Nestes tempos, social e economicamente conturbados em que
vivemos, momentos que não são estranhos a este nosso adorado Portugal, pois que
outros já aconteceram e também foram ultrapassados, cada um de nós (os que
pertencemos aos comuns mortais, e porque do Olimpo muito distante é feita a
nossa vida, o que determina que estejamos expostos a todas as vicissitudes de
que se reveste esta já prolongada crise, que nos provoca uma multiplicidade de
problemas humanos, tanto de índole económica como sentimental), faz por tentar
ultrapassar esses mesmos problemas, das formas que melhor considera serem as
ajustadas para auxiliar na luta. No que
me diz respeito, uma das formas que utilizo é a leitura, muito embora ler seja um feliz hábito que me acompanha
desde a adolescência.
E no manancial de livros já lidos, surgem por vezes
verdadeiras preciosidades, tanto pela forma como pelo conteúdo, como «O Ferro
Velho» de Anthony Burgess ou «O Espião de D. João II», de Deana Barroqueiro,
com a consciência de que mais alguns livros existem nesse lote.
Neste momento leio
1034 páginas de uma escrita soberba e um conteúdo extraordinário: «O Primeiro
Homem de Roma», de Colleen McCullough. Uma viagem fascinante ao senado romano,
onde tomamos conhecimento da forma como o senado de Roma funcionava, as
intrigas, as traições, as amizades, as alianças que se faziam no seio dos
senadores, onde ficamos a conhecer a real magnitude do Império Romano e a forma
como se fazia a gestão do poder nas várias regiões ocupadas, onde se incluía a
velha Hispânia, principalmente a Hispânia Ulterior onde nos encontramos neste momento. O enredo
passa-se no decorrer do último século antes do nascimento de Jesus Cristo, por
volta do ano 80 A.C., numa república cuja figura máxima era o Cônsul, tendo
numa fase posterior sido substituída pela figura do imperador. E este livro
aborda uma questão, na qual eu já havia pensado: Roma e Itália eram a mesma
coisa? Até este período de que trata o romance, não, não eram a mesma coisa,
tendo essa questão originado uma guerra no interior da república, pois que os
italianos pretendiam a cidadania romana, que lhes foi negada pela maioria dos
senadores.
O romance, que tem um conjunto formidável de personagens,
baseia-se muito na personalidade e feitos de duas delas: Caio Mário e Lúcio
Cornélio Sila.
Surpreendentemente um tema magistralmente abordado e escrito
(com um enorme trabalho de pesquisa por certo) por alguém, que, na minha
opinião, absolutamente nada tinha em comum com a cultura romana, como era o
caso da autora, de nacionalidade australiana, falecida no dia 29 de Janeiro deste ano.
Este livro, uma preciosidade de facto!
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