domingo, 14 de outubro de 2012

100 ANOS DEPOIS, DE NOVO NO «REVIRALHO»



Hoje, ao passar numa rua, deparei-me com uma frase pintada numa parede, que perguntava: PS, CDS, PSD, até quando?
Esta simples pergunta encerra um número enorme de questões, que decerto já passaram pela cabeça de muitos de nós, pelo menos nos que têm votado num destes três partidos, que é o meu caso. Esta pergunta tem toda a razão de ser. Desde o 25 de Abril, apenas houve um pequeno período em que o governo esteve entregue ao PCP (no tempo do Gonçalvismo). Por isso, todos os erros são atribuídos a estas três organizações pensantes, que se vai dizendo agora, que foi tudo menos erros, insinuando-se que as más políticas foram premeditadas, para beneficiar a nata deste pobre país. Uma coisa é certa- os erros foram cumulativamente colossais, os fundos que vieram da CEE foram colossais, a fiscalização sobre a aplicação desses fundos foi nenhuma, as riquezas súbitas e enormes diz-se que são brutais…mas de uma coisa eu tenho a certeza- o país sofre como eu nunca o vi sofrer, porque havia muito dinheiro que foi sorvido, cujo sofrimento, no entanto, não é compartilhado (compartilhado… como se tal fosse possível num país onde grassa o egoísmo), não é sentido por todos, pois há-os aí que, muito embora vivam num país em crise, mantêm-se incólumes, vivendo num protectorado, que o sistema, esta dita democracia, criou.
No final do séc. XIX, caso fosse costume sujar as paredes com inscrições, estiveram criadas as condições para que, numa qualquer parede deste reino, surgisse uma frase pintada que poderia perguntar: Regeneradores, Progressistas, até quando?
Estes foram os dois partidos políticos que, entre 1891 e 1910, governaram Portugal de uma forma soberba, á semelhança dos de agora, pois então já se está a ver a qualidade, que, entre si, intercalavam o poder e a oposição. Este período ficou conhecido para a história como o «Rotativismo». O povo apelidou-o de «O Reviralho». Terminou, como sabemos, com a queda da monarquia em 1910.
Por vezes a história repete-se, quando a pouca vergonha começa a ser demais. Resta saber o que é que poderá cair.
Mas que estou farto de PS, CDS e PSD, sem dúvida nenhuma que estou. Vejamos que história nos terá para contar o próximo acto eleitoral para as legislativas. Estou muito curioso. Mas que voltámos ao reviralho, lá isso voltámos. 

2 comentários:

Gibson Azevedo disse...

Meu caro amigo Jorge, isto ao qual se referes - siglas partidárias - em política não passam de sopa de letrinhas, como dizemos jocosamente em nosso país. Sobe este, desce aquele e a patifaria continua a mesma... Ou não estamos falando de erros humanos? Alguém já disse certa vez,que a humanidade foi, ou é, uma experiencia que não deu certo!
A propósito, gostei muito do conto sobre o jovem discípulo de Esculápio, que publicaste anteriormente. Muito boa a argumentação, ao vermos o indivíduo culto tateando nas fissuras de um tecido social que é resquício descriminatório de uma herança feudal.

Poeta do Penedo disse...

Meu caro Gibson
A ganância é a perdição do homem. E como a ganância é irmã da patifaria, crimes de toda a ordem são cometidos movidos por esta dupla hedionda. Como alguém deixou escrito num azulejo, de uma parede da casa onde se recolheu até á morte, por traição comercial: «os homens honestos são o coxim onde os patifes adormecem e engordam».
Quanto ao meu jovem médico, pois eu, se pudesse, dar-lhe-ia o conselho de levar em conta as palavras do seu velho pai, pois não me parece que haja grande futuro para um médico que abomina o absolutismo, no tempo de D. Miguel. Tal como hoje, temos de saber viver. E por vezes, temos de escolher entre uma carreira digna, ou as convicções que enobrecem o nosso amor próprio. Se houver inteligência para conjugar as duas, é o ideal. Vamos ver do que será capaz o nosso jovem clinico, Dr. Joaquim Lopes.
Um grande abraço meu caro amigo.