quarta-feira, 8 de julho de 2009

RECORDANDO A PRAIA DA MEMÓRIA











«EM HONRA DE SUA MAJESTADE IMPERIAL DOM PEDRO DUQUE DE BRAGANÇA PRIMEIRO IMPERADOR DO BRASIL E QUARTO REI DESTE NOME EM PORTUGAL COMANDANTE EM CHEFE DO EXÉRCITO LIBERTADOR AQUI DESEMBARCADO EM OITO DE JULHO DE MIL OITOCENTOS E TRINTA E DOIS PARA RESTITUIR O TRONO A SUA AUGUSTA FILHA A RAINHA REINANTE DONA MARIA SEGUNDA E A LIBERDADE AOS PORTUGUESES SE EREGIO ESTE PADRÃO PARA PERPÉTUA MEMÓRIA»


esta a inscrição existente no obelisco colocado na Praia de Pampelido, no Mindelo- para sempre A Praia da Memória.


Completam-se hoje (8 de Julho de 2009) 177 anos sobre o desembarque do Exército Libertador, vindo da Ilha Terceira, formado por apenas 8 000 soldados, comandado por D. Pedro IV, na Praia de Pampelido, no Mindelo, ás portas do Porto, a que se seguiu o Cerco do Porto pelas tropas absolutistas de D. Miguel, irmão de D. Pedro, compostas por 80 000 homens. Dava-se assim início à guerra civil, que durou cerca de dois anos, em que tiveram lugar múltiplas pequenas batalhas, começando logo pelo Cerco do Porto, que se prolongou por um ano, em que os 8000 bravos de D. Pedro, heroicamente resistiram à ferocidade dos 80 000 de D. Miguel. Tamanha desigualdade de forças levou D. Miguel a ter como certa a vitória. Mas quando os homens lutam pela liberdade, quadriplicam de força, resistência e heroicidade. Um ano depois os 8000 depressa se multiplicaram e enxamearam Portugal de Norte a Sul, numa investida liberal estrategicamente bem concebida, culminando na Batalha de Asseiceira, onde os cartistas puseram um ponto final nas pretensões realistas de D. Miguel.
Bem que o desembarque do Exército Libertador poderia ter, hoje em dia, uma outra projecção histórica que não tem. Poucos portugueses o recordam, o conhecem. Mas porque esse foi um momento altamente revolucionário, e porque eu tive o previlégio de, no meu país, ter vivido intensamente uma revolução, aqui recordo esse dia histórico, que traduziu alegria para milhares de portugueses de então, que viveram amargamente o terror Miguelista.
O 8 de Julho de 1832 reuniu todas as condições para ter sido considerado feriado nacional. Já então se comemorava o 1º de Dezembro havia 192 anos.
Para um povo, recuperar a sua independência é fundamental e motivo de comemoração pelos séculos fora.
Mas para um povo, recuperar a sua liberdade é mais importante do que mudar o regime de governação (na minha óptica).
O Exército Libertador e o 8 de Julho de 1832 está no mesmo patamar histórico e político do Movimento das Forças Armadas e o 25 de Abril de 1974.
Lamento profundamente que tenha caído na absoluta ignorância da memória colectiva do Portugal de hoje.

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