraqueza política em que Portugal se encontrava, após o 1º de Dezembro, tudo tentou para nos subtrair o Brasil, tendo-se confrontado com a tenaz vontade e querer do homem lusitano.

            Neste romance surge-nos toda a enorme vida, desse grande homem, esse grande português que foi o Padre António Vieira. Caminhando pelas muitas páginas, vamos tomando conta do quanto António Vieira lutou pela justiça para com os índios do Brasil, o quanto lutou para contrariar a política holandesa, de toda a sua capacidade diplomática ao serviço de D. João IV, e por fim de nos revelar toda a perfídia e aberração da Santa Inquisição, o pavoroso Santo Ofício e os horrorosos Autos de Fé.

É uma viagem ao passado, aos anos que imediatamente se seguiram a um dos momentos mais altos e importantes da nossa história, que foi o 1º de Dezembro de 1640.

           

sábado, 16 de maio de 2020

RECORDANDO OS MÁRTIRES DA LIBERDADE DE AVEIRO





Comemora-se hoje em Aveiro o 192º aniversário sobre o dia 16 de Maio de 1828, dia em que o povo aveirense veio para as ruas gritar «vivas» a D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil) e à sua filha Infanta D. Maria, e «morras» a D. Miguel. Ficou conhecida como a revolta dos cabeças cortadas, que teve por cabecilha o ex-membro da Câmara de Deputados Joaquim José de Queirós, dissolvida por D. Miguel, em Março de 1828. Foi este movimento, apoiado pelo Batalhão de Caçadores Dez de Aveiro, o primeiro grito de revolta, em Portugal, contra o regime absolutista de D. Miguel e da mãe, a rainha Carlota Joaquina, que Portugal haveria de ver debelado apenas seis anos depois, em 1834, após a guerra civil que ensanguentou Portugal entre 1832 e 1834. Sete dos cabecilhas da revolta (nos quais não se encontrava Joaquim José de Queirós), foram presos e enforcados em 1829, na Praça Nova no Porto. As suas cabeças foram decepadas e enviadas para Aveiro, onde estiveram em exposição pelas ruas da então já cidade. Encontram-se sepultadas sob um monumento aos mártires da Liberdade, no cemitério central.

Joaquim José de Queirós, mais tarde Conselheiro Queirós, veio a ser avô paterno do nosso grande Eça de Queirós.

terça-feira, 5 de maio de 2020

DIA MUNDIAL DA LINGUA PORTUGUESA


5 de Maio de 2020

1º DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA

DIA PARA HOMENAGEAR OS HERÓIS PORTUGUESES DOS DESCOBRIMENTOS, QUE PELO MUNDO ESPALHARAM O PORTUGUÊS, ASSIM COMO AGRADECER A TODOS QUANTOS, POR INTERMÉDIO DO SEU TRABALHO, LANÇAM SEMENTES À TERRA QUE FARÃO NASCER AMOR E ORGULHO PELA NOSSA EXPRESSÃO FALADA E ESCRITA.



Ainda na área do português tive um outro professor a quem devo o gosto pela escrita. Nunca o poderia esquecer nestas minhas memórias. Trata-se do excelente professor Margarido, metodólogo, que além de ser um poço de conhecimentos linguísticos, sabia-os ensinar de forma completamente entusiástica. Dar os Lusíadas com o professor Margarido, foi como assistir a sessões de cinema. E isso porque, além do empolgamento que transmitia às palavras, também já tinha estado na maioria dos locais, no Oriente, que Luís de Camões descreve na sua obra imortal. Depois foi o Professor Margarido que me empurrou para o caminho da escrita. No 5º ano liceal decidiu o professor Margarido, metodólogo como era, de dar um único tema para todo o liceu, naquele 5º ano, para que fosse feita uma redacção. Essa redacção foi redigida por duas ou três centenas de alunos…e a minha foi a melhor. Isso criou em mim um orgulho enorme, e uma vontade louca de me pôr a escrever.

E daí nasceu o que eu posso considerar o meu primeiro livro- «O Primeiro Amor da Adolescência». Escrevi-o em três meses, com catorze anos. Foram três meses vividos com imenso entusiasmo, enquanto a trama se ia avolumando. Um pequeno livro, de 80 páginas, de onde saiu o protagonista- o Gonçalo- que durante todos estes anos me tem acompanhado para todo o lado, e que tem explicado pormenores da minha vida a muitas e muitas outras personagens que, entretanto, se lhe juntaram.

Obrigado Professor Margarido.

In Prosas Pelas Janelas da Vida