Passeio,
sózinho, nesta tarde de Outono, num parque silencioso, absorvido em mim próprio
mas de forma alguma indiferente ao excelente colorido com que a natureza me
presenteia. Depois destes últimos oito anos, absolutamente incríveis (e com
isto não pretendo dizer que tudo foi incrível no bom sentido, porque houve
muito mais de mau que de bom), tive necessidade de fazer uma reflexão sobre mim
próprio, de dar a entender-me quem realmente sou, já que sobre mim obtive
informações que eu próprio desconhecia, ou de que me tinha esquecido.
É que, a dado momento deste período de
oito anos, fui aliciado pela ganância e deixei-me seduzir por ela. Bem, não poderei
dizer que, na realidade, seja totalmente culpado, já que a sedução chegou ao
mesmo tempo que a minha mente era manipulada. A partir desse momento a vontade
de outrem sobrepôs-se à minha própria vontade, e num tribunal sério eu nunca
poderia ser responsabilizado na totalidade.
Ingressei então em algo que em muito,
caso se concretizasse, iria contribuir para o enfraquecimento de Portugal
enquanto nação soberana. Felizmente que um sonho teve o condão de me libertar
dessa prisão mental, dessa maléfica hipnose, ao devolver-me a minha identidade
de lusitano, e a minha personalidade de homem honrado e de bem com a história.
Mas comecemos pelo princípio.
Chamo-me Luciano Pinto, sou natural de
Coimbra e neste ano de 2017 completei 34 anos de idade. Sou filho de gente de
classe média. O meu pai foi militar, andou pelo ultramar bastante tempo. Chegou
ao posto de sargento-chefe. Reformou-se há nove anos. A minha mãe é costureira
e trabalha ainda para um alfaiate conceituado de Coimbra. Fui criado na Alta de
Coimbra, na Freguesia de Almedina.
Tirei o Curso de Psicologia na Universidade de Coimbra, mas
quando o terminei, em 2004, constatei com bastante tristeza que o mercado de
trabalho estava saturado. Os psicólogos acotovelavam-se nos corredores das
oportunidades. Aguardei seis meses por colocação num sítio qualquer, mas como
não chegou qualquer resposta, direccionei a minha atenção para outras áreas.
Aconteceu então que um dia vi um anúncio de emprego numa locadora de
automóveis, que preferencialmente queria pessoas licenciadas. Em todas as
épocas existiram e continuam a existir oportunistas. Muito embora oferecesse um
trabalho que não requeria índices intelectuais significativos, valia-se de quem
os tinha para acrescentar uma mais-valia ao negócio, pois que à partida um
licenciado é alguém bem-falante e com boa presença e apresentação. E tudo isto
a custo de um ordenado pouco mais do que o ordenado mínimo. Mas entre o estar
inutilmente em casa ou a um qualquer balcão a alugar carros, claro que escolhi
o aluguer de automóveis…(em continuação, ex. I)
in Sombras da Eternidade
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