terça-feira, 12 de julho de 2016

PARA VOCÊS DESTE NOJENTO, CAMPEÃO EUROPEU

As redes sociais estão a abarrotar com, eu diria, milhões de publicações, sobre o facto de nos termos sagrado campeões europeus de futebol. E têm razão para o fazer. Eu, no alto dos meus sessenta anos, há quase seis décadas que persigo esse sonho, em todos os jogos que vejo da selecção.
Confesso, já fui um seguidor do futebol muito mais assíduo do que sou hoje, pois que me é difícil conceber que num país, com tantas dificuldades como o nosso tem passado, no mundo do futebol se pratiquem ordenados daquela monta. São ordenados que pertencem a um mundo que eu não sei qual é, mas de certeza que não é o meu. Mas, quando o futebol é uma questão de selecção, esqueço-me desse pequeno pormenor, e abraço o percurso da selecção com alma…alma de português.
E foi por isso que segui a estadia da nossa Selecção em Marcoussis. E foi por isso que ouvi, com ouvidos de ouvir, tantas e tantas pequenas entrevistas feitas aos nossos emigrantes em França. E sensibilizei-me…por vezes quase às lágrimas. E apercebi-me da revolta contida que existe no peito de muitos portugueses a trabalharem em França, pela forma como se sentem tratados, e da alegria, o sabor a pequena vingança, com que ontem deverão ter chegado aos seus empregos franceses, e dizer aos seus colegas franceses: «ei cambada, aqui está a chegar o nojento, que é campeão da Europa».
E principalmente constatar o quanto de maravilhoso sentimento patriota existe em corações de jovens, jovens franceses, que por serem filhos de portugueses amam Portugal de uma forma absolutamente arrebatadora. Meninos de doze ou treze anos, vestidos da cabeça aos pés com as cores nacionais portuguesas, a apoiarem a Selecção Portuguesa, relegando para segundo plano a selecção gaulesa, porque, mais forte do que a sua ainda pequena vivência no meio que os viu nascer- a França, é o sentimento pela terra lusa que os seus pais lhes souberam incutir na alma, fruto do seu eterno amor ao povo enorme a que, orgulhosamente, pertencem- o povo português.
Aos nossos enormes jogadores, que souberam ser muitíssimo melhores do que a maioria da nossa medíocre classe política, ficamos a dever o facto de termos conseguido trepar um degrau no conceito internacional. Se é pelo futebol e não pela política que podemos recuperar algum do prestígio internacional perdido, que assim seja. Urgente é fazê-lo, porque nunca tinha visto uma selecção, um povo, ser apelidado de nojento, apenas e só porque tem capacidade para ir mais além. É demonstrativo de quanto azedume e má vontade contra nós existe por essa Europa fora.

Obrigado selecção. Viva Portugal!

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