domingo, 18 de julho de 2010

DUO OURO NEGRO- UM COMETA DE VIBRAÇÃO MUSICAL QUE NÃO MAIS REGRESSARÁ



Há dias, a desfolhar uma revista especializada em música,onde são apresentados todos os festivais rock que se vão fazendo por esse país, em que ao leitor são apresentadas as histórias desconhecidas das suas bandas favoritas, toda essa informação acompanhada por fotografias superproduzidas, surgiu-me, subitamente, uma fotografia antiga. No meio de toda a panóplia de músicos e músicas das mais variadas correntes, eis que ali, naquela página, o Milo Macmahon e o Raúl Indipwo, no sossego da sua arte, acompanhados pelas suas violas acústicas, cantavam uma das suas belíssimas canções. Naquela revista havia espaço para o DUO OURO NEGRO.
Fui habituado a ouvir o Duo Ouro Negro. A nenhum português da minha geração esse nome passará despercebido.
No artigo, que acompanhava a fotografia, tive oportunidade de conhecer um pouco melhor a história deste grupo emblemático da música popular portuguesa, de total influência africana, mais propriamente angolana, pois tanto o Raúl, como o Milo, eram naturais de Angola. E eles cantaram em todos os continentes, tendo actuado no Olympia de Paris em 1967.
O Duo Ouro Negro, pode-se dizer terminou em 1985, aquando da morte de um dos seus membros- O Milo, muito embora o Raúl tenha perpetuado a sua memória e as músicas do Duo pelos anos fora, apresentando-se sempre vestido de branco, até a 2006, ano em que também ele faleceu. E foi para lembrar a sua morte que a revista que eu desfolhava publicou o artigo.
Sensibilizou-me! Neste país ainda vai havendo quem tenha sensibilidade suficiente para conseguir olhar para trás, e reconhecer o mérito de quem, com simplicidade, muito justamente o ganhou.
Termina o autor dizendo que «..nos últimos anos tornaram-se alvo da ignorância e do esquecimento. Mas, como todos os cometas, deixaram um rasto que é preciso seguir».
A música que escolhi para acompanhar este texto- vou levar-te comigo- de 1984, foi a última música criada pelo Duo Ouro Negro.
Ao autor do artigo- Jorge Pires, lhe faço companhia numa homenagem sincera aos dois elementos que constituíram o Duo Ouro Negro: Milo Macmahon e Raúl Indipwo.

4 comentários:

Gibson Azevedo disse...

Olá Fareleira! Mais uma vez, bem-vindo ao mundo dos virtuais.Sua presença nos apraz. Quanto a dupla de compositores/cantores portugueses, lembram-me alguns dos compositores das Minas Gerais, como: Milton Nascimento, Renato Teixeira, Pena Branca e Xavantinho, etc. São lindas toadas de origem popular..., cantigas que brotam d'alma do povo. São ótimas para se curtir a mensagem. São manifestações culturais das mais autênticas.
Grande abraço, caríssimo!

Poeta do Penedo disse...

Caro Gibson Azevedo
Na verdade a colectânea do Duo Ouro Negro é riquíssima em sabor africano. Foi um grupo muito diferente de tudo o resto.
Dos nomes que citou, digo-lhe que, talvez com surpresa sua, que o Milton Nascimento foi um cantor extremamente popular cá em Portugal. Ainda dancei em bailes, com muita paixão, ao som de muitas das suas baladas.
Fica prometido: se me tiver de ausentar de novo, deixarei recado.
Mas que grande grupo de amigos aqui vim encontrar!
Um grande e amistoso abraço.

Teresa Fidalgo disse...

Poeta do Penedo,

Lembro-me que uma tia minha (minha comadre, que agora vive praí para as suas bandas) gostava de ouvir o Duo Ouro Negro... lembro-me de ouvir muuuuitas vezes (e também cantarolar) esta música...

Boas recordações!!! Foi bom reviver...

Saudações

Poeta do Penedo disse...

Cara Teresa Fidalgo
O Duo Ouro Negro não merece o esquecimento a que está votado. Na rádio não se ouve passar uma única música sua. Trazem-me à lembrança coisas boas da minha infância, além de que, numa bela noite de início do verão de 1978, eu, no meu conjunto, ter actuado em parceria com eles, em Mortágua. Foi um momento delicioso.
Briosas saudações.