sábado, 30 de novembro de 2013

NA REMOTA PICADA DE UM IMPÉRIO DECADENTE

...Já o aquartelamento do Ninda se avistava ao longe, um pequeno rectângulo de construções simples e práticas, quase engolido pela imensidão verde que o rodeava, quando sobre a coluna se abateu mais uma intensa e tropical cortina de água. Álvaro ajeitou melhor o quico à cabeça, de modo a que a pala protegesse os olhos da impetuosidade da chuva. Vá lá, vá lá, que só a iam sofrer por algumas centenas de metros. Mas realmente, que raio de missão fora aquela?! Muito tinha que contar à sua loirinha. Quem efectivamente seriam aqueles três fulanos? De uma coisa ele estava certo, eles è que lhe denunciaram a emboscada. Eles è que o ajudaram a convencer o capitão Rebelo a aceitar aquela informação de proveniência tão duvidosa. Eles trabalharam para que as duas partes não sofressem mortos nem feridos. Inequivocamente eles queriam a paz e não a guerra. Mas eles...eles quem? Quem eram? Porque razão o escolheram a ele? Porque motivo haveria alguém de, num planeta manchado por imensos focos de guerra, usar tamanhos artifícios para instalar a paz naquela remota picada de um império decadente?
         A coluna avançava para o Ninda. Que viesse o rancho melhorado, pois ajudaria à alegria e festa existentes naqueles corações guerreiros, ansiosos pela paz. Assim se tivesse feito toda a história militar de Angola, e não teria havido razão na saudade permanente, vinculada à ondulação branca de um triste lenço no porto de Lisboa...(em continuação, pág 85, ex. XXV)

in VISITADOS

Novembro/1999

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