sábado, 27 de setembro de 2008

AVEIRO, 16 DE MAIO DE 1828


Talvez por, neste nosso país que é Portugal, me sentir privilegiado, por pertencer ao grupo dos portugueses vivos que viveram a nossa revolução de Abril, no meu caso, na minha querida cidade de Coimbra,
é que decidi escrever sobre esta data,


que algo trouxe a esta maravilhosa cidade de Aveiro, há 180 anos. Pedi então ao meu amigo António Henriques que se munisse da sua máquina e partíssemos em busca da história, pedido a que ele acedeu pronta e entusiasticamente. E das catacumbas da história desenterrámos o registo fotográfico que se vai apresentando. Pode parecer tétrico o que em Aveiro existe que se relacione com a questão, mas é precisamente o que existe. Nada mais!
Corria o ano de 1828. D. João VI, rei de Portugal, falecera havia dois anos. O sucessor directo ao trono, D. Pedro IV, acumulava o trono do Brasil, ao qual dera a independência havia seis anos. Portugal estava entregue à regência de sua irmã, a infanta D. Isabel Maria. No entanto, o seu governo carecia de uma mão firme, para colocar ordem nos seus ministros liberais, entusiasmados com as mudanças implementadas pela recente Carta Constitucional ainda do tempo do falecido monarca D. João VI. Nesse sentido, D. Pedro IV, do Brasil, resolveu chamar ao reino o seu irmão, o infante D. Miguel, que se encontrava exilado na Áustria, ainda por ordem do já falecido pai de ambos, depois dos fracassados golpes absolutistas que ficaram conhecidos como «Vilafrancada» e «Abrilada».
E assim, em Fevereiro de 1828, D. Miguel chegou a Portugal, com a obrigação primeira de jurar a Carta Constitucional, que fez...mas jurou falso. E a primeira prova das suas verdadeiras intenções, aconteceu em Março desse ano, um mês depois de ter chegado a Portugal, ao dissolver em Lisboa a câmara de deputados.
Nessa câmara, em representação de Aveiro, tinha assento, como deputado, o Desembargador Joaquim José de Queiroz, com uma prestação bastante activa, que em muito se chocou contra o cariz profundamente absolutista da rainha viúva, D. Carlota Joaquina.
Câmara dissolvida, deputados recolhidos às suas respectivas regiões. O Desembargador Joaquim José de Queiroz regressou a Aveiro, à sua casa do Lugar de Verdemilho. No entanto, ultrajado com tão vil acto, corria-lhe nas veias o sangue apressado. (continua)

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