quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

DUAS PALAVRAS POR MADALENA IGLÉSIAS

Faleceu Madalena Iglésias, aos 78 anos de idade. Senti um pequeno vazio quando soube a notícia. A princípio não percebi porquê. A música que ela cantou não me era particularmente grata. Aliás, no seu tempo áureo nenhuma música me era interessante, pois que eu era um miúdo. Mas reparei então que é aí mesmo que reside o facto de a sua morte me ter tocado: ela é um símbolo da minha infância. E agora que tenho esta boa idade, cada vez mais sinto como pode ser importante a infância para toda a vida adulta do ser humano. É que, naqueles dias felizes, até aos meus dez anos, lembro-me de ouvir as rivalidades (hoje reconheço quase pueris) entre a  Madalena Iglésias e a Simone de Oliveira, as tricas da rádio, as rainhas da rádio ou o rei da rádio (o António Calvário), lembro-me das opiniões dos meus pais sobre a Madalena Iglésias, recordo muito bem o festival de 1966, em que eu tinha dez anos, e a sua vitória nesse festival com a canção «sei quem ele é, pois é um bom rapaz, um pouco tímido até…».
         Recordo um pequeno mundo bonito que, dia-a-dia se desenrolava perto de mim, em que estava presente a Madalena Iglésias, e que então me fazia muito feliz.
Claro que eu não tinha consciência ainda do mundo feio que, um pouco mais distante, para lá da porta da minha casa, existia, e fazia com que, na maioria dos lares portugueses, se estivesse permanentemente com os olhos postos em África.
É verdade que hoje em dia uma grande fatia da nossa sociedade não sabe quem foi a Madalena Iglésias;
claro que nada fez para ser recordada na Assembléia da República. Mas inscreveu o seu nome na minha infância, tornando-a um pouco mais…musical.

Obrigado Madalena Iglésias!

2 comentários:

Anónimo disse...

Não sabia do falecimento :(

É bom voltar aqui...
Lembra-me do início do meu blogue... o seu foi dos primeiros que visitei :)

Um abraço amigo

Paula do blogue ...viajar pela leitura...

Poeta do Penedo disse...

Olá Paula. Que bom recebê-la e sentir que se sente aqui bem. Pois, a vida é assim. Neste caso, palavra atrás de palavra, juntamos um enorme monte delas, que transmitem pedacinhos de nós, e quando damos conta vemos dez anos passados. Mas cá continuamos, eu e a Paula, cada um no seu cantinho, continuando a dar ao mundo pequenos traços de nós mesmos...esperamos que imbuídos com algum interesse. Gostei imenso de a voltar a receber. Um abraço.