quinta-feira, 7 de agosto de 2008

ALFEIZERÃO, A MOURA DO OCIDENTE



No dia em que deixei de viver em Coimbra, 14 de Agosto de 1974, foi o dia em que conheci Alfeizerão. Dia triste, pois abandonava a minha cidade natal; no entanto, dia que se veio a revelar pródigo em enriquecimento, pois foi nele que se iniciou o processo da minha inserção numa nova sociedade, que começou por me chamar de «bimbo». Mas toda uma juventude muito agradável me aguardava. Se existiam tendências, que em Coimbra eu sentia existirem em mim, foi em Alfeizerão que tive a felicidade de as ver despontarem: a musica e o teatro.
Naquela época, Alfeizerão inseria-se na província da Estremadura. Hoje encontra-se na Região do Oeste. É como uma encruzilhada: está praticamente à mesma distância (14 kms) de Alcobaça, Nazaré e Caldas da Rainha. Percorrem-se apenas três quilómetros e alcançamos a bela praia de S. Martinho do Porto.
Na minha memória, Alfeizerão merece que eu me lembre dela, pois o que pensava vir a ser um cenário de imensa tristeza (a minha Coimbra ficara para trás), revelou-se-me, afinal, um período de muito enriquecimento pessoal.
Em Alfeizerão existe um castelo, um castelo mouro! Mas não há quem se interesse por isso. Nem o Prof. José Hermano Saraiva lhe fez uma visita. O castelo encontra-se numa colina, para poente, à entrada da vila, de quem vem da praia. Mas para o viajante, que bem vê a colina, ali lhe surge apenas uma mata cerrada. Nessa mata se esconde o castelo, que ainda apresenta restos dos torreões bem circulares. Sei bem que aquela colina muito tem para revelar, porque nela passei muitas horas, na companhia de outros jovens, fazendo as únicas (suponho eu) explorações que ali se fizeram. Começaram a surgir artefactos. Tivemos a responsabilidade de pararmos, e deixar que arqueólogos verdadeiros viessem. Nunca vieram. Todos os alfeizerenses sabem que a colina ,nas traseiras da igreja, é muito rica em história. Quais são, em Portugal, as localidades que se podem gabar de poder apresentar um monumento tão antigo, que resistiu à reconquista cristã?
Embora ninguém o saiba, é o castelo de Alfeizerão o seu ex-libris.
Não é por acaso, que no seu brasão, se apresenta uma meia lua árabe.
Para quem se interesse por estas coisas, talvez se interrogue porque razão aquele símbolo tão árabe, está presente no brasão de uma vila portuguesa, europeia?!
Quem por essa questão se interessar, que o pergunte à moura encantada, que certas noites surge ainda no castelo. Apenas precisa ter paciência...e alguma coragem, porque, pelo relatos que correm, essa moura, princesa do castelo, traída pelo seu amor, um cavaleiro templário, não tem os cristãos em grande conta!

4 comentários:

J. disse...

Thanks for visiting my blog!
worldweeklyphoto.blogspot.com

Poeta do Penedo disse...

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Who knows, if one of these days, could be possible you learn something in portuguese, to give you a chance of understending some words i wrote.
You found my blog. Thank you for that.
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TFoot disse...

Fico contente que mais alguém valorize tanto a nossa terrinha.
Obrigada

Poeta do Penedo disse...

Tfoot
só por acaso dei com o seu comentário, num post que fiz já lá vão dois anos. mas como este título tem corrido mundo, pelo que me é dado ver no mapa, hoje tive vontade de o revisitar.
Não tem que agradecer, pois que Alfeizerão faz parte de mim. Estou casado com uma alfeizerense de gema. Casei-me nessa bonita igreja.
Cumprimentos.