Assisti,
pela televisão, a esta massiva manifestação, que no passado Sábado 15 de
Setembro de 2012 aconteceu um pouco por todo o país. Este acto teve uma
particularidade extremamente importante, que me trouxe um ténue, mas iniciático
aroma aos dias do nosso 25 de Abril: o facto de a sua organização ter tido por
base a espontaneidade do povo, sem qualquer intervenção de forças políticas ou
mesmo sindicais. Um acto iniciático, como disse, a germinação de um sentimento
de revolta.
Não tenho
qualquer formação na área económica e política. Os meus dias são vividos
embrenhado na minha pacata e simples vida. Por isso, como cidadão comum, não
tenho números para apresentar, nem experiências palacianas para relatar. Mas
observo…e ouço. E quando um país inteiro fala, quando ao longe se vê uma coluna
de fumo, é porque nalgum sítio há fogo.
No nosso
Portugal, quantos não foram os casos que se comentaram de muitos milhões,
vindos da CEE e UE, para serem aplicados na agricultura, na formação
profissional, etc…, e foram essas aplicações transformadas em grandes moradias
e jipes, sem que houvesse o mínimo de preocupação por parte do governo em
fiscalizar a aplicação desses fundos. Alguns, sempre os mesmos, ganharam, para
o país perder.
Agora que
todos esse desvarios começaram, infelizmente, a fazer efeito, começam a surgir
múltiplas informações de grandes escândalos. Eu não fazia ideia de que as
fundações existentes neste país, muitas de uma inutilidade atroz, eram assim em
tão grande número, e sorviam aquelas quantidades gigantescas de dinheiro.
Com o
facebook muita coisa está a vir a público, o que semeia em cada um de nós uma
migalha de revolta. Há dias li que uma fundação, que era completamente
denunciada, cujo nome não memorizei, existia para pagar favores a alguns, em
grandes jantares, e bodas de casamentos. Há dias li uma outra publicação no
face, que denunciava os ordenados de 29 assessores do governo, com idades
compreendidas entre os 25 e os 29 anos, cujo ordenado variava entre os 3500€ e
os 5100€. E por esse país quantos grupos daqueles 29 não existirão,
dissimuladamente encaixados em empresas e similares? Como é possível que
rapazes e raparigas tão novos tenham já cargos desta dimensão? Lembrei-me dos
muitos e muitos milhares de outros jovens, que por esse país vivem, com
licenciaturas iguais ás daqueles 29, que se encontram no desemprego ou na
precaridade.
O governo
emagreceu a despesa retirando-me o meu tão bem aventurado subsídio de férias e
de natal; emagreceu a despesa ao retirar financiamento á justiça, á saúde, á
segurança, ao ensino. Mas não mexeu no imenso dinheiro que gasta na máquina do
Estado. Os funcionários públicos sabem muito bem que continua a não haver
qualquer poupança, no que diz respeito a todos os ofensivos direitos das
cúpulas, nos respectivos serviços, porque para o mexilhão, logo ao primeiro
sinal de alarme, todos os sinos tocaram a rebate no sentido de escancarar a
porta á austeridade.
Não tenho
jeito nenhum para falar de coisas de política. Mas a revolta que se vai
instalando começa a querer romper a pele.
Os dinheiros
públicos desbaratados, a desavergonhice que se instalou levou a esta penúria.
Penúria, minha, e dos meus semelhantes, porque existe uma outra sociedade, que
como eu canta a portuguesa, mas é uma portuguesa bem mais generosa do que a
minha.
Democratizemos
a honestidade.
Que venha um
tempo, e depressa em que, verdadeiramente, e não demagogicamente, o povo unido
jamais será vencido!
2 comentários:
Vendo o seu artigo e medindo a sua justa indignação, caro amigo, lembrei de um repórter brasileiro chamado de Neri, que diz com todas as letras que, no nosso País, as ONGS(Organizações Não Governamentais)não passam de umas, de muitas, maneiras de "roubar" o dinheiro público. Não sei se o mesmo ocorre com o erário de Portugal.
Um grande abraço deste seu amigo Brasileiro.
Gibson Azevedo.
meu caro Gibson
este país está a ficar de uma injustiça gritante. Os ricos desbaratam e os pobres pagam os devaneios. Ultimamente têm sido publicadas denúncias no facebook que nos põem em polvorosa. O dinheiro tem sido sorvido por entidades governamentais, como os Governos Civis, para se chegar á conclusão de que eram inúteis e foram todos extintos este ano. Mas andaram nestas últimas três décadas a sorverem muitos e muitos milhões de euros. Foi feita uma lista das Fundações existentes, cuja utilidade é duvidosa ou mesmo nula, que levavam também muitos milhões ao orçamento. Existem os milhões gastos em ordenados e benesses dos gestores de todas as áreas públicas. Depois de todos os cortes a que estamos sujeitos há cerca de dois anos, não conseguimos atingir o maldito défice pretendido. A austeridade é cada vez mais severa. O mexilhão, quando a tempestade aperta, é sempre o que leva por tabela. Portugal está, neste mês de Setembro de 2012, um país onde o sorriso das pessoas desapareceu.
Deste seu lusitano amigo, com o cinto muito apertado, um forte abraço. Liberdade não é só livre expressão...
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