
Ao levantar o rosto que encostara à cabeleira ainda farta e alva, passou com o olhar pelos pés da cama. Ao fundo, em cima da cómoda, viu uma fotografia. Uma moça que não teria mais de dezoito anos lhe sorria. Um sorriso franco. Fixou a moça, fixou o rosto que deitado o observava. Sim, existiam traços que não haviam desaparecido. Os olhos jovens que da cómoda sorriam para si eram os mesmos olhos, que passada toda uma vida, ainda observavam o mundo, e o observavam a ele. Sentiu-se no meio de duas mulheres: a mais jovem que nunca conheceu e a mais idosa que carinhosamente lhe afagava uma das mãos. Olhou para a senhora. A fotografia ao fundo da cama dava-lhe a conhecer o quanto ela fora bonita.
Para sempre guardará na sua memória o momento em que as duas lhe falaram sobre a vida. Um precioso presente, um precioso momento, que já não é possível repetir.
Até um dia, querida amiga, disse ele há uns dias atrás.
2 comentários:
Só um coração luminoso e sensivel veria o que tu viste.
Obrigada por todo o carinho, repeito, e ternura que sempre, e mais uma vez, lhe dedicaste!
Será sempre, com toda a certeza, tua amiga!
Um beijo
Belíssima crônica... Muito sentimento; passando, todavia, ao largo da pieguice. Bom arranjos nas análises. Grande poder de síntese. Gostei.
Abraços de Gibson Azevedo
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