Li, com muito agrado, no Diário de Aveiro, que a Associação
dos Industriais do Bacalhau enviou uma proposta à Assembléia da República, para
que seja instituído o Dia do Bacalhau. À parte os intuitos comerciais da
questão, pois que todos sabemos que o dia disto e daquilo tem por detrás
interesses económicos por parte do comércio e restauração, congratulo-me com a
idéia, já que o bacalhau merece a distinção, por se ter transformado num
símbolo nacional e representar toda uma actividade que movimentou muitos
milhares de pescadores portugueses, que durante séculos e de forma única e
extremamente difícil, quase artesanal, pescaram o bacalhau nos longínquos e
gélidos mares da Terra Nova e Gronelândia.
E a dita Associação indica o dia que pretende seja eleito
como o dia nacional do bacalhau: 5 de Junho. Porquê este dia e não outro? É que
a 5 de Junho de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, teve lugar o maior drama
da pesca portuguesa do bacalhau, quando o lugre de pavilhão português «Maria da
Glória», que pescava na costa oeste da Gronelândia, foi torpedeado e afundado
por um submarino alemão, tendo perecido 36 elementos da tripulação.
Para quem não saiba, um lugre era um veleiro de quatro
mastros, utilizado na pesca do bacalhau à linha. A célebre «frota branca», era
constituída por estes navios todos pintados de branco. No porto bacalhoeiro da
Gafanha da Nazaré ainda lá se encontra um acostado, de nome «Polynésia», para
quem tenha curiosidade em conhecer mais de perto estes navios da coragem, as
caravelas e naus do século XX.
É pois muito interessante que em cada 5 de Junho, o pai, a mulher
ou os namorados, se possam sentar a uma mesa e comer uma boa refeição de
bacalhau, em homenagem à coragem desses intrépidos e imortais marinheiros e
pescadores portugueses.
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