...- Meu pai, é verdade que a Maria
Adélia e o noivo apareceram mortos?
- Sim, é verdade. Quem lhe contou?
- A… a Maria do Carmo.
- Melhor fora que estivesse calada. A
senhora não tem que se preocupar com questões populares.
- Mas… meu pai… a Maria Adélia… eu
poderia dar algum conforto àquele desgraçado pai.
- A senhora preocupe-se com os seus
afazeres, que muitos cuidados lhe dão por certo. Faça-me o favor de se retirar,
e fique descansada que essa palavra de conforto ao Francisco Carvalho lha darei
eu.
E
Maria Clara retirou-se, sem antes me ter olhado. Os seus olhos suplicavam algo.
Eu estava atónito perante esta reacção do Conde de Cértima, ao pedido da sua
filha de ir prestar um acto de caridade. Eu tinha de dizer alguma coisa… e
disse.
- Excelência, achei a senhora sua
filha muito pálida. É possível que a senhora D. Maria Clara seja muito
impressionável a estes assuntos de morte. Talvez uma beberagem que a acalmasse
fosse conveniente.
- Doutor, conheço bem a minha filha.
Deixe. Se sinais de doença lhe surgirem, eu saberei conhecê-los e então o
chamarei. Agora vou-me retirar que tenho assuntos para resolver. Havendo um
matador à solta, há que lhe dar caça.
E
eu fui-me embora. Desta vez não tive direito a escolta, pois o ambiente em casa
do Conde de Cértima fervilhava de actividade, com todos os homens ocupados em
tarefas: uns de levar os corpos à igreja do Luso, outros de limparem o local do
crime de qualquer vestígio de sangue, e outros ainda de irem avisar o regedor...(em continuação, pág. 45, ex. XXII)
in Alma de Liberal
Junho/2009
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