quarta-feira, 18 de outubro de 2017

PRIMAVERA E OUTONO, ESTAÇÕES DE FOGO NO PORTUGAL DE 2017

Escrevo estas palavras imbuído de uma enormíssima tristeza, pois para além de ver a floresta, muitas dezenas de habitações e unidades indústriais do meu país a serem consumidas pelo fogo, de ver este nobre Portugal vestir-se de negro, é-me muito difícil aceitar que 106 meus concidadãos tenham, naquele miserável dia 17 de Junho e neste muito recente e trágico 15 de Outubro, perdido a vida da forma mais cruel que se possa imaginar.
Estamos de luto por três dias mas não podemos estar em paz. Para quem diz que algo tem de mudar eu digo que tudo terá de ser diferente.
De quem é a culpa?
No meu entender a culpa é de sucessivas décadas de uma política incorrecta, ou melhor, sem política nenhuma, para as nossas florestas. Depois que a nossa sociedade mudou, os matos das florestas cresceram a seu belo prazer, de forma completamente irresponsável, e deixámo-nos de preocupar com a correcta florestação, visivelmente espreitando o lucro.
A culpa foi de políticas completamente erradas que extinguiram o corpo da guarda florestal, e que era um garante de vigilância e alerta.
Nesta segunda investida do fogo, o governo tem uma grande quota parte de responsabilidade, pois não foi sensível às alterações climatéricas. E porque o calendário normal dos fogos diz que em Outubro o tempo é de Outono, como tal de temperaturas mais baixas e primeiras chuvas, o governo afrouxou as medidas de segurança, subestimando a alterações do clima, o que se veio a revelar fatídico no Domingo passado.
Exige-se a queda do governo. Mas quem exige a sua queda é quem é incapaz de ver o trabalho que o governo apresentou, em prol da nossa recuperação económica, ou então exige essa demissão porque encontrou nos incêndios o pretexto que aguardava, para ver pelas costas o governo que a esses chamou de medíocres.
Em prol da nossa economia, em prol da recuperação de alguma dignidade de vida por parte do povo, considero que se o governo do PS cair, isso será um enorme erro.
A Direita anunciou a chegada do diabo. E estava certa. O diabo chegou mesmo, entrou no nosso pobre país e devastou-o. Resta saber se o diabo veio por sua livre e espontânea vontade, ou se foi solicitado.
É sabido que ele, o diabo, tem duas capas: com uma tapa e outra destapa. Cá estaremos para ver se este diabo tem, efectivamente, a capa que destapa.

Os meus mais profundos pêsames a todos os familiares das 106 vítimas mortais deste verão e Outono, neste queimado ano de 2017.

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