sábado, 16 de agosto de 2014

SOLDADO MILHÕES, EM ARMENTIÉRES...ESSE HERÓI ESQUECIDO

Durante uma semana, no mês passado, nos programas da manhã, a Rádio Renascença dedicou pequenas rubricas ao centenário da eclosão da I Grande Guerra, que aconteceu no dia 28 de Julho de 1914. E fê-lo, com a sensibilidade histórica de quem respeita a memória dos seus combatentes.
E confesso que enriqueceu os meus conhecimentos sobre o envolvimento de Portugal neste conflito, através do Corpo Expedicionário Português. E conseguiu-o, porque muito embora há muito que dedique a minha atenção á última batalha em que tropas portuguesas se viram envolvidas- a Batalha de La Lys, também conhecida por Armentiéres, nos pântanos da Flandres, em 9 de Abril de 1918, eu nunca tinha ouvido citar o nome de um herói nacional, completamente esquecido, do qual, esta semana a Rádio Renascença trouxe a memória á luz do dia- o soldado Aníbal Augusto Milhais, que ficou conhecido como o «Soldado Milhões».
O Soldado Milhões, nesse trágico dia 9 de Abril de 1918, em que vários milhares de soldados portugueses sucumbiram á avalanche alemã, completamente sozinho na sua trincheira, apenas acompanhado pela sua metralhadora Lewis, enfrentou as colunas alemãs, retardando o seu avanço, o que permitiu a retirada a muitos seus camaradas portugueses e também a soldados ingleses, para as posições defensivas. Deambulando pelas trincheiras, o Soldado Milhões salvou ainda um médico escocês de morrer afogado num pântano no local da batalha, médico este que deu conta do heroísmo do nosso soldado, natural de Valongo- Murça, em Trás-Os-Montes, ao exército aliado.
O Comandante Ferreira do Amaral diria, mais tarde, que o Soldado Aníbal Milhais, embora sendo «Milhais», valia por Milhões, daí a sua alcunha.
O Soldado Milhões é o único militar português, sem qualquer patente, ainda hoje, condecorado com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, por bravura demonstrada no campo de batalha.
Aníbal Augusto Milhais faleceu a 3 de Junho de 1970.

De um outro português, 96 anos depois, merece bem esta simples homenagem.

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