segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

AQUI TAMBÉM É PORTUGAL


Quantos anos tenho? Não sei, já me esqueci. E isso importa? Para quem eu fui feita, já não existe. Depois da sua morte veio o desprezo, o abandono. Sou feia, extremamente medieval. Os homens me contemplam e se admiram, interrogando-se como pode ter sido possível que eu, um dia, tenha servido de abrigo a alguém. Mas servi!
Numa outra era fui construída, num tempo em que para o homem o mundo era muito mais pequeno.
Embora para nada sirva, mantenho-me orgulhosamente intacta, com a forma que o meu criador me deu, desafiando os tempos. Estou fria e vazia. Restam-me as memórias de tudo quanto em mim se viveu, histórias que se escondem nas pedras do meu ser.
Não sou monumento, porque de pobreza fui feita. Mas aos monumentos nada devo quando de história se fala.
Porque o povo é o sal de uma nação, neste ermo que ocupo também é Portugal!

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