sábado, 22 de julho de 2017

IRONIA PREOCUPANTE DE ÍSIS

...-         Que pretendes de mim, pequeno sifto?- perguntou Amon-Rá ao ver chegar o sifto.
-         Divino Amon, venho falar-te sobre o sumo sacerdote que o faraó escolheu para o culto a Aton.
-         Sobre o quê?- perguntou Amon-Rá, intrigado- e desde quando faz parte das funções de um sifto preocupar-se com questões desse teor? Por acaso ordenei-te que o fizesses?
-         Não, divino Amon, mas pensei que talvez tivesses curiosidade em saber algo sobre ele.
-         Sabes o nome dele?- perguntou o deus ancião Aton.
-         Efreiménus- respondeu o falso sifto. 
Desde a chegada do sifto que a deusa Ísis se começou a sentir desconfortável. Não sabia explicar, mas algo na água se fazia conduzir que lhe transmitia um mau estar. Tendo consciência de que era a deusa da magia, Ísis fez irradiar magia por todo o espaço de MassiftonRá, no propósito de obter uma resposta que lhe desse a justificação para aquele seu mau estar; e rapidamente a magia se começou a canalizar para o sifto que se encontrava ali. A deusa Ísis concentrou então toda a sua atenção e energia naquele peixe, e lentamente, mas conclusivamente, começou a sentir que, camuflada por debaixo de todas as vibrações que emanavam do sifto, existia uma energia incomodativa, a fonte do seu desconforto. Sem que isso fosse pressentido pelo sifto, a magia de Ísis começou a inspeccionar a energia camuflada, lendo-a como a um livro que, ganhando vontade própria, se recusava a ser lido. E subitamente a deusa Ísis estremeceu. Reconhecera a energia camuflada! E num ímpeto, disse:
-         Sifto, explica-nos como descobriste o nome do sumo sacerdote.
-         Foi fácil. Introduzi-me no palácio do faraó...
-         Mas porque razão o fizeste, sifto?- perguntava Amon-Rá- eu posso compreender que me queiras agradar, mas isso é uma insubordinação. Os siftos têm de se limitar às ordens que eu lhes dou.
-         Não sejas injusto para com os teus siftos, Amon- disse a deusa Ísis.
-         E deixo passar esta indisciplina, sem nada dizer?- perguntava Amon-Rá com semblante de zangado.

-         Ao que tu te referes seria uma indisciplina, se esse peixe fosse um sifto, o que não é o caso- disse a deusa Ísis com ironia...(em continuação, pág. 68, ex. XXIX)

in A Causa de MassiftonRá

Novembro/2005

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