sábado, 29 de novembro de 2014

NOTAS AMADORAS DE UMA HISTÓRIA QUE TAMBÉM É MINHA: NA LUSITÂNIA CAI O PODEROSO IMPÉRIO ROMANO E EMERGEM OS VISIGODOS

Lusitânia- ano de 415 d.C.
Os Romanos, que quatrocentos e quarenta e dois anos antes, em 27 a.C, haviam dividido a Hispânia Ulterior nas províncias da Bética e Lusitânia, viram-se forçados a pedir auxílio aos Visigodos, perante a invasão de outros povos bárbaros: os Alanos, Vândalos e Suevos.
No decurso desta invasão, anos depois, em 467 d.C, Conimbriga veria terminados os seus dias sob a acção de um ataque violentíssimo por parte dos Suevos. A população fugiu, em massa, para Aeminium, a poucos quilómetros de distância, na que hoje é a nobre cidade de Coimbra.
Este era o principio do fim da ocupação romana na Hispânia. Abriam-se as portas ao rei Visigodo Leovigildo, que em 570 d.C detinha total controle da Hispânia.
Em 589 d.C os Visigodos converteram-se ao cristianismo.
Ainda hoje, na esquecida aldeia de Idanha-A-Velha, podemos admirar uma das poucas catedrais visigóticas existentes em toda a Península Ibérica.

Uma nova era se iniciava no território que viria a ser Portugal.

sábado, 15 de novembro de 2014

NOTÍCIAS DE AKHENATON, DELEITE PARA SETH

...Todos os dias centenas de escorpiões Ulsh, Akunosh e Efru eram enviados para o mundo dos homens, tomando a forma de homens e mulheres, misturando-se com estes e criando constantes situações de conflito, invejas, ciúmes e muitas vezes de crime. Seth deleitava-se com a infelicidade que via gerar-se nos corações dos homens.
Ainda não tivera oportunidade de se vingar dos restantes deuses que o haviam expulsado de MassiftonRá, e com especial incidência em Amon-Rá, o deus supremo. Essa oportunidade chegou quando o seu fiel Tekhaib o informou de que os obreiros, chegados do mundo dos homens, traziam a notícia de que havia problemas sérios entre o faraó e Amon-Rá, e de que esses problemas tinham tido origem numa sacerdotisa de Amon-Rá, a qual fora subtraída pelo faraó ao templo, e feita rainha do Egipto; e que pelo meio existia a questão da sobrevivência do Sumo Sacerdote, que Amon-Rá queria a todo o custo defender da tirania do faraó.
Seth entrou em êxtase com tais notícias. Ponderou bastante sobre tais questões, querendo ser devidamente informado de todos os pormenores que rodeavam aquela fenomenal notícia. Aquele novo faraó era extraordinário!! Nem a ele, Seth, lhe passaria pela cabeça roubar uma sacerdotisa ao templo de Amon-Rá e fazer dela rainha do Egipto. Bem, o faraó era um ser extremamente poderoso e dominante na terra egípcia. Não admirava que o tivesse conseguido fazer, mas também tinha de ter uma grande dose de loucura para enfrentar assim o deus supremo. E havia ainda a questão do Sumo Sacerdote, que segundo informações trazidas pelos obreiros, escapara à fúria do faraó, desaparecendo do templo, o que fizera com que o faraó tivesse mandado chicotear o chefe dos soldados que haviam ido em busca do Sumo Sacerdote. Não havia dúvidas de que o faraó que se encontrava no poder era um pândego.

Já reflectira bastante sobre todas aquelas questões e decidira agir, pelo que chamou o seu dedicado Tekhaib...(em continuação, pág. 54, ex. XX)
in A Causa de MassiftonRá

Novembro/2005

sábado, 8 de novembro de 2014

PAIXÃO PELA LIBERDADE, UM VALOR OU MEMÓRIA?

Hoje, ao regressar a casa, deparei-me com a seguinte frase escrita numa parede: «a paixão pela liberdade é mais forte que todas as prisões».
Vim pelo caminho a pensar no seu significado. Uma frase tão forte, que antes do 25 de Abril seria uma frase furiosamente proibida, cujo teor na realidade deu direito a um lugar a muitos anti-fascistas, em muitas prisões, com especial incidência no Forte de Peniche e no Tarrafal, em Cabo Verde.
Nessa época, em que a liberdade era um valor absolutamente valioso, a nossa sociedade oprimida, explorada, a morrer na guerra, analfabeta e torturada, sabia, no entanto, ser muito mais humana se comparada com a de hoje. Nessa época os portugueses, sem deputados livres, sem partidos políticos, sem uma Assembléia da República democraticamente eleita, conheciam o seu semelhante e sabiam o significado da solidariedade.
Hoje em dia aquela frase está completamente banalizada. Hoje já ninguém está apaixonado pela liberdade. E esse é um dos grandes males da nossa sociedade. Convencemo-nos de que a liberdade que hoje respiramos é um bem absolutamente adquirido. Mas, com o nível de fraqueza moral de que uma grande maioria da nossa classe política padece, nada é seguro. É que o conceito da falta de liberdade alterou-se. Hoje em dia não é necessariamente obrigatório que, para que a falta de liberdade se manifeste, tenha de existir uma prisão.

Deram-nos a liberdade, mas nunca ninguém nos ensinou a viver nela e com ela!

sábado, 1 de novembro de 2014

NA VERGONHA DA APARÊNCIA DE UM BIBLOT DOMINGUEIRO

...Olhou até onde a vista alcançava. Divisava quase toda a Rua de S. Sebastião. As luzes dos candeeiros ainda estavam acesas. A rua estava deserta. Não passava um único carro. Lá ao fundo um cão atravessou a rua. E ele ali ia, sozinho, vestido com calças e dólman cinzentos, e porque era Domingo, envergava uma camisa branca. Foi das primeiras coisas com que embirrou na policia, foi ter de vestir camisa branca aos Domingos e feriados. Era uma parolice, sintoma de disponibilidade à despreocupação em melhorar a imagem. Ele sentia-se como um «biblot». Aos Domingos e feriados os policias vestiam-se de camisinha branca, para parecerem bem aos olhos do cidadão e fazer sobressair de algum modo um dia votado ao descanso, a que eles, no entanto, não tinham direito. As cidades ficavam muito mais belas com a alvura domingueira dos policias. Que falta de classe! Mas a classe faltava em muitas outras coisas.

         Monotonamente, com as mãos cruzadas atrás das costas, a pala do boné sobre os olhos, na tentativa de dar a entender uma imagem de modernidade, Serôdio iniciou a sua patrulha. O tempo tinha de passar. Se não havia ninguém com quem conversar, conversaria com as sua memórias...(em continuação, pág. 79, ex. XXVII)

in Filhos Pobres da Revolta

Março/2003