quarta-feira, 15 de julho de 2015

OS QUE PELA ESCRITA NADA SENTEM

Sendo eu um dos portugueses que constam do número dos que, obstinadamente, lutam contra a barbaridade do acordo ortográfico, constato que a muitos dos que fazem parte do meio que directamente me envolve «tanto se lhes dá como se lhes deu» que a língua portuguesa seja ou não alterada, distorcida. Aliás, até é com mágoa que reparo a ligeireza, a prontidão com que os vejo aceitarem as novas normas, anti-democráticas, (pois que o povo não foi chamado a pronunciar-se sobre a vontade de alterar o que de mais precioso tem- a sua língua), e as aplicam, numa demonstração cruel de distanciamento ao que à cultura diz respeito.


Mas tal atitude também não é de estranhar, quando muitos outros talvez não precisassem de nenhum acordo ortográfico para alterar a forma de escrever, porque por sua vontade espontânea são os primeiros a abdicarem das cedilhas, dos acentos circunflexos e do til nas respectivas palavras, descaracterizando o português. Cada qual que conclua e mentalmente acrescente o que está em falta, porque escrever o português correctamente dá muito mais trabalho! E o mais grave é que venho notando esta tendência em documentos oficiais, escritos pelo funcionalismo público.

Se o desinteresse demonstrado por muitos de nós relativamente à nossa identidade cultural, for generalizado, melhor se explica a facilidade que o governo tem demonstrado ao cometer certos tipos de atropelos.

4 comentários:

ICE disse...

«Anti-democrático» é junto sem hífen, mesmo antes da aberração do Acordo Ortográfico. Olhe também o acento em «á cultura»... De resto, concordo com tudo.

Poeta do Penedo disse...

Obrigado pelo seu comentário.

ICE disse...

E não corrige?

Poeta do Penedo disse...

quando me revelar qual o teor do seu gelo, aí corrigirei o que achar que deve ser corrigido.