Ontem, dia 11
de Julho de 2013, as minhas fibras democráticas foram violentadas…as fibras
democráticas que ainda resistem a este ambiente virulento que mina o nosso
estado democrático.
Via na
televisão um resumo de uma sessão da Assembleia da República, que discutia a
restruturação da função pública, quando das galerias subiu um grito de
desespero que pedia «demissão». Uma palavra de ordem gritada do fundo da alma
de quantos ali marcavam presença, os verdadeiros representantes do povo naquela
assembleia. Lançaram papéis para cima dos deputados. A presidente da Assembleia
da República, Assunção Esteves, a segunda figura na hierarquia do Estado, logo
a seguir ao Presidente da República, mandou evacuar as galerias. Até aí nada a opor.
O que veio a seguir é que foi moralmente deplorável. Assunção Esteves, com a
voz embargada, vestindo a roupagem de vítima, qual injustiçada a subir ao
cadafalso, tomou a palavra, dirigiu-se aos deputados e disse-lhes que não
temessem…não tinham sido eleitos para serem desrespeitados, nem ofendidos, e
que não podiam deixar que os seus carrascos lhes dessem maus costumes.
A presidente
de uma assembleia que representa o povo, considerou o povo seu carrasco.
O povo
deveria ter o poder de ser o carrasco político de tantos e tão maus políticos,
porque, possivelmente, se assim fosse, talvez muitos dos nossos problemas se
resolvessem.
No cimo da
sua altivez e de toda a sua competência que a levou áquele cargo, no cimo da
sua muito difícil vida, não teve a presidente da assembleia da república a
sensibilidade para perceber os dramas que obrigaram aquele povo a manifestar-se
da forma como se manifestou.
Para
chegarmos ao estado da nação a que chegámos, em que andamos, pelo conjunto de
razões políticas e de competência postas em prática, a mendigar, e a dar
satisfações á troika invasora, somos forçados a concluir que a Assembleia da
Republica, caso tivesse estado de portas fechadas, não se sentiria a diferença.
Em Portugal,
um povo de sangue na venta precisa-se.
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