sábado, 29 de dezembro de 2012

2013- DEVOLUÇÃO DA IDENTIDADE ANÍMICA PARA PORTUGAL


Lembro-me de no início de 2009 ter pensado que essa crise, que então se anunciava, não passaria de um anúncio, próprio dos indesejáveis, mas sempre presentes arautos da desgraça. Infelizmente enganei-me. E enganei-me porque então ainda tinha alguma confiança na nossa desgraçada classe política. Para meu infortúnio curei-me dessa ilusão, porque ao curar-me dela, obrigatoriamente que tomei consciência da realidade, e a realidade não é nada animadora.
No final deste ano de 2012, agora verdadeiramente de tanga, vemos o pequenino governo português pendurado no braço forte de uma troika austera, dando à perninha, mendigando a chupeta, ao mesmo tempo que anuncia aos portugueses que a austeridade é a redenção de todos os nossos pecados.
Quero-vos desejar um ano de 2013 muito feliz. Nunca estes votos foram tão necessários como agora. Mais do que nunca é imperativo que D. Sebastião regresse, para nos resgatar desta teia, mas um D. Sebastião fortalecido, que traga projectos profundos e soluções. Mesmo que venha numa manhã de sol não há qualquer problema. É preciso é que venha e devolva a Portugal a sua identidade anímica.
Para todos vós um enorme abraço de esperança para 2013!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

NATAL, QUE SE QUER SER FRATERNIDADE E AMOR

Neste natal ainda não me senti tocado por aquele espirito que nos empurra para a alegria de uma árvore de natal ou de um presépio. Ainda não me senti embalado pela alegria que anda no ar, porque ou essa alegria não existe ou eu não tenho capacidade para a detectar. Mas tenho de fazer um esforço, porque, efectivamente, estamos na época natalícia.
E porque, este ano, mais do que em qualquer outro que me lembre na minha vida, e que já leva umas décadas, a solidariedade é mais importante do que nunca, desejaria que o mundo, não sei se tenho peito para um desejo tão grande, mas pelo menos o mundo que gira perto do meu viver, conseguisse realmente ser solidário para que a felicidade florescesse no rosto de todos.
A todos os que, por esse mundo fora, nos têm visitado, e com uma forte incidência nos nossos compatriotas, pois mais do que nunca, precisamos de entender as amarguras uns dos outros e de aproximar-mos os nossos corações, desejo um Natal o mais feliz possível, onde consigamos atingir a verdadeira fraternidade. Que o Menino Jesus entre carinhosamente em vossas casas este Natal!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

NA CURVA DA PICADA


...Homens e carros iam parando. Álvaro percorria a picada em sentido contrário àquele em que a coluna seguia. Caminhava com passos rápidos e firmes. A voz que lhe segredara o aviso, fizera-o sentir tão certo da emboscada, como se ele, invisível, ali tivesse estado, e cheio de oportunidade constatasse o inimigo emboscado, verdade absoluta que ia anunciar ao seu comandante.
         Todos o observavam cheios de curiosidade e preocupação. Havia corações que aceleravam o batimento, espicaçados pela adrenalina. Álvaro ia passando por homens que embora tivessem vontade de perguntar o que se passava, não arranjavam coragem para o fazer. Álvaro passou pelo seu amigo, o alferes Mendes. Este perguntou-lhe:
-         O que è que se passa? Porque è que vens para trás?
-         Mantém-te atento- respondeu Álvaro sem parar.
         No meio da coluna, já o capitão Rebelo se mostrava inquieto com a paragem da companhia, sem que para isso tivesse dado ordem, quando por detrás de uma berliet surgiu Álvaro.
-         Alferes Santa Cruz, o que faz aqui? Qual è o problema na frente da coluna?- perguntou o capitão Rebelo.
-         Por enquanto não è nenhum meu capitão. Mas mais à frente temos problemas.
-         Como? Que raio está você p’ra ai a dizer?
-         Meu capitão, gostaria de lhe falar em particular.
-         Você está senil alferes Santa Cruz? Está a ser vítima de ataque de paludismo?
-         Não meu capitão. O que lhe tenho a dizer è estranho, mas pode evitar problemas à nossa companhia.
         O capitão de imediato ordenou que a cabina da berliet mais próxima ficasse vazia. Os dois nela entraram, enquanto dezenas de olhos lhes seguiam os movimentos.
-         Desembuche homem e seja rápido. Não gosto de ver a coluna aqui parada- dizia o comandante de companhia.
-         Meu capitão, depois daquela curva lá ao fundo temos uma emboscada à nossa espera- disse Álvaro sem fixar o seu interlocutor.
-         O quê? Que merda è esta Alferes Santa Cruz? Pensa que estamos a jogar aos « cowboys»? Que raio de oficial...
-         Meu capitão, depois daquela curva, debaixo de um pequeno montículo está armadilhada uma mina anti carro. Alguns metros à frente existe um grande tronco caído, atravessado na picada. Estão lá camuflados muitos turras.
-         Como è que você sabe disso?
-         Não sei explicar, foi como...uma intuição- dizia Álvaro, demonstrando sinais de embaraço.
-         Porreiro... isto è bestial... agora a guerra faz-se por palpites ou bruxaria- dizia o capitão Rebelo bamboleando a cabeça.
-         Meu capitão, por favor ouça-me. Se ali não houver nada pode-me instaurar um processo com o R.D.M.
-         Muito bem alferes Santa Cruz. Tenho-o como um homem de senso e só por isso acedo a esta palermice. Se no entanto você me fizer cair no ridículo perante a companhia...
-         Meu capitão, sem pestanejar eu corro esse risco.
-         Vamos lá então.
         Ambos saíram da cabina da berliet. O comandante de companhia chamou os outros dois alferes e disse-lhes:
-         Meus senhores, por adivinhação, pressentimento ou o raio que parta esta maldita guerra, o vosso colega, alferes Santa Cruz, diz ter a certeza de que depois daquela curva da picada, lá ao fundo, sob um montículo, está armadilhada uma mina anti carro e que mais à frente encontra-se um tronco caído, onde se escondem turras para nos montarem uma emboscada. Vocês vão transmitir isto aos vossos homens e ai do primeiro que eu ouça rir. Quero dois ou três atiradores especiais para dispararem sobre o montículo, se houver montículo, quero os artilheiros prontos com as bazucas e respectivos municiadores, para dispararem sobre o tronco. Esperemos que não seja um pau de fósforo. Quero também os morteiros prontos. Desobedecendo às regras, a partir daqui eu vou à frente da companhia. Se houver montículo e tronco, quero toda a gente de imediato a disparar. Se não houver nem montículo, nem mina, nem tronco e nem turras, prepare-se senhor alferes Santa Cruz. Por esta vez reze para que existam inimigos. Ainda está a tempo de reconsiderar...
-         Não meu capitão, eles estão lá- interrompeu Álvaro.
-         Muito bem, vamos lá então meus senhores- ordenou o capitão Rebelo...(em continuação, pág. 74- ex. XXI)

in VISITADOS
Novembro/1999