Masahemba, que dormia escondido no meio da densa
vegetação existente à beira do ribeiro, acordou alvoroçado, pois ouvira homens
a gritarem ao longe. Nesse momento sentiu uma presença junto a si.
-
Aqui estás tu de novo, rapazinho. É bom sentir a tua
companhia. Sabes o que é que se passou lá ao longe? Ouvi homens a gritarem em
grande agitação.
-
Nada de importante. Os homens viram uma hiena a beber nas
águas do Nilo- respondeu o rapazinho, que obviamente era o sifto enviado por
Amon-Rá.
-
Uma hiena? Aqui? É realmente muito fora do comum.
-
Sim, tens razão. Mas essa anormalidade deveu-se a uma
visita que hoje chegou a MassiftonRá.
-
Os deuses também recebem visitas?
-
É claro que não. Só que esta visita teve poder para
iludir a vigilância do mundo dos deuses.
-
E que ser é esse assim tão poderoso?
-
O deus Seth- respondeu o sifto.
Ao ouvir aquele nome, o Sumo-Sacerdote pôs-se em pé, como
que tomando uma posição defensiva.
-
O mal esteve em MassiftonRá- retorquiu Masahemba.
-
E é por essa razão que eu aqui estou. Amon-Rá desconfia
que Seth sabe da tua existência, como foragido. Em resultado dessa sua
desconfiança mandou que eu te viesse prevenir. O deus supremo previne-te que
desconfies de qualquer um que se aproxime de ti. Seth pode tomar muitas formas.
-
Já não me bastava o rancor do faraó, para ter também de
me defrontar agora com o perigo que Seth representa.
-
Mas tu és um Sumo-Sacerdote; tens a bênção de Amon-Rá;
não é de qualquer forma que Seth te engana.
-
Se eu fosse esse que tu agora descreveste, não precisava
de me encontrar miseravelmente escondido no meio destes arbustos.
-
Masahemba, eu não disse que tu és todo-poderoso. Mas
temos de admitir que tens muito mais capacidades de detectar a aproximação do
mal, do que um comum mortal. A interacção que manténs com o deus supremo
desenvolveu-te os sentidos.
-
Acabas sempre por ter razão, rapazinho- disse Masahemba
sorrindo.
-
Bom, mas eu estou aqui com uma outra finalidade: conduzir-te
a casa de um artesão que aceitou receber-te. Vamos agora mesmo para
aproveitarmos a protecção das estrelas.
-
Agora? Mas as pessoas estão a dormir.
-
O dono da casa não tem de saber o momento em que tu lá
entras. Anda, segue-me…(em continuação, ex. XXXV)
in A Causa de MassiftonRá
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