...A porta
abriu-se e surgiu um 1º cabo. Era rádio-telegrafista.
-
Meu capitão, chegou ontem esta mensagem da Metrópole.
-
Da Metrópole?- perguntou o capitão Rebelo carregando o
sobrolho- foi você que a recebeu?
-
Fui eu sim, meu capitão.
O comandante da companhia desdobrou a
folha de papel que o 1º cabo lhe entregara. Leu a mensagem que nela estava
escrita. Depois, virou-se de novo para a janela. Na parada, o grupo de soldados
que ia ao banho, tinha engrossado.
-
São tão jovens...- dizia o capitão Rebelo- mas que
porra de notícia para dar a quem acaba de chegar do mato. Cabo Guedes, vá
chamar o alferes Santa Cruz. Ele que vá ter à espelunca do meu gabinete.
-
Sim meu capitão.
-
Mas ouça bem nosso cabo, quem lhe dá a notícia sou eu.
Você não sabe de nada.
-
Está certo meu capitão. Ainda bem que não sou eu que
lhe tenho de dar essa notícia.
-
Será bem difícil, pode crer. Mas eu como comandante de
todos vocês, tenho de zelar pela vossa integridade física e mental, já que da
moral não sei se estarei à altura. Mas vá lá nosso cabo, vá lá.
-
Se me dá licença- disse o 1º cabo que depois de se
perfilar e fazer uma bem puxada continência, virou costas e desapareceu em
busca do alferes Santa Cruz.
O capitão Rebelo apertou os botões da
camisa do camuflado. Passando com a mão pela cabeça procurava o seu maço de
tabaco. Porque havia a vida de ser assim? Onde estavam as palavras adocicadas,
leves, que tivessem a capacidade de suavizar notícia tão negra? Que Deus o
ajudasse... a ele e ao alferes Santa Cruz.
Fumando um cigarro, o capitão Rebelo
fechou a porta do seu quarto atrás de
si.. Meia dúzia de metros andados chegava ao gabinete empoeirado. Junto à porta
encontrava-se Álvaro. Quase que nem o deixara respirar!
-
Você foi rápido alferes Santa Cruz- disse o comandante
da companhia, com ar grave e sério...(em continuação, pág. 93, ex. XXXI)
in Visitados
Novembro/1999
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