...Dois dias
depois Rui Mendes via Álvaro ser transportado numa pequena avioneta, a qual
levantava voo da pista improvisada, contígua ao aquartelamento do Ninda, com
destino a Luanda. A avioneta cada vez se tornava mais pequena, sendo a sua rota
seguida pelo olhar do alferes. Álvaro partira antes do tempo, vivo. Da maldita
guerra já se livrara. Mas punha-se a questão: que tipo de paz iria ele
encontrar?...
-... E foi
assim senhor Victor que o seu filho Álvaro regressou, a tempo de passar o Natal
de 1973 em casa.
-
Um natal que estava destinado a ser muito triste, mas
que acabou por em certa medida traduzir uma mensagem de amor e esperança. O
Álvaro quando chegou aqui foi internado no Hospital Militar. Ali esteve cerca
de uma semana. Os sedativos eram fortes. Por isso o tempo em que esteve
hospitalizado passou-o quase todo a dormir. Mas como não tinha ferida que se
visse, mandaram-no para casa por algum tempo. O médico que o seguia, penso que
era major, disse-me que enquanto ele não enfrentasse o problema não se iniciaria
o processo de recuperação da perda. Recebemo-lo com a alegria possível. Quando
entrou em casa quis ir de imediato ao meu escritório. Disse-me que fora ali o
último grande momento de felicidade que vivera com a Catarina. Agarrou-se a
mim, abraçou-me com muita força e chorou convulsivamente.
-
Não teve vontade de ver os pais de Catarina?
-
Nesse mesmo dia lá foi... (em continuação- Pág. 101, ex. XXXV)
in Visitados
Novembro/1999
Sem comentários:
Enviar um comentário