sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O QUE EM MAFRA SE APRENDE, A MENTE NÃO ESQUECE

...Paralelamente à instrução leccionada nas salas de aulas, existia também a instrução ministrada ao ar livre. E essa dividia-se por várias áreas: educação física, instrução de tiro nas carreiras de tiro, aulas práticas sobre trânsito, onde se aprendiam a melhor postura do corpo para fazer sinal de paragem a um automobilista, a melhor forma de abordar um condutor pedindo-lhe os documentos e a maneira correcta de executar os sinais de trânsito, para aplicar em futuras horas de regularização do tráfego citadino. Por fim existia a instrução de ordem unida e manejo de armas. Nesta área Serôdio estava muito bem preparado, pois todos os militares da Escola Prática de Infantaria de Mafra eram exímios na arte de marchar e no manejo de armas em formatura. Dos vinte e oito guardas provisórios que formavam o seu pelotão, ele era o único cuja formação académica se situava acima da quarta classe, já que era o único que frequentara um liceu e terminara o segundo ano do Curso Complementar. Só por esse motivo era constantemente alvo de atenção por parte dos monitores. Como se só isso não bastasse, o seu modo de marchar também se salientou dos restantes colegas, pois marchava puxando os joelhos bem para cima e alargando substancialmente os passos. Os monitores não queriam aquela forma de marcha e avisaram-no de que deveria corrigir a maneira de dar os passos. Mas ele nunca o fez. Tinha muito orgulho na ordem unida que lhe fora ensinada no «Calhau», em Mafra. Não seriam aqueles labregos que iriam anular esse vínculo à sua vida militar...(em continuação, pág. 85, ex. XXXIII)
in Filhos Pobres da Revolta
Março/2003

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