sábado, 6 de dezembro de 2008

CAMARATE, 28 ANOS DEPOIS

Naquele final de tarde do dia 04 de Dezembro de 1980, jogava eu uma partida de snooker, num café em Alfeizerão, quando a emissão da televisão, colocada num plano bastante alto, em relação a mim, foi interrompida. Seriam cerca das sete da tarde. Não é que eu e os outros estivéssemos a dar importância ao que estava a passar, pois muito mais importante era a partida que entre mim e eles decorria, mas sentimos que o barulho de fundo repentinamente se alterara. E foi então anunciado que o Primeiro Ministro Sá Carneiro acabara de sofrer um acidente de aviação em Camarate e falecera. O jogo parou, o país parou.
Com o decorrer das horas foram conhecidos mais pormenores. Mas tanto como no dia 7 de Dezembro de 1980, como hoje, 7 de Dezembro de 2008, uma tremenda pergunta ficou sem resposta: acidente ou atentado?
Numa entrevista dada pelo Professor Diogo Freitas do Amaral (à época ministro da AD), há cerca de um mês, na RTP, na rúbrica Grande Entrevista, ele esclareceu que o engenheiro Adelino Amaro da Costa, então, também ele ministro da AD, estava a investigar a venda de armas para o Afeganistão, por parte de alguém em Portugal; e revelou que desapareceu um telegrama, enviado pelos serviços secretos britânicos, a avisar que um experiente bombista britânico se havia deslocado para Portugal dias antes do acidente. Esse telegrama seria a prova de que alguém deveria ter colocado forças em campo para detectarem o tal bombista, e não o fez.
Estes dois dados novos, escondidos do conhecimento público durante estes quase trinta anos, podem levar a depreender que Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa foram vítimas de atentado, como tal, de homicídio.
Desde o primeiro momento se soube que o Rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, foram vítimas de atentado, quando em 1908 ambos foram assassinados;
Desde o primeiro momento se soube que o Presidente Sidónio Pais foi vítima de atentado, quando em 1918 foi assassinado.
No entanto, ainda hoje não sabemos, se no dia 04 de Dezembro de 1980, Portugal assistiu ou não ao seu 3º atentado de cariz político, perpetrado no decorrer do Séc. XX.
Com as declarações recentes do professor Diogo Freitas do Amaral, que considero ser uma pessoa extremamente responsável, tenho forte suspeitas de que nos corredores da nossa política uma mente oculta exista, que não deixou e faça com que se não consiga alcançar a verdade sobre o que realmente aconteceu, no cair da noite daquele dia 4 de Dezembro de 1980.

Sem comentários: