quinta-feira, 30 de agosto de 2012

DESFRALDADA AO VENTO DE COIMBRA A BANDEIRA DA NACIONALIDADE




É esta a publicação número 200 deste blogue, cuja existência se conta desde Junho de 2008. E para esta publicação gostaria de deixar algo que pudesse considerar especial. Um texto não muito longo, mas especial! E inesperadamente hoje encontrei-o.
Hoje mesmo desloquei-me à minha querida cidade-Coimbra. Sentado a uma mesa, na esplanada de um café que para mim tem uma simbologia forte- o café Nicola, na Ferreira Borges, absorvia o ambiente e dialogava com as memórias, quando, olhando para o fundo da Rua Visconde da Luz, que é o prolongamento da Ferreira Borges, mesmo lá ao fundo, na Praça 8 de Maio, vi algo que achei estranho, mas atractivo. A princípio não descortinei o que era, mas afirmando a vista...
Estava vento! Da esplanada do Nicola via a nossa bandeira dançando ao sabor do vento, mas via outra coisa junto á nossa bandeira…pois…era outra bandeira…maior. De repente fez-se luz. Claro, uma bandeira com o fundo branco e uma cruz azul…a primeira bandeira portuguesa, de 1143, a bandeira de D. Afonso Henriques, desfraldada em frente à Igreja de Santa Cruz, erigida pelo fundador da nacionalidade, onde se encontra sepultado.
Tão simples, mas tão carregado de simbolismo nacional.
Na minha Coimbra…coisa bela!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

REQUIEM PELA RTP 2


Foram-me ao subsídio de férias para ajudar a atenuar os efeitos da crise na nossa economia. Já me foram ao vencimento. Mesmo com a política de preços baixos na guerra dos hipermercados, a conta cada vez é maior. Cada vez pago mais pelos mesmos litros de gasóleo. Se preciso de viajar em auto estrada, o aparelhómetro da via verde está constantemente a apitar com a sucessão de pórticos que vou encontrando…não digo mais nada porque já me estou a enervar, para chegar à conclusão que se calhar o país não vai conseguir atingir o défice pretendido…batatas meus amigos, batatas.
Como se tudo o que me têm tirado não bastasse, querem-me também tirar a RTP 2. Tudo em prol da melhoria da economia que nunca mais chega.
Dizem que a RTP 2 é um canal de minorias.
Compreende-se perfeitamente porque razão nos estamos a transformar num romance troikiano. Quando o próprio governo considera a cultura como uma minoria, estamos à espera do quê?

sábado, 25 de agosto de 2012

DO SEU QUARTO, PARA O FUTURO


...Da janela do seu quarto, Serôdio contemplava laconicamente a rua onde morava, uma pequena viela que não lhe proporcionava grandes motivos de interesse. Por ali passavam poucas pessoas, o movimento era mínimo. Mas fora naquela pequena casa que crescera. Era a partir dali que iria dar o arranque para a sua vida, um futuro que já fora mais promissor. Alguém forçara o seu destino a mudar de rumo. O curso de medicina era agora um objectivo adiado, senão mesmo sem esperança de ser alcançado. As lesões de que havia sido vítima eram afinal mais graves do que se supusera. Tinha falta de equilíbrio, arrastava a perna direita, não tinha coordenação de movimentos com a mão direita, pelo que o acto de escrever era de momento algo impossível de fazer. Mas o mais grave de tudo residia no facto de não conseguir reter a informação  que recebia através da leitura. Notara que ao ler um livro se encontrava permanentemente perdido no enredo, pois conforme ia avançando na narração, ia ao mesmo tempo esquecendo o que já lera. Se não conseguia assimilar a leitura de entretenimento, o que não aconteceria com a leitura técnica! Teria com certeza de recorrer aos bons serviços de um neurologista e fazer ginástica de recuperação. E toda essa recuperação levaria quanto tempo? Sim, porque ele não admitia que houvesse outro resultado que não fosse o ficar senhor de todas as suas faculdades. Mas isso poderia levar meses... anos. E nem o tempo nem o seu relógio biológico esperariam por ele.
Havia uma semana que saíra do hospital. Sentia-se bem na sua pequena casa. Como filho único que era, os pais tratavam-no com um carinho muito especial, pois ele era um tesouro inestimável que por muito pouco eles não perderam. Já na sua casa, D. Silvina o fora visitar. Levara também o Armando. As lágrimas que vira aflorarem aos olhos do criado negro, tocaram-lhe fundo no coração, pois demonstraram-lhe que naquele homem, nascido numa África distante, tinha um amigo dedicado. D. Silvina oferecera-lhe um bom livro, para atenuar os momentos de tédio. E foi ao ler esse livro que Serôdio se apercebeu daquela deficiência. Ainda não dissera nada aos pais, mas tinha de o fazer.
Os seus pensamentos, que na pacatez do seu quarto iam e vinham, como únicos companheiros de um recolhimento forçado, foram interrompidos pela sua mãe, D. Amélia, que lhe trazia o lanche, composto e apetecível num tabuleiro bem recheado.
-         Em que pensavas filho?- perguntou a mãe enquanto poisava o tabuleiro do lanche numa pequena mesa.
-         Pensava se algum dia conseguirei vir a ser aquilo que quero.
-         E não hás-de conseguir porquê? Apenas tiveste uma pequena paragem no teu percurso. Faz de conta que chumbaste um ano.
-         Mas não chumbei mãe. Sou um aluno que merece entrar na faculdade. Revolta-me saber que por vontade de alguém, eu fui impossibilitado de lá entrar. E mais revoltado fico por não me lembrar quem foi esse ordinário. A policia não tem nenhuma pista?
-         Não filho. Falámos com um chefe, ou um comissário ou lá o que è, mas... disse-nos que iam investigar. Não sei se investigaram ou não, o que è certo è que até agora não obtivemos qualquer resposta. Mas não admira, pois olhando para aqueles policias ficamos com a convicção de que com aquele tipo de homens, a investigação não vai dar a lado nenhum.
-         Bem mãe, não vamos agora culpar quem não tem culpa nenhuma. Mais do que saber o nome de quem me pôs neste estado, interessa-me agora è curar-me. Eu estou pior do que aquilo que se possa pensar.
-         Estás pior filho? Que queres dizer?
-         Não consigo memorizar o que leio.
-         Não percebo Serôdio- exclamou D. Amélia.
-         Mãe, já li bastantes páginas do livro que a D. Silvina me deu e se me perguntares qual o seu conteúdo, eu não te sei responder. È como se nunca o tivesse aberto. Neste estado, como posso eu continuar a estudar?
-         O teu pai já sabe disso?
-         Não. Eu tenho-me andado a experimentar, mas agora tenho a certeza.
-         Temos de ir ao médico.
-         Deus queira que o meu problema tenha resolução.
-         Com a ajuda de Deus, há-de ter filho...(em continuação, pág 59, ex. XVIII)

in FILHOS POBRES DA REVOLTA
Março/2003

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A BRIOSA MORA AQUI


Agora que o campeonato se iniciou abriram-se as hostilidades. A minha primeira hostilidade teve lugar aqui, em Aveiro, ontem. A Académica veio jogar com o Beira-Mar…e a coisa esteve preta. Fui apanhado de surpresa- a Académica está a perder por 3-0. Que sopapo no estomâgo!
Corrijo- a Académica esteve a perder por 3-0, mas conseguiu empatar. Bom, depois de uma recuperação assim, pensei,  isto é uma vitória.
É claro que a Briosa representa para mim muito mais do que uma mera equipa de futebol. É todo o espirito coimbrão que me corre nas veias. É Coimbra que me embala. É o chão que me viu nascer a chamar por mim, sempre que a Académica joga.
Os aveirenses que me desculpem.
E é por isso que, sobre o volante, mantenho aquele emblema, desde 1989, que me sorri e diz a quem o vê: este gajo é de Coimbra!

domingo, 19 de agosto de 2012

O AVISO




...Desde que estava em Angola sempre estivera em operações de defesa. Aquela era a primeira vez  que o seu grupo de combate tomava a iniciativa do ataque. Quando aquela operação terminasse, e esperava que findasse bem, haveria de contar à sua loirinha aquela nova experiência, o sentir a pulsação à selva, o seu dinamismo, as suas cores, as suas sombras, o seu cheiro. Catarina, a sua divinal loirinha. Como ela o sabia reconfortar com as suas cartas.
         «...Meu amor, não sei se o tempo aí em Angola tem a velocidade do tempo europeu. Nos momentos em que recebo cartas tuas o relógio dispara. Nos momentos em que te escrevo cartas o relógio dispara. Mas depois, o maldito do relógio entra numa lentidão atroz. Do nosso grupo de amigos, rapazes e raparigas, tu és o único rapaz que foste para a tropa. Todos os outros pediram espera. Por isso eu sou muito acarinhada e tu muito lembrado. Todos me pedem notícias tuas. E eu rindo, digo-lhes que tu és um autêntico repórter de guerra. Envias-me África em directo. Com as narrações que me fazes de Angola e que eu lhes transmito, colaboras de alguma forma para que, em teoria, muitos dos nossos amigos se preparem para um futuro tempo de tropa.
         Tenho tantas saudades tuas. Em ti me perco. Sem ti não me sei encontrar. Envolve-me mais e mais com o teu amor. Infinitamente tua
Catarina».
         Álvaro sorria ao recordar excertos das cartas da sua loirinha. O coração batia forte de saudade e amor, enquanto as suas mãos seguravam firmemente a espingarda metralhadora g3, e os seus olhos perscrutavam os espaços formados entre lianas, troncos e folhas. Subitamente a imagem do tronco caído na picada, veio-lhe à mente com muito mais intensidade. Podia ver homens negros « mimetizados» com a vegetação que envolvia o tronco. Uma voz o chamava e lhe dizia- « o tronco será avistado depois da próxima curva da picada, onde existe um pequeno relevo no chão. Aí está colocada uma mina anti carro. Avisa o teu comandante. Faz por evitar que a companhia avance para uma emboscada. Sê inteligente e persuasivo».
         Álvaro instintivamente olhava para o ar e para os lados, na tentativa de descobrir a proveniência daquela voz. Num dos movimentos de cabeça reparou que à sua frente, a cerca de trezentos metros, a picada formava uma curva. De imediato se imobilizou. Seguia na frente da coluna, pois o seu pelotão era o primeiro da companhia. Por instinto obedeceu àquela ordem interior.
-         Furriel Paiva- chamou Álvaro.
-         Diga meu alferes- respondeu o furriel.
-         Venha aqui ao pé de mim.
         O furriel numa pequena corrida colocou-se ao lado de Álvaro.
-         A cerca de trezentos metros daqui os turras têm montada uma emboscada. Retarde o andamento da coluna que eu vou falar com o nosso capitão. E nenhum comentário para com os soldados...
(em continuação, pág. 72- ex. XX)
in VISITADOS
Novembro/1999

terça-feira, 14 de agosto de 2012

14 de Agosto de 1385

Aljubarrota- duzentos e quarenta e dois anos depois da independência, a primeira manifestação de Portugal da necessidade em tomar uma atitude de força em defesa dessa mesma independência.
D. João I- Rei de Portugal.
O Condestável D. Nuno Álvares Pereira- Herói Nacional.
Mosteiro da Batalha- A Recordação.

sábado, 11 de agosto de 2012

NA PICADA DO MAIOMBE


...Dos quatro pelotões que formavam a companhia aquartelada no Ninda, apenas um ficara para assegurar a guarda ao aquartelamento. Os restantes três tinham partido em missão de reconhecimento, sob um céu sem nuvens. Seguiam pela picada. Cada pelotão fora dividido em duas partes. Cada parte seguia por cada um dos lados da picada. Iam ali cerca de cento e cinquenta homens, envergando camuflados, ladeando uma coluna de viaturas militares, coluna essa formada por dois unimogues, onde estavam instaladas pesadas « breder ». Seguiam também três berliets e três jipes, um deles transportando um morteiro 60. À frente da coluna seguia ainda uma viatura de sapadores, para detecção e desactivação de minas.
         A picada era um caminho sinuoso de terra batida, que penetrava a densa vegetação. Os homens iam em silêncio, com os sentidos em alerta máximo e os nervos à flor da pele. Só se ouvia o ronronar dos motores das viaturas. Com as g3 bem seguras, colocadas ao nível da cintura, e os tapa chamas apontados para a floresta, os soldados caminhavam uns atrás dos outros. A meio deles seguia resguardado o comandante da companhia, o capitão Rebelo. Sendo ele o primeiro alvo a abater pelo inimigo, com aquele posicionamento mais difícil se tornava ao « in » detectá-lo. Na frente de cada pelotão seguia o respectivo alferes.
         Penetrando no interior da floresta, os soldados tinham oportunidade de conhecer bem de perto a palpitação de vida que existia em cada uma das árvores, de cada buraco, de cada carreiro da floresta que os acolhia. Imensos macacos, de muitas espécies, seguiam com olhar atento o avanço da coluna militar. Aves formando um formidável caleidoscópio, esvoaçavam perto dos homens, aliviando-lhes de certo modo os espíritos perturbados com a perspectiva de penetrarem o desconhecido.
         Álvaro sempre muito aberto às belezas naturais, ia de certa forma deslumbrado. Caminhando à frente do seu pelotão, dir-se-ia que o seu espírito direccionava três das suas partes para a guerra e uma quarta apenas estava ocupada em assimilar e registar a natureza deslumbrante que os envolvia. Álvaro sentia que caminhava num estreito corredor, entalado entre duas imensas paredes feitas de verdura. A extensão da floresta de um e outro lado da picada era compacta. Todo aquele ambiente vibrava de vida... e podia também esconder a morte. Ele não devia deixar que a exuberância florestal o iludisse, pois não ia ali como amante da natureza, mas como soldado, como guerrilheiro. Mas ele sentia que tinha capacidade para desfrutar do espectáculo que a floresta lhe oferecia, e ao mesmo tempo de sentir naquela mata um imenso e feroz inimigo. E sentia outra coisa: desde que a coluna abandonara o Ninda, de vez em quando vinha-lhe à cabeça o cenário de um grande tronco caído no chão, envolvido por capim e plantas trepadeiras, tronco esse que obstruía o avanço da companhia. E nesse tronco e área envolvente existia muito perigo...
(continua, pág. 70- ex. XIX)
in VISITADOS
Novembro/1999

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

INÊS DE CASTRO, UM AMOR PARA A ETERNIDADE (em homenagem ao Prof. José Hermano Saraiva)



Na história de Portugal, que já leva 869 anos, necessariamente que os factos se têm multiplicado, acotovelando-se na nossa memória colectiva. Acontecimentos que se revestem das mais variadas origens, e que suscitam em nós sentimentos de toda a espécie: alegria, tristeza, luto, decepção, orgulho, simpatia, antipatia, patriotismo, heroicidade, valentia, temeridade, loucura, eu sei lá… e também amor.

Para o mundo, o significado mais expressivo de paixão vai-se buscar ao romance de Romeu e Julieta, celebrizado pelo espírito criativo de William Shakespeare.

Para Portugal, não deveria ser necessário recorrer a esses amantes ficcionados para representar a paixão sem limites, porque uma paixão dessas aconteceu na realidade, num desses oitocentos e sessenta e nove anos de que é composta a nossa história.

Corria o ano de 1339, quando o príncipe real D. Pedro, filho de El-Rei D. Afonso IV, se casou com a princesa castelhana D. Constança. Com a princesa de Castela, dentro dos costumes da época, veio para Portugal um séquito de damas de companhia. De entre elas, vinha uma aia, que tinha por destino imortalizar-se tragicamente em terras de Portugal. Era mulher de uma beleza estonteante, segundo rezam os sussurros da história, chamada Inês de Castro, filha do fidalgo galego D. Pedro Fernandes de Castro, mordomo-mor do rei Afonso XI de Castela.

Inês de Castro, como aia da princesa, vivia no Paço, em grande intimidade com a família real. Devido á sua beleza e proximidade, o príncipe real D. Pedro apaixonou-se perdidamente por ela, sendo completamente correspondido nessa paixão. Depressa, no Paço, corriam rumores desses amores extra-conjugais do príncipe pela aia da princesa, muito embora essa prática fosse muito comum na época, o facto de príncipes e reis manterem ligações fora do matrimónio.

Não teria vindo mal ao mundo por esse facto, não se desse o caso de Inês de Castro ter sido criada no Castelo de Albuquerque, em Castela, onde era senhor D. Afonso Sanches, irmão de El-Rei de Portugal D. Afonso IV, filho bastardo do pai de ambos, o já então falecido El-Rei D. Dinis, e que, por fortes desavenças de ordem política fora obrigado a exilar-se em Castela. Diz-se que D. Afonso IV não quis que o filho mantivesse uma relação com uma mulher educada pelo seu inimigo. Assim, em 1344, D. Inês de Castro foi exilada em Castela, retornando ao castelo de Albuquerque.

Aconteceu que, entretanto, no ano seguinte, em 1345, D. Constança faleceu ao dar à luz aquele que viria a ser o rei D. Fernando. Imediatamente D. Pedro não perdeu tempo. Encontrando-se viúvo, em oposição directa á vontade paterna, foi buscar Inês de Castro e instalou-a no Paço de Santa Clara, em Coimbra, passando a viver maritalmente com a antiga aia da princesa agora falecida. Dessa união nasceram três filhos.

Alguns anos passaram, tendo a política castelhana se alterado, no decurso da qual o príncipe Real de Portugal D. Pedro foi escolhido para liderar uma revolta em Castela, sendo que os conspiradores eram fidalgos muito próximos de Inês de Castro. Dizem ainda e sempre as palavras ditas em surdina, de que a história impregna a memória, que El-Rei D. Afonso IV, desaprovando completamente a intervenção do príncipe real em questões de estado castelhanas, e porque Inês de Castro se estava a tornar num caso sério de instabilidade á boa governação do reino, tomou a decisão de a eliminar.

No dia 7 de Janeiro de 1355, aproveitando a saída do príncipe real D. Pedro para a caça, D. Afonso IV enviou os seus carrascos ao Paço de Santa Clara, em Coimbra, onde executaram Inês de Castro, degolando-a.

Dois anos depois, em 1357, D. Pedro tornou-se em El-rei D. Pedro I de Portugal. Tarde demais para a vida de Inês de Castro.

Numa cerimónia que envolveu milhares e milhares de pessoas, o corpo de Inês de Castro foi transladado para o Mosteiro de Alcobaça, onde passou a repousar no mais extraordinário monumento funerário que há em Portugal, onde, anos depois, se lhe juntou túmulo igual, o de D. Pedro I.

Pedro e Inês, amor para todo o sempre.



Na Quinta das Lágrimas, o antigo Paço de Santa Clara, em Coimbra, para sempre se encerraram as memórias da tragédia que, de vez em quando, se revelam ao mundo, quando, em determinados dias, formas de vermelho vivo se tornam visíveis sob a água corrente de um pequeno riacho.

Coimbra e Alcobaça unidas pela mais extraordinária história de amor que os jograis alguma vez puderam cantar em Portugal.

Como nos canta Luís de Camões nos Lusíadas, Inês de Castro ficou para sempre como «aquela de que depois de morta foi rainha».