terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MOINHO DE MARÉS EM AVEIRO, UM MONUMENTO RARO


Passeando por Aveiro, sustamos o nosso passo na emblemática Ponte-Praça, fixemo-nos um pouco nas águas da ria, virados para nascente, e deixemos que as memórias de Aveiro venham ter connosco.
Um século depois da recuperação da vila de Aveiro para a coroa (que aconteceu em 1306, por intermédio de El-Rei D. Dinis), a vila estava em franco desenvolvimento. Por essa razão, no dia 8 de Janeiro de 1406, D. João I mandou passar carta de licença ao seu escrivão Álvaro Gonçalves, para fazer em Aveiro moendas de pão «no esteiro do mar que entra polla ponte do dicto logar, acima da dicta ponte, que moese com agoa do mar»- segundo consta num documento da chancelaria de D. João I, em arquivo na Torre do Tombo.
Moenda de pão significaria a farinha produzida da moagem de uma determinada quantidade de cereal.
Nasceu assim, a 8 de Janeiro de 1406, uma forma de moinho pouco comum- o moinho de marés, que tal como o nome o faz entender, utilizava a energia das marés como força motriz das mós.
Este moinho de marés, ou o que resta dele, é um dos monumentos mais antigos de Aveiro.
Com o assoreamento da barra de Aveiro, ocorrido na segunda metade do séc. XVI, as marés deixaram de conseguir penetrar na ria, o que originou que o moinho de marés deixasse de poder trabalhar, pelo que entrou em ruína, tendo, no entanto, as entradas das suas azenhas conseguido resistir á passagem do tempo.
O moinho de marés, construído há 607 anos, é um monumento que os aveirenses vêem todos os dias, pois trata-se do conjunto de arcos mergulhado na ria, que sustenta o edifício da velha Capitania do Porto de Aveiro.
Na verdade, quanta história humana se esconde no silêncio das pedras!
Agora, que da Ponte Praça estivemos a observar 607 anos de história, podemos continuar o nosso caminho, num Domingo do início do séc. XXI, com a certeza de que para trás de nós existe uma longa e velha tradição.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

DE ASPIRANTE A SOLDADO...EM MAFRA


Quatro anos se passaram. Na sua contínua e silenciosa viajem em torno do Astro Rei, a Terra girou mais de um milhar de vezes sobre o seu eixo, oferecendo aos seus habitantes a dádiva do sol, que neles fazia crescer a agitada palpitação da vida e ainda a retemperante quietude da luz da lua.
No emaranhado de países a guerra ditou a sua triste lei e os homens cresceram um pouco mais na sua perfídia.
No mundo ocidental, a humanidade disse adeus ao Papa Paulo VI, conheceu num brevíssimo pontificado o Papa João Paulo I, e viu surgir um dos grandes chefes do Vaticano, um enorme líder espiritual, um fervoroso peregrino de Fátima de Portugal: o Papa João Paulo II.
Neste nosso pingo de terra, numa falésia da Europa plantado, nesses quatro anos conhecemos a crise política e social, com a sucessiva queda de vários governos constitucionais, e a morte do primeiro ministro, Francisco Sá Carneiro, ocorrida num acidente de aviação em Camarate, com origens profundamente nublosas.
No Arquipélago dos Açores, os separatistas da Frente de Libertação dos Açores (FLA), provocavam incidentes graves, tendo inclusive montado cerco ao Comando Regional da Policia de Segurança Pública em Ponta Delgada. No Alentejo, a agitação popular foi enorme, com todos os actos sensatos e insensatos que tiveram lugar no decorrer da chamada «Reforma Agrária».
No mundo da arte, no que concerne aos artistas das palavras, Portugal pôde de alguma forma sorrir de alegria: o livro «Os Bichos» de Miguel Torga foi premiado em França; no Canadá foi inaugurada uma exposição sobre Alexandre Herculano; Fernando Namora recebeu a medalha de ouro da Societé Encouragement au Progrés de France; por fim David Mourão Ferreira foi agraciado com a Legião de Honra Francesa.
Aveiro era uma cidade fria. Corria o mês de Dezembro de 1981. Nesses quatro anos Serôdio passara por várias fases. Começara por manter uma luta feroz contra o seu próprio organismo, na tentativa de recuperar todas as suas faculdades motoras. Com muito sacrifício e paciência, ao fim de um ano de exaustiva terapia, os membros do lado direito começaram finalmente a obedecer-lhe. Então intensificou mais os treinos, para mais depressa recuperar a sua forma física. Já escrevia com delicia. Memorizar o que lia è que ainda era um problema, embora aprendesse que se quisesse armazenar alguma informação na memória, teria que apenas ler algumas linhas diariamente. Era pouco, mas já era um avanço. Um avanço que no entanto nenhum significado tinha para quem se propunha  tirar um curso superior.
Serôdio reflectiu imenso. Aquela inferioridade não o podia transformar num homem derrotado. Se a vida não podia seguir pelo caminho planeado, teria de se encontrar um outro rumo. Poderia ser mais sinuoso, mas a vida não podia parar nem ele alguma vez se transformaria num inútil. Por isso, naquela bela tarde de meditação, enquanto corria pelo parque da cidade, decidiu dar-se voluntário para a tropa.
O tempo passou e pelo Natal de 1981, ali estava o soldado Velasques, gozando um fim de semana de licença.
O início da sua vida militar foi acabrunhante e frustrante. Tivera sido incorporado no Curso de Oficiais Milicianos, em Mafra. Mas dada a sua incapacidade memorizadora, o comando da Escola Prática de Infantaria de Mafra decidiu eliminar Serôdio daquele curso. Ele bem que tentou explicar qual a deficiência de que era vítima e qual a sua origem, mas o comandante do curso não foi sensível aos apelos de Serôdio, no sentido de que houvesse alguma benevolência para com ele. Se não estava apto para responder ao que dele se exigia, em termos de assimilação de conhecimentos, teria de ocupar um lugar cujo factor intelectual era de menor valia. Foi desclassificado do curso de Oficiais Milicianos e incorporado no Contingente Geral. Era um sério candidato à classificação de «básico». Serôdio sofreu imenso com aquela humilhação, mas cerrando os dentes e os punhos, seguiu em frente. Três meses volvidos foi com muita tristeza que viu os seus antigos colegas do C.O.M serem promovidos a aspirantes, enquanto ele não passava de um soldado raso. Decidiu lutar afincadamente contra a sua inferioridade. Teria de ser capaz de reter na memória aquilo que lia.
O tempo avançou e naquele fim de semana, próximo do Natal de 1981, Serôdio ultrapassara os seus recalcamentos. Mais alguns meses e a tropa pertenceria ao passado. Havia que pensar no futuro e Serôdio já tinha tomado uma resolução. Nesse fim de semana iria comunicá-la aos pais...(em continuação, pág. 66, ex. XXI)
in FILHOS POBRES DA REVOLTA

Março/2003

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

SANTO AMARO EM ALFEIZERÃO

Por esse Portugal fora devem algumas centenas as festas populares, que pululam montes e vales, sendo a grande maioria de cariz religioso. E quem gosta da tradição, ainda se vai deliciando com a preservação de hábitos antigos, muito embora seja cada vez menos o povo que ainda responde á chamada da fé.


Alfeizerão, essa bonita e deliciosa vila do concelho de Alcobaça, no coração do Oeste português, portas meias com o Ribatejo, a que um dia já chamei de Moura do Ocidente, não foge á regra. E é em Janeiro, tendo o frio agreste como companheiro, que se celebra a festa em honra de Santo Amaro. São nove novenas que se celebram na capelinha dedicada ao Santo, que têm lugar durante nove dias antes do dia 14 de cada Janeiro. Depois, no Largo de Santo Amaro, o povo acorre ao pinhão e á quermesse, ao frango na brasa e á boa febra, aguardando pela enorme fogueira que todos os anos se faz junto ao coreto, que vai iluminar e aquecer os corações de todos os que, nestas festividades, sentem algo de muito bom e reconfortante. Há trezentos e muitos anos que é assim.

Depois, faça chuva ou sol, tem lugar a obrigatória procissão de veneração ao Santo Padroeiro pelas principais ruas da vila.

Foram apenas nove anos de vivência diária em Alfeizerão. Mas preencheram-me para toda a vida. E todos os anos, em Janeiro, mesmo estando longe, recordo que o Santo Amaro está a descer ás ruas da terra do Pão de Ló, essa nobre Alfeizerão, fundada pelos árabes no séc. VIII.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

OLHOS DO ESPIRITO


...Serôdio voltou a ficar só. A conversa que tivera com a mãe revelara-lhe que deveria ter muita precaução. Não podia falar da sua experiência a ninguém. Se a sua mãe reagira assim, o que não poderia acontecer com as outras pessoas!! Corria o risco de cair no ridículo. Se ele apregoasse aos quatro ventos que visitara o mundo dos mortos, ninguém lhe daria crédito. Talvez pensassem que o estado de coma de que fora vítima, lhe tinha transtornado o cérebro. A experiência porque passara era só sua, não havia razão para ter vontade de a dar a conhecer às outras pessoas. Pensando bem, deveria ser difícil aceitar uma outra existência que não a terrena. Afinal, ele próprio nunca perdera tempo a pensar no seu próprio eu. Era o Serôdio e isso tinha-lhe bastado até lhe surgir a senhora de branco. Ele sabia da existência do mundo espiritual, porque no fundo era um privilegiado. Muitos homens e mulheres, por muitos anos que tenham vivido, nunca tiveram a felicidade de passar pelas sensações que ele havia passado. Como podiam então eles saber que a vida não se resume à acumulação de bens materiais? Como podiam eles saber que a vida è essencialmente sabermos dar e receber, entender verdadeiramente a palavra amor, saber olhar o nosso semelhante com os olhos do espirito? Ele próprio percebera-o através de uma dádiva. Haveria nisso grande mérito? Quantas pessoas não existiriam no mundo, que de uma forma empírica praticavam o bem, pessoas que com certeza teriam um olhar meigo, transmitiam paz e bondade. E ele lembrava-se de que já estivera na presença de algumas pessoas assim.
Acima de tudo, ele necessitava de ser uma boa pessoa. Esse era o caminho do Criador, essa era uma das partes que compunha a valorosa mensagem que lhe haviam transmitido. Ele era muito mais complexo do que alguma vez havia imaginado.
E toda aquela reflexão sobre si próprio servira como uma espécie de bálsamo para atenuar as preocupações que o atormentavam.
Abriu a janela e apreciou a ambiência. Agora a Viela da Fonte dos Amores não lhe parecia tão lúgubre e enfadonha...(em continuação, pág. 63- ex. XX)

in FILHOS POBRES DA REVOLTA

Março/2003


domingo, 20 de janeiro de 2013

OBSTÁCULOS NA PICADA


...Os quatro homens separaram-se. Cada um ocupou o seu lugar. Os dois alferes, colegas de Álvaro, não sabiam o que pensar. Rui Mendes, amigo chegado de Álvaro, considerava que o seu amigo sofria de qualquer perturbação psíquica. Mas no entanto o comandante de companhia dava algum crédito àquele pressentimento, uma espécie de profecia, a ponto de arriscar a sua credibilidade perante a coluna. Naquela guerra traiçoeira, os homens a tudo se agarravam para preservar a vida. E se fosse verdade? E se aquele cenário anunciado ali estivesse mesmo?
         Depois de toda a companhia ter sido informada daquilo que a esperava...daquilo que os poderia esperar além daquela curva ao fundo da picada, depois de cinco atiradores especiais se terem colocado à cabeça do primeiro pelotão, depois do capitão Rebelo ali também se ter posicionado, a coluna militar retomou a sua marcha.
         Ridiculamente ou não, todos os soldados haviam deixado de se sentir apreensivos com a robustez do mato, pois estavam imbuídos com a certeza de que o perigo apenas existia num ponto bem definido: logo a seguir à curva da picada, que se avistava ao fundo. Lentamente, o mais silenciosamente possível, o grupo armado se foi aproximando da curva. Quando se encontravam a uma vintena de metros, o capitão Rebelo fez sinal à coluna para que parasse. Seguidamente, ele e Álvaro rastejaram por entre o capim e dobraram a curva, encobertos pela vegetação que ladeava a picada. Álvaro suava abundantemente. Sabia que caso não houvesse qualquer sinal daqueles que ele indicara, o seu futuro poderia estar deveras comprometido.
         Muito mansamente ambos afastaram vegetação da frente dos olhos e observaram. A cerca de vinte metros avistaram bem ao centro da picada, logo ao dobrar da curva, um monte bem pronunciado. Se não se soubesse, nada de extraordinário havia naquele montículo, pois era igual a muitos outros existentes na picada, dada a irregularidade do terreno. Os dois homens prolongaram o olhar, e a cerca de cinquenta metros da curva avistaram um enorme tronco, que se encontrava na diagonal, obstruindo grande parte da picada na sua largura. O tronco, bastante grosso e comprido, estava coberto de folhagem muito verde. O suficiente para camuflar muitos homens. Naquela zona o capim era extraordinariamente alto. O capitão Rebelo, com uma expressão de incredulidade, olhou para Álvaro, fixou-o por momentos e num sussurro disse:
-         Porra que você è bruxo, homem!
-         Eu não compreendo, não sei explicar meu capitão, mas tenho a certeza de que atrás daquele tronco se escondem cinquenta turras.
-         Cinquenta? Isso è muita gente. Eu já não digo nada! Esta è a minha segunda comissão de serviço no Ultramar, levo dez anos de vida militar e nunca vi, nem nunca tive conhecimento, de que através de um palpite ou pressentimento se tivesse evitado o desastre de uma emboscada. Vamos regressar à coluna. Mudei de estratégia.
         Muito lentamente os dois homens rastejaram recuando. Ultrapassada a curva, levantaram-se e correram na direcção da companhia, que os aguardava ansiosamente.
-         Meus senhores, montículo e tronco existem- disse o capitão Rebelo com um meio sorriso nos lábios, grato à providência por não ter de punir um oficial por quem nutria grande estima. O mesmo era dizer que estava agradecido por ter inimigos à sua espera. Era efectivamente um sentimento contraditório e complicado. Mas o feitiço virara-se contra o feiticeiro. Os inimigos que traiçoeiramente aguardavam a companhia, já a tinham junto a si e ainda o não sabiam. Havia de se tirar proveito disso- mudei de estratégia. Levo cem homens comigo. Internamo-nos aqui no capim, dobramos a curva, fazemos uma volta bastante grande e vamos aparecer por detrás do tronco. Talvez tenhamos que caminhar quinhentos a oitocentos metros. O que vocês aprenderam na recruta sobre passo fantasma, queda na máscara e todas as técnicas de aproximação silenciosa, quero que ponham aqui em execução, pois temos de nos aproximar sem sermos detectados, e oitocentos metros ainda è muito metro. O armamento pesado fica aqui todo. Ficam aqui também três atiradores especiais para dispararem sobre o maldito montículo. Quando ouvirem tiroteio iniciem o ataque. Quero aquele tronco transformado em palitos. Existem dúvidas?
-         Não meu capitão- responderam os três alferes.
-         Então vamo-nos a eles. Se tudo correr bem, havemos de fazer uma celebração no Ninda dedicada ao alferes Santa Cruz...(em continuidade, pág. 77, ex. XXII)

in VISITADOS

Novembro/1999

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

HISTÓRIA E ARTE- UMA SIMBIOSE PERFEITA




Durante muitos anos a nossa literatura padeceu de uma enorme e grave enfermidade: os autores não despendiam nenhum do seu talento, nem nenhuma da sua inspiração e criatividade em temas que abordassem a nossa história. Eu lia episódios históricos romanceados de outras culturas que não a nossa, e ficava espantado com o facto de a nossa riquíssima história não despertar o engenho e arte nos nossos escritores.
Depois surgiu «O Memorial do Convento» do José Saramago.
Na minha opinião foi o interruptor que ligou a energia da história á energia das palavras. E cerca do ano 2000, portanto mesmo no final do séc. XX, para meu regalo, os romances históricos nacionais começaram a surgir, em catadupa, e se têm mantido. E coisas fascinantes, extraordinárias mesmo, tenho tido a oportunidade de ler. E de entre grandes, enormes títulos, dou realce a dois: «A Filha do Capitão», de José Rodrigues dos Santos, e «O Espião de D. João II», de Deana Barroqueiro.
E falo nisto, porque, há muito pouco tempo, foi estreado o filme «Linhas de Wellington», que aborda a temática das Invasões Francesas. É claro que para se escrever um bom livro, apenas é necessário a criatividade do seu autor. Para se fazer um bom filme, é necessária a criatividade do realizador e o talento dos actores, mas não chega. Se não houver verba, nada disso pode ser possível. Digo isto porque gostaria muito que os nossos realizadores se virassem para a história de Portugal. Acredito na capacidade deles e no talento de alguns dos nossos actores e actrizes (alguns), pois que tema, são já são perto de nove séculos dele.
Linhas de Wellington aí está nas salas para ser apreciado. Eu ainda o não fui ver, mas estou expectante.
Quem já o viu foi uma amiga, e numa sala de cinema em Toulouse. Estranho ver um filme sobre as invasões francesas a Portugal, em França. 
Mas este é o poder da arte- fazer mexer as consciências!

sábado, 29 de dezembro de 2012

2013- DEVOLUÇÃO DA IDENTIDADE ANÍMICA PARA PORTUGAL


Lembro-me de no início de 2009 ter pensado que essa crise, que então se anunciava, não passaria de um anúncio, próprio dos indesejáveis, mas sempre presentes arautos da desgraça. Infelizmente enganei-me. E enganei-me porque então ainda tinha alguma confiança na nossa desgraçada classe política. Para meu infortúnio curei-me dessa ilusão, porque ao curar-me dela, obrigatoriamente que tomei consciência da realidade, e a realidade não é nada animadora.
No final deste ano de 2012, agora verdadeiramente de tanga, vemos o pequenino governo português pendurado no braço forte de uma troika austera, dando à perninha, mendigando a chupeta, ao mesmo tempo que anuncia aos portugueses que a austeridade é a redenção de todos os nossos pecados.
Quero-vos desejar um ano de 2013 muito feliz. Nunca estes votos foram tão necessários como agora. Mais do que nunca é imperativo que D. Sebastião regresse, para nos resgatar desta teia, mas um D. Sebastião fortalecido, que traga projectos profundos e soluções. Mesmo que venha numa manhã de sol não há qualquer problema. É preciso é que venha e devolva a Portugal a sua identidade anímica.
Para todos vós um enorme abraço de esperança para 2013!