sexta-feira, 14 de junho de 2013

INFANTE D. PEDRO, DONATÁRIO DE AVEIRO, ECOS DE ALFARROBEIRA

Na nossa modesta condição de meros curiosos da história, entendemo-la sob dois prismas: a história monumental e a história factual.
A história monumental, sob a nossa modesta óptica, será aquela que todos os dias vemos, que facilmente é acessível ao nosso conhecimento. Será a história que fluí de cada monumento, que nos conta histórias da História. Para isso basta termos a atenção desperta e sabermos ver.
A história factual será aquela que se aprende nos documentos, pois apenas existe na memória dos factos, cujo peso do tempo a esconde do nosso olhar e impossibilita a sua percepção.
É da história factual que iremos falar hoje!
 E em função disso digamos duas palavras sobre uma nobre geração, a que Camões chamou de Ínclita- os filhos de El-Rei D. João I. Nestas andanças pelas memórias de Aveiro, disse algures que D. João I autorizou a construção da muralha de Aveiro, a pedido do Infante D. Pedro, seu filho, então senhor de Aveiro, em 1413. E senhor de Aveiro ainda se manteve durante muitos anos. E prolongou o senhorio de Aveiro no reinado do seu irmão, El-Rei D. Duarte, que, como primogénito de D. João I, lhe sucedeu no trono. Há a acrescentar que o Infante D. Pedro, além de donatário de Aveiro, era também Duque de Coimbra.
E foi então, que em 1438, o seu irmão El-Rei D. Duarte, faleceu, sucedendo-lhe no trono o príncipe herdeiro D. Afonso. Mas D. Afonso era uma criança de apenas seis anos de idade, pelo que D. Duarte deixou escrito que a rainha, D. Leonor de Aragão, tomaria a regência do reino. O Infante D. Pedro não concordou com a decisão do seu falecido irmão, tendo então assumido a regência do reino durante a menoridade do novo rei, D. Afonso V.
Os anos foram passando e o número de inimigos do regente D. Pedro foi aumentando, pois que ao tomar posse da regência do reino afastou da corte uma grande fatia da nobreza. Nobreza essa que, conforme o rei crescia e se aproximava da idade adulta, o ía convencendo de que o seu tio, o Infante D. Pedro, não mais lhe restituiria o trono.
A intriga surtiu efeito na mente do jovem rei D. Afonso V, não atendendo, por isso, ás tentativas de conciliação por parte do Infante D. Pedro.
O rei escreveu então ao Duque de Bragança, um dos fidalgos que o instigara contra o tio, ordenando-lhe que se dirigisse para a corte, em Lisboa, e que se fizesse acompanhar por homens de armas, pois que teria de passar por terras pertencentes ao ducado de Coimbra, onde o Infante D. Pedro era o duque. O Infante D. Pedro proibiu a passagem do Duque de Bragança, seu inimigo, pelas suas terras, tendo, por isso, sido considerado pelo rei D. Afonso V como um súbdito desleal ao seu rei. D. Afonso V, sabendo que o Infante D. Pedro saíra em perseguição do Duque de Bragança, com um exército de 6000 homens, formado pela sua gente de Coimbra e Aveiro, investe contra ele, com as suas tropas (30 000 homens), tendo-se encontrado no lugar de Alfarrobeira, ás portas de Alverca, no dia 20 de Maio de 1449, na que ficou conhecida como a Batalha de Alfarrobeira. O rei tinha apenas 17 anos de idade.
O donatário de Aveiro, o Infante D. pedro, pereceu nessa batalha, bem como vários fidalgos que o acompanhavam, terminando assim em tragédia a questão da sucessão ao trono, que opôs tio e sobrinho.
Logo a seguir à Batalha de Alfarrobeira, D. Afonso V concedeu o perdão geral aos moradores da vila de Aveiro, cujo senhor fora seu inimigo. No entanto, no início de 1450, retirou todos os bens a João Eanes, de Esgueira, que fora partidário do Infante D. Pedro em Alfarrobeira.
O Infante D. Pedro foi senhor de Aveiro durante cerca de quarenta anos, devendo-se a ele a construção da muralha e a ainda existente feira anual- a Feira de Março, bem como o incremento que deu á pesca e ao comércio.
Em Aveiro, a memória do Infante D. Pedro é lembrada sempre que vamos ao parque da cidade, ao qual foi dado o seu nome, e mais recentemente ao próprio hospital da cidade.
Infante D. Pedro, uma muito ilustre memória de Aveiro!

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